Tainá Cruz
Tá tudo uma grande bosta. Sinto-me cada vez mais entrando numa fossa. Não consigo sair, algo me prende. Peço socorro, ninguém. Minha voz é silenciada pelo barulho da cidade, das motos, dos carros, das vozes que brigam ao meu redor. Me encolho e fico em posição fetal. Passo as noites chorando e os dias dormindo buscando fugir da dor. Me entristeço. Queria um abraço acalorado, mas tudo que encontro pelo caminho são pessoas que me magoam, que se magoam e que magoam os outros. Pessoas egoístas que não aceitam conselhos, nem pensam em consequências. Pessoas que puxam a sardinha pro seu lado, mesmo estando de barriga cheia e o seu vizinho com fome.
Eu quero ir embora, eu não aguento mais ficar aqui. Dói. Me vejo sem saída. Durmo para fugir, mas uma hora eu acordo e todo o pesadelo volta a me assombrar. Um pesadelo real, tocável, doloroso.
Eu já não me sinto bem em nenhum lugar. Meu apartamento é um lugar horrível, triste, me deprime voltar pra lá, aquela rotina, aquelas situações, a vontade de sair de lá é permanente. Minha casa? Meu ninho, meu lar, meu tudo, desmoronou. Cada vez que retorno, arrependo-me, queria sair daqui. O meu amor transcende, mas a minha razão entende que não pertenço mais a este lugar. A casa dos meus avós virou cenário de problemas familiares que me irritam a ponto de evitá-los. O único lugar que ainda consigo ter um pouco de paz é a igreja, no momento antes das dúvidas invadirem meu inconsciente e me fazerem de vítima da distração.
Sinto-me cada vez mais distante dos humanos e suas emoções. Sinto-me tornando mais fria, imune ao seus amores e dores. Começo a ver as pessoas como um problema que está por destruir a eles mesmos. Não entendo. Me irrito. Quero sair deste planeta. É insuportável ver tanta discórdia, tanto egoísmo e tanta falta de empatia.
Tá doendo, entende?
Todos à minha volta estão em conflito. Eu estou apavorada e incapaz. Eu não aguento mais ouvir as pessoas que eu amo brigarem. Eu não aguento mais ouvir desconhecidos brigarem. Eu não estou suportando tudo isso. Tudo me parece tão lindo, belo, feliz e do nada tudo desmorona.
Vô...
. Essa semana, quando a Argentina perdeu o título, lembrei de você com uma profunda saudade. Tentei imaginar como você reagiria, como ficaria zangado e eu, ao seu lado, iria também resmungar e ficaríamos nós dois lá, irritados com a nossa perda enquanto os outros felizes iriam rir, dizer que merecemos e que Messi não jogou nada. Depois iríamos para a fogueira e olharíamos o céu, eu ia fazer perguntas da sua infância, você iria me contar as suas histórias e ficaríamos ali por um longo tempo.
. Mas o problema é esse “iria”, “iríamos”. Você não está aqui, não temos mais a chance de dividir esses momentos. Eu não pude fazer essas perguntas e você não pôde me responde-las. São mais de sete anos sem poder te perguntar alguma coisa, sem poder te pedir a benção de manhã e antes de dormir, sem ouvir seus resmungos e sem poder te abraçar.
. Hoje você faria 72 anos, e estaríamos aqui, todos juntos, comemorando felizes como fazíamos antes. Mas você não está aqui, não podemos nos reunir, não posso te abraçar te contar como está a minha vida e te pedir conselhos. Não é sempre, mas eu sei que você está bem agora, é só que você foi embora cedo demais.
Não sinto fome ou sono. Não sinto vontade de falar ou de fazer algo. Sinto-me triste. Compro livros e não sinto vontade de lê-los. Sinto-me mal. Eu queria fazer algo, mas só em pensar nisso, sinto-me deprimida. Eu só queria ficar no meu quarto e chorar. Parece que tudo vai dar errado se eu sair, porque sempre dá. Eu sempre faço tudo errado. Eu sinto dores pelo meu corpo todo. Eu sinto minha alma chorar. Sinto meu espírito triste. Não sinto vontade de lutar.
Ela gostava da ideia de ser luz.
Claridade, fulgor, clarão.
Luminosidade, alvor, iluminação.
E como o brilho do verão,
iluminou toda estação
da sua vida.
Eu precisava te dizer o que eu sentia. Eu não aguentava guardar isso para mim, afinal, toda vez que eu faço isso, eu magoo alguém. Eu não queria te magoar. Mas você precisava entender que eu não sentia nada, nunca sentirei. Sou vazia por dentro. Fria e vazia.
Ela acreditava no equilíbrio entre o bem e o mal. Acreditava no amor, na beleza da simplicidade. Acreditava que todos tinham um coração bom que fora corrompido nas experiências da vida, mas que com compreensão e amor poderia ser recuperado. Ela acreditava.
Não, eu não tenho namorado. Não desejo, ao menos, não dá forma como vejo os relacionamentos ao meu redor. Não me contento com pouco, com brigas, com traições. Não me contento em ter alguém só pra fugir da solidão, pra ostentar companhia ou seja lá qual for a outra desculpa. Não quero alguém que me completa, sou completa e feliz, quero alguém que me aceite, me entenda e me ame, não me peça para mudar, mas me ajude a ser melhor. Alguém com quem eu possa imaginar e querer um futuro juntos e que ele queira isso também.
Eu me sentia bem, eu me sentia em casa. Eu podia chamar de lar. Passei tão pouco tempo, tive poucos momentos, poucas histórias. Mas foi ali que tomei grandes decisões. Era o único lugar no mundo que o meu coração se sentia em paz, sentia a paz, sentia amor.
As vezes faltavam palavras para falar, sentimentos para sentir, coisas para pensar, histórias para contar, rezas para orar, algo em que acreditar.
Mas ela não desistia, persistia mesmo sabendo que, talvez, não valeria a pena.
Logo que eu te conheci, eu te amei. Senti uma conexão inexplicável e inesperada.
Ficar distante é triste. Queria poder te abraçar toda manhã e entardecer. Queria te olhar todos os dias pela janela. Você é o meu abrigo quando as coisas apertam e meu pensamento quando algo dá certo. Queria poder correr e te abraçar para sempre.
Tu tem um impacto em mim que eu não consigo controlar. Te evito. Estou cansada de você, mas me pego inúmeras vezes pensando em ti e no passado. Odeio te ver, sinto-me insegura, frágil, falta chão. Mas te queria por perto. Se te vejo nos meus dias mais felizes, fico triste. Não sei, não entendo, nunca entenderei. Mas o primeiro amor, bem, a gente nunca esquece e sempre sente.
Eu, bem, eu só sinto vontade de te bater com minha frigideira antiaderente. Mas irei sobreviver a esta situação.
Amigo é apoio, é carinho, é companhia.
Amigo é amor, é o irmão que a vida nos deu.
Uma conexão de almas.
Não liguei. Não mandei mensagens. Não te olhei na cara. Me segurei. Pensei por vezes em enviar algo. Não posso! Você não merece nem nunca mereceu e prova isso todos os dias. Não entendo o porquê, mas a vida segue e ninguém pode me culpar por fingir que você não existe. Cansei de sentimentos, de dores, de dúvidas. Então, pedi baixinho “Cuida dele Senhor, cuida dele”. Não por gostar ainda de você, talvez eu goste, mas porque dizem que devemos rezar pelas pessoas que não gostamos ou aquelas que não gostam da gente. E se tem algo que você deixou bem claro com suas ações, foi que você não vai com a minha cara!
Meu pensamento está acelerado, não consigo parar. Quero ler, assistir, fazer alguma coisa. Mas minha mente está inquieta demais, eu não consigo fazer nada além de dormir. Não consigo sequer pensar.
Lembro da gente ao redor da fogueira. Das histórias de zumbis e almas penadas. Das broncas e da tosse. Do carinho e ensinamentos. De Febrônio e do seu talento. Lembro da lapinha e das cabeças de cocos. Lembro de você todos os dias.
Cheguei aquele momento que não sinto vontade de levantar, de conversar, de viver. Quero apenas dormir e pensar em um futuro onde eu possa me sentir viva.
E toda vez que eu olhava para a lua, eu lembrava de você. Acho que nunca te esquecerei. Como poderias? Sua partida marcou minha vida como um ferro que marca a pele. Doeu! Deixou marcas que jamais poderão desaparecer.
Lembro daquela vez que você piscou para mim. Eu, sem jeito, não soube piscar de volta. Então coloquei a mãe no olho abaixando a pálpebra com meus dedos miúdos, fazendo um piscado forçado. Algumas vezes depois eu aprendi. Não lembro se você chegou a ver o meu piscar, não lembro. Hoje, me olhando no espelho e vendo a pessoa que me tornei, sinto uma saudade enorme. Queria chegar correndo na sua casa e te gritar, compartilhar minhas conquistas e dores, te abraçar e sentir o teu cheiro de cigarro. Eu te amo. Eu não sei se eu disse isso alguma vez, mas de alguma forma, torço para você saber disso agora. Eu te amo.
Eu sempre soube que ia ser só eu, para sempre. Não sou de fazer amizades, muito menos colecioná-las, mantê-las. Eu perco amizade fácil, pois elas se cansam do meio jeito torto, estranho, esquisito. Isso me cansa e deixo de tentar fazer novas amizades, faz com que eu me afaste das pessoas. Hoje eu percebi o quanto estou só e isso doeu durante as primeiras horas. Mas sabe? Eu cheguei a um ponto da minha vida que me sinto tão fria quanto um iceberg e acredito que estar sozinha é a melhor coisa que eu poderia fazer por mim.
Nada é mais bonito que ele. Não em sua aparência, mas em sua essência. Algo feito de um momento adorável e prazeroso que passa por tantas etapas para se tornar algo tão engraçadinho. De diversas formas, consistências, cheiros e cores ele demonstra o resultado de um momento único. Nada mais justo que registrar meu eterno agradecimento a ti, cocô.