Tainá Cruz
Você me ensinou a ser melhor, a procurar evoluir, a ser luz. Você me inspira a buscar sabedoria, a ver o mundo com outros olhos. E eu que sempre odiei mudanças, olho pra um ano atrás e nem me reconheço mais.
É como se estivéssemos em um labirinto escuro. Estamos com o mapa em mãos, mas enquanto você acende a vela para enxergar o caminho, eu apago.
Você pergunta: "por que apagou a vela?”.
Eu respondo: "Que vela?”.
Tá esperando o que pra vir me ver?
Talvez o momento certo aparecer...
Não sabe a hora certa de chegar?
A porta está aberta. É só você entrar!
Meu espírito se acalma a cada palavra bonita, a cada som suave, a cada visão da natureza.
É um sentimento único que só quem está em paz consigo mesmo é capaz de sentir.
E só naquela semana eu havia sonhado com você umas cinco vezes.
Eram sonhos felizes que retratavam um futuro possível, mas, talvez, fosse tarde demais pra isso. Para tudo isso. Aquela semana foi a pior que tive naquele semestre. E eu só sabia que sentia a sua falta.
Eu digo para minha mãe que eu nunca tenho o que fazer. Que eu só durmo e como o dia inteiro.
Ela considera isso “vida boa”. Eu considero “tristeza”.
Deito na cama e fecho os olhos. Tudo parece um pesadelo, mas estou acordada. Parece que estou com paralisia do sono, pois não consigo me mover, não consigo fazer nada. Algo me prende.
Abro os olhos, preciso saber o horário. Ainda são três horas da manhã. Falta muito tempo para amanhecer.
Fecho os olhos. Lembro de quando eu era feliz, de quando eu não te conhecia ou, ao menos, você era apenas mais uma pessoa naquela pacata cidade.
Ontem eu fiquei acordada. Não conseguia dormir, pois minha cabeça não parava de trabalhar pensando em você.
Imaginei cenas e mais cenas que dariam um romance perfeito, digno de cinema. Imaginei um futuro para nós dois. Casa, filhos, cachorros. Uma família perfeita.
Por volta das cinco da manhã, voltei pra vida real. Olhei pela janela e imaginei onde você estaria uma hora daquelas. Ainda estava tudo escuro. Fechei a janela e voltei a deitar, fechei os olhos, suspirei. Fazia tempo que não pensava em você, achei que tinha te esquecido. Mas acho que o nosso primeiro amor a gente nunca esquece.
Existem as pessoas que não se identificam com a natureza, outras que estão em constante harmonia com ela e outras que tentam dominá-la. Seja o tipo de pessoa que está em harmonia, pois você é a natureza e a natureza é você!
Abri os olhos, tudo girava. Não comia nada há um bom tempo. Pensei em levantar, mas sabia que era melhor ficar ali. Virei para o outro lado e me indaguei: "como tudo mudou tão rápido?". Olhei para o teto, era branco assim como o da casa dos meus pais. Lembrei da infância. "Aquela garotinha teria orgulho de mim?", resmunguei. Provável, eu acho.
Era sexta. Todos haviam saído. Senti meu coração doer um pouquinho. Ataque cardíaco ou saudade? Esperei para ver. Peguei uma foto sua e uma lágrima percorreu o meu rosto e caiu no chão. A dor passou, melhor dizendo, foi transferida para as lágrimas. Desejei um último abraço, não deu. Ainda me pergunto o motivo. Desisto. É uma pergunta sem resposta.
Acordo assustada! Tive um pesadelo horrível. Toda uma multidão ria de mim por um comentário infeliz que uma tia fez. Abraço o travesseiro e fecho os olhos. Fico na posição fetal por alguns minutos. Sinto uma coisa horrível dentro de mim. Abro os olhos. Preciso fazer alguma coisa. Delicadamente levanto-me, pego o celular e fico olhando as redes sociais em busca de alívio e distração. Vejo uma foto sua. Ontem, dormi com intenção de sonhar com você. Hoje, não consigo sentir nada. Olho a foto e nenhuma reação vêm a mim. Acho que, finalmente, superei!
Ela sempre gostou de ser sozinha. Comer sozinha, passear sozinha, viver sozinha. Mas tudo mudou. Passear sozinha já não lhe parecia tão interessante.
Ela tinha a pele com a maciez de uma pétala. As defesas dos espinhos. A beleza do conjunto e a delicadeza de toda flor.
É difícil sabe?
Tudo dói. Tudo. Cada célula do meu corpo dói. Cada fio de cabelo. Cada gota de sangue. Tudo parece se desmanchar como se eu fosse feita de plástico e estivesse exposta ao fogo. Eu não sei explicar. Não é por sentir demais, não é por gostar demais ou triste demais. Não é por isso. É por não sentir. Simplesmente. O mundo poderia acabar e eu não sentiria nada. É uma grande mistura de tanto faz, tanto fez. Não me importo. Cansei de me importar ou só achei que me importava.
Confesso que não sei o que está acontecendo comigo, mas sinto a sua falta. Falta de conversar e rir, sorrir e trocar aqueles olhares que pareciam durar horas e, ao mesmo tempo, segundos.