Tatiana Graneti
O mais incrível de amadurecer,
é que certas dores perdem campo.
Porque entendemos que remoer é esforço,
e que resultados amargos geram desinteresse.
E a gente vai morrendo de preguiça de fofocas
e discussões sem sentido.
E cada pessoa pesada é um tédio.
A solidão já não assusta tanto
quanto certas companhias.
A gente vai escolhendo o silêncio
e vai selecionando com quem irá rompê-lo.
A gente vai se esvaindo dos excessos,
e daquilo que é perda de tempo, largando o ócio.
E cada minuto de infelicidade é desperdício
e energia mal empregada.
A certeza de que satisfação é predileção,
e que viver melhor tem como primeiro ato,
decidir sem aguardar milagres no final.
Sou viajante forasteira,
amante incessante,
participante inconstante.
E nesse mesmo instante,
estou dando voltas na vida.
Gostaríamos de estar harmônicos
em nossas relações de afeto.
Seja qual for a natureza.
Porém não temos disposição pra desprender
daquilo que já não cabe em nossas vidas.
Há presenças que travam o futuro.
Quedas vão nos demolir,
essas nos haverão de levar ao chão,
mas muito hão de nos ensinar.
Grandes mulheres têm excelência
em quebrar tudo:
a unha, o cabelo, o salto,
o coração, e a cara,
em nome de pequenas paixões.
Eu não tenho medo das mudanças,
tenho medo da falta de resultados.
Meu frio na espinha não é a decepção,
e sim a descrença nas pessoas
e a negação em viver o intenso.
Quando é dor, sei que cessa.
Emocional arruinado,
amor próprio conserta.
Mas quando não há nada...
Eu me preocupo.
Inexistências me dão calafrios.
Loucura é permitir as cansativas repetições,
os mesmos cenários,
os mesmos erros.
Viver com as janelas da alma fechadas
e insistir em sonhos sem claridade.
Reflexões sobre coisas não vividas,
são irrelevantes demais
para sabotar um coração
destinado a felicidade.
Mulher de ir às alturas,
aprecia perder o fôlego
com paixões quentes.
Até o juízo de repente.
Desde que a loucura
faça diferença no coração.
Não reconhece o chão como lugar,
gosta mesmo é de sonhar.
Mesmo que por instantes seja tua,
ela é e será infinitamente dela.
Não aceita ofertas rasas
de gente que só transita a superfície,
ou de amores inúteis
que reinam no superficial.
Fui colorindo minhas esquinas,
pra ter um arco-íris onde eu virar,
pras cinzas dessa cidade
não me apagarem.
Pra eu não me adaptar,
deixei de arrastar correntes.
Dessas, criativamente presenteei-me
com um belo colar.
Pessoas de meias verdades,
são de inteiras mentiras.
São capazes de exigir,
mas de tão secas,
delas nada se extrai.
Pessoas que estão aos pedaços,
precisam mutilar outras,
só para deixarem
as marcas delas registradas.
Preferem dar ao mundo
um pouco do próprio lixo,
do que passar por qualquer transformação.
Eu que gosto no encanto,
e que vivencio na magia.
Amo sem que me note,
sem que me cause alegria.
Eu que sinto no silêncio,
nas palpitações e no ardor.
Amo só pela vontade,
por projeção e fantasia.
Mas essa é a minha teimosia,
sobretudo sem reconhecimento.
Tornou-se velho conhecido,
meu diário pensamento,
e um querer proferido
pode se concretizar.
Mas ando enfraquecida,
com essa mania de errar.
Estando eu na mão do outro
e um pouco aprisionada,
confusão me faz desnorteada.
Esse tal sorriso incomum,
anda sendo disfarce,
como uma confissão,
ele faz a denúncia.
Se me fizesse a pergunta,
teria a confirmação.
Que teus olhos percebam
essa minha intenção.
Eu que paixões vivi,
e hoje sou sobrevivente.
Posso contar para ti,
que o amor tem um sabor diferente.
Penso e muito,
e em seguida repenso mais.
E camuflo nesse silêncio bilateral,
porque por impulso eu insisto,
mas por análise nem envio sinais.
A sensibilidade as vezes
é uma dádiva, outras uma maldição.
Quando a gente carrega os fardos existenciais,
percebe que sentir é peso demais.
Ela está inteira, mas não intacta.
Porque já foi estilhaços,
quebrou em mais de mil pedaços,
e só segurou a essência.
Pra exalar essa intensa forma de autenticidade.
Ela é uma forte alquimia,
tem um sorriso fácil
e uma natureza difícil.
É de erros inconfessos.
Não cabe em universos.
Mas de doçura é singular.
Ao revirar o passado e reconstituir o que veio antes, poderíamos desfazer os nós que sufocam o amor. E se a narrativa que nos foi apresentada não fosse real, de repente, poderíamos estar sorrindo de felicidade... Muito mais do que neste momento presente. Se o orgulho ferido pudesse encontrar a capacidade de perdoar, não transformaria nossa relação em inimizade, somente por nos distanciarmos. E se, por algum milagre, o silêncio fosse quebrado, ame-me com toda a sua força, pois meu amor já é correspondido.
Eu sou aquilo que te deixo ver.
Crio pistas falsas.
Logo, tu não podes me desvendar.
Sou aquele mar
exposto ao céu.
Aquele véu.
Me joguei na tua visão,
apenas pra roubar tua atenção,
e fazer do teu coração meu lar.
Eu sou tempestade agressiva
que chega e te invade,
ou córrego de água tranquila
que passa e deixa vontades.
Trafego por entre mundos,
me banho em todos os mares.
Sou dona de um mundo profundo,
sou um fundo de vaidades.
E dos elementos do mundo,
sou o único que invade.
Fonte misteriosa, força da natureza.
Pareço inofensiva, se anseia por beleza.
Movimento com o vento, por me permitir soprar,
mas não há quem suporte, quando me começo a irar.
O fogo por maior que seja, apago com criatividade.
E muitas vezes evaporo, filtro a negatividade.
Muita gente me retrata, por ter grande energia.
É que capto forças, mas não controlo a euforia.
Quando em estado normal, eu continuo a correr,
desaguando límpida como antes deveria ser.
E aos muitos que me contestam, digo: Sou transparente.
Ao alterar meu curso necessito avisar,
que aquilo que me pertence, um dia vou resgatar.
Deixando sempre um aviso: Não é bom me ferir.
Pois em segundo retorno, nada deixarei existir.
Então ame a minha calma e aparente inocência,
porque o meu lado negro, é também minha inconsciência.
O motivo das nossas múltiplas viagens,
é que o espírito sonha muitos destinos,
mas o coração sofre conflitos durante a jornada.
É um filtro pra cada riso,
um clique pra cada ato.
A vida é linda em retrato,
só não corresponde a verdade.
Esses amores que não te lembram,
não te abraçam, não te tocam.
Nem no corpo, nem na alma.
Não amam contigo.
Nem sequer são presentes.
São dúbios e
afrontam nosso consciente.