tadeumemoria

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Beijo
abraço ou embaraço nossos braços,
trocando nossos dedos,
tão sábios nossos lábios
confessam seus segredos

a flor da tua boca me diz
que é primavera
e o amor espera,
o silencio selado pelas nossas bocas
é pacto de amor ou paixão,
não sei o que é isso,
as vezes sou um bicho,
as vezes sou só bicho de estimação...

bichinho de pelúcia
que te olha esquecido
num canto do sofá,
a minha solidão tem criado mudo,
tem estante, tem lustres e televisão
que mostra uma novela
com final feliz,
com o beijo que eu ainda não dei...

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ENQUANTO O CIRCO PEGA FOGO
Já fui palhaço em algum carnaval
E aprendi a sorrir quando o circo pegava fogo,
Descobri que os palhaços não são felizes,
Descobri que os palhaços não são engraçados,
Descobri que são solitários
E se escondem atrás de um sorriso,
Descobri que se arrependem
Do que dizem e do que deixam de dizer,
Descobri que se arrependem,
Do que fazem e do que deixam de fazer
Descobri que também já fui palhaço...

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1And she made a paraíbada,
vendeu bicharada,
catou filharada,
pegou a estrada,
deixou-me sozinho numa choupana de taipa,
e o nosso amor pra sempre,
sempre infinito,
as vezes com gritos,
com tapas e porrada,
deu uma pausa, como diria ela orgulhosa do inglês,
um break, meiqueanglosaxonizada,
she made a paraibada,
fez ruir nosso paraíso nos confins de paraipaba,
e os banhos de rio e as cachoeiradas,
lual e serenatas em belas noitadas,
ficaram só na lembrança,
e aquela menina que eu via correndo na minha infância,
na terra rachada do sertão nordestino
eu, então, rapazola ainda menino,
encantado com tudo o que via
percebendo nos seus passos o meu destino...
jamais imaginara que algum dia viesse a chorar tanta saudade
she made a paraibada...

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Nenhum movimento
Eu não quero o meu nome
Em nenhuma rua,
Eu não quero ir a lua ou a marte,
Eu não quero ir a nenhuma parte,
Não quero fazer nenhuma revolução,
Não quero fazer parte
De nenhum movimento,
Não quero saber de sem terra,
Apartheid, klu, klux, klan...
Eu não quero saber de greve,
Da queda da bolsa, do islã,
Ou do afã de qualquer religião ou mito
Maomé já foi pra montanha,
Jesus Cristo mostrou seu amor
E os filhos de Gandhi não ficarão órfãos
John deu a chance que a paz pedia...
E eu só quero fazer poesia...

Tadeu Memória

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Mãe é esconderijo pra qualquer perigo
é refúgio pra qualquer medo...

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Ensina-me a aceitar a insegurança como pilar...

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CONSUMATUM EST
Autor: Tadeu G. Memória


Chorou no meu ombro, confessou-se arrependido: “foi um ato impensado, mas ele andava cantando Dita...’’ O boato andava solto na boca da vizinhança, e como vovó já dizia; quando o povo fala, ou foi , ou é, ou está para ser. Na verdade, já vira Vidigal conversando com sua mulher, Dita, (Benedita Borges do Amaral Paes Leme), era um nome de fazer inveja a qualquer pé-rapado. Foi numa manhã de domingo, então convidara o sujeito para uns tragos; passaram a tarde, entraram pela noite... foram horas de pesadelo; eram três por uma... Vidi bebia três doses, e, Tuca, uma... e as vezes fingia que ia cuspir, e punha pra fora. Meia –noite Vidi mal se punha de pé. Teve de amparar-lhe no ombro até lugar ermo e aturar comentários indecorosos e indesejáveis, sobre as delícias de sua esposa. Consumara o fato. Dois dias depois o corpo do infeliz fora encontrado: hematomas, perfurações, e, até queimaduras na face, na louca tentativa de desfigurar-lhe, para que não fosse reconhecido.
A polícia chegou fácil,ao tucá, não deu-lhe tempo nem mesmo de livrar o flagrante. O ciúme é um monstro de olhos verdes, verdes como os de Dita, desejada, cobiçada, amada... sempre notara a forma indecorosa de como Vidigal olhava a sua indivisível Dita; nunca falara nada porque, afinal Vidi era um bom parceiro para os rachas, tanto os da praia como os das cervejas; era um bom papo, contudo, andava conversando com demasiada freqüência com sua fogosa Dita. Até que inflara-lhe o ego, tanto desejo por algo que lhe pertencia, mas o ciúme...
“foi um ato impensado...” não parava de repetir. Agora sua única alegria, resumia-se aos dias de visita, mas a cobiça já aparecia nos olhos dos outros presos; era obrigado a ouvir comentários como: “meu irmão, tudo isso é só teu?” “isso não é mulher para um homem só”, “que busanfa aloprada, meu chapa”. O turco já tinha até presentes para oferecer-lhe... sentia-se ameaçado mais que nunca; contudo o diretor mostrara-se, repentinamente, cordial e atencioso; prometera-lhe cela individual e regalias que apenas o seu nível primário não lhe facultava. Diante de tanta gentileza não furtou-se a falar-lhe do receio que lhe causava, a amada e o Junior sozinhos na favela. Ouvira do diretor, a generosa promessa de visitá-los... na verdade, na última visita, ela chegara no mitshubish do diretor; tinha nas orelhas brincos lindos de pedras verdejantes como os seus olhos, um sorriso promissor e confiante num futuro de melhores dias...
Mas isso foi há três meses, Tuca nem chegou a tomar conhecimento de que, Dita mudara-se para um apartamento na aldeota, antes de “se”enforcar com uma “Teresa” na solitária...

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Demo cracia: o demônio no poder...

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PASSARADA
Bem te vi cantou teu nome...
Eu sempre quis te amar,
Quando vem manhã na serra,
Bem te vi me faz lembrar,
Que o amor engana,
Já que canta bem te vi,
E voa para bem longe...

Quando chove no sertão,
A passarada se agita,
Mil pardais no mangueiral,
Juriti foge pra serra,
Anuns a lamuriar
na caatinga espessa,
Corrupião na mangueira
Furando manga jasmim,
Sanhaçu voa de par,
Querendo fruta madura,
E a candura do algodão,
Clareando pela tarde,
Do teu sorriso e ternura,
Lembra-me felicidade...

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Há um purgatório em mim
Mil poetas gritam,
Choram e se debatem
E eu escrevo...

Há uma caverna
Com milhares de morcegos
E eu me penitencio...

Mil poetas habitam em mim
Muitos deles vem das trevas
Podem ver não tenho estilo
Sou uma espécie de purgatório
Para os seus dias de juízo...

solidão
A solidão é transparente...
É parente da saudade
É prima de uma prima ausente...
A solidão é irmã de quem não veio,
Amiga de quem faltou,
A solidão é multidão em lugar nenhum...
Moveis empoeirados, teias de aranhas
Catando assombração...
Passos no porão...
Um gotejar inoportuno madrugada afora...
A solidão é um riso sarcástico na lembrança,
É uma lembrança fugaz de um doce momento,
É vulto passando, e cortina balançando com o vento...
A solidão me fez poeta,
E cria espaços, mas me aperta contra a parede,
Mostra-me um mar de desejos
E me mata de sede...
A solidão mente,
Diz que eu posso voar da cobertura,
É uma ternura delinqüente
Me oferecendo chocolates com cianureto

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pântano
Algum dia serei uma floresta com todo seu mistério
Moleque saci, curupira, caipora, lobisomem...
Então serei riacho com águas cristalinas e pouca profundidade,
Algum dia serei uma cidade com seus viadutos e arranha-céus
Algum dia serei o mar com suas sereias e todo encanto divino,
Algum dia serei poeta com o coração empenhado
Por meia dúzia de olhares, sofrendo por amor e paixão...
Então desejarei novamente ser pântano triste e sombrio na minha solidão...

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OUTRAS NOITES
Depois vem outra noite dentro da noite
Uma lua crua feito queijo coalho
Cheia de crateras.
A coruja pia, o sapo coaxa
As moças estão nas praças
Com seus vestidos de babados
E lábios de morangos e cerejas

Na noite de meia lua
Um eclipse remete-nos a um apocalipse..
O queijo coalho esta na mesa,
A bíblia esta aberta sobre o criado mudo
Gênesis, o começo de tudo
E Deus disse haja luz
E surgiram estrelas
Mas um dia seu filho morreu na cruz
Então vieram outras noites,
Outros Barrabazes e queijos suíços...
Depois disso, noites e mais noites...
Depois vem outra noite dentro da noite...
E um ciclo!!!

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CONTA-GOTA
Beija-me como quem chupa manga
Manga dos meus desejos
Derrama sobejos na minha boca
Diz que a vida é conta-gota
De sentir e ressentir
Nessa sucessão de dias
Diz que isso é vida louca...

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NAUFRÁGIOS
Umas me deitavam
Outras me cobriam
Sempre dei a sensação
De que era eu a caça
Era uma armadilha
E nunca deixei de ser ilha
E nesse mar de solidão
Elas se afogam
E pela madrugada
Vou recolhendo na lembrança
O que restou dos seus naufrágios...

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HISTÓRIA DAS PAIXÕES

Estive pensando em sair pelas praças,
Escrevendo o teu nome,
Poemas e dedicatórias,
Revelando o que todos já sabem dessa história...

Tristão e Isolda modernos,
Romeu e Julieta, enlouquecidos...
Estive pensando em como fomos plagiados,
Em como fomos assassinados,
Por romancistas consagrados...
De forma leviana e exagerada,
Que torna o amor assim, um consumismo desvairado
Quantas vezes fomos jogados do oitavo andar
Quantas vezes nos envenenaram
Quantas serpentes nos picaram...
Janete Clair tinha finais felizes,
Dias Gomes cometia pecados capitais,
Épicos casam príncipes com plebéias,
Ou princesas com plebeus
Agora só porque meu nome é Tadeu
Sou concunhado do Elizeu
Só porque imaginam que sou ateu
E não tenho dotes
Tenho que escalar paredes
Nas caladas das madrugadas.
Estive pensando diante do click do semáforo
Que me faz perder tempo de beijos
E poderíamos estar fazendo filhos
Ou tentando entender constelações
E a harmonia de nossos signos
Mas paro diante do verde
Presto atenção no amarelo
E sigo no vermelho
A alma empenhada ao spc...
Os olhos perdidos nos outdoors
Com mirabolantes ofertas
Que só me impõem impossibilidades...

Então me apego a esse amor
Como única forma de prazer seguro
E penso em escrever nos muros
Sem querer morrer de novo
E me recusando a pensar que
Daqui a mil anos...
Diante de um firmamento tenebroso
E um crepúsculo cinzento
Observando as ruínas da terra
E o limiar da humanidade
As histórias das paixões ainda serão as mesmas...

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enquanto eu não escrevo o verso
eu não me reinvento...

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Enquanto eu não escrevo o poema
eu não aconteço...

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O silêncio e uma granada
como a propria terra
que espera o seu tempo para explodir...

CRIANÇA
Enquanto eu não escrevo o verso
eu não me reinvento,
Porque ao contrario do que penso,
Eu sou sistemático e perverso,
Enquanto eu não escrevo
o poema eu não aconteço
Porque o silêncio e uma granada
Assim como a própria terra
espera o seu tempo pra explodir
Por isso antes de mais nada
me da teu seio
Como se eu fosse uma criança
Me da a esperança
De acreditar e prosseguir
Isso completa a minha estrofe
Depois eu ateio fogo em Roma
E ponho a culpa em Nero...

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Eu só quero fazer poesia...

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solidão são pessoas num trio elétrico, cheirando, bebendo e fumando suas existências em busca de si mesmos...

A ditadura é o remédio pra esse caos...

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um poema na noite é boêmio,
um boêmio na esquina é um predador,
a lua é dos lobos,
o amor é dos bobos
e ninguém é de ninguém...

ARTESÃO
Curvo-me sob a penumbra, ante a luz da lamparina,
Tateando as emoções tecendo o soneto,
Meus versos desfilam com clareza alpina,
Sentimentos que eu julgava obsoletos.

A noite me conduz sob uma bruma,
A estrofe é o meu próprio dissover-se,
Em cada verso minhalma espuma,
No rubro sangue de mim faz verter-se.


O que tenho de mim, o que já tive,
O que vivi, o que já é passado,
O que foi belo e o que já não existe...

Como um artesão componho o poema
Do que se foi, e do que em ainda vive,
Do que amei e do que fui odiado...

Inserida por tadeumemoria