Tallison Ferreira
Deitar-me-ei na mesma cama em que descansou o meu corpo de tantos ontens. Deixar-me-ei abraçar por suas espumas macias e reconfortante companhia, como sempre faço. Oásis nas noites quentes. Companheira de todas as horas. Ah, minha cama, de tantos cantos, contos, circos, prantos, pratos, garfos e facas, encantos e desencantos! A mesma cama, mas diferente corpo, cada vez mais solitário e diferente corpo.
(Tallison Ferreira)
MÃE é o poema que o divino poeta quis nos presentear para tornar mais leve a nossa prosa de cada dia.
No palco da vida, eu já vi muita gente subir e muita gente descer. A subida é quase sempre lenta e, quando se chaga ao topo, ainda tem gente que não sabe aproveitar a conquista. A descida é quase sempre mais rápida. É de vez, quando despenca.
O amor já me fez muito feliz, mas também já me machucou tanto, que viver anestesiado é pouco para quem a dor tomou. Sigo disfarçando. Indubitavelmente, um dengo me faz falta.
Eu sou nagô.
Eu sou mais do que a cor da minha pele.
Eu sou negro, eu sou multicor.
Eu sou a voz da resistência, desde os porões dos navios negreiros.
Eu sou clamor.
Eu sou a força rompendo as algemas do teu preconceito.
Eu sou o canto ensurdecedor.
Eu sou gente da gente, um só povo.
Eu sou Brasil, com muito amor.
Eu não preciso estar perto para estar presente. De longe, eu não nunca estive tão presente como estou agora.
Na vida é importante não se deixar represar. Faça como o rio, encontre passagem. Desmanche barreiras. Flua.