Suzanne Leal

Posso estagiar antes de dar de cara com a experiência? Lamber o dedo, sentir um pouquinho do gosto e saber: pronto, agora eu aguento.

Meu corpo manda dormir
e ao acordar, manda sair,
bater o portão e correr para a vida.

Eu desejei, desejei tanto...
Era um ano novo começando dentro de mim.

E não há como não se
cobrir de tristeza,
quando tudo que resta
aqui dentro é solidão.

Eu sinto, só isso. E assim costuro as palavras da alma.

Os primeiros ventos derrubam as máscaras.
Os seguintes, mais fortes, derrubam seu EU inteiro.

Quando o pensamento se organiza e o sentimento clareia... tudo se encaixa.

Nada melhor pra curar os olhos do que outros olhos.

Ler é apaziguar o pensamento.
Escorregar nos versos e no acalento de cada palavra.

Toda a dor se partiu em mim e transformou a solidão em um caos eterno.

Eu desejei, desejei muito, desejei com toda a intensidade da minha vida e da minha alma, o mais longo e profundo suspiro e um brilho luminoso e sincero nos olhos: eu quero aquilo, ah como eu quero.

E se pudesse lavar o corpo por dentro,
depois lavar por fora,
deixar tudo limpinho.
Sem empurrar nada pra o canto,
fazer tudo caber na minha respiração.

Quem decide qual é o tempo certo?
E quem faz ele demorar tanto?

Tão comum a vida só passar e de repente você se olha no espelho e não se reconhece mais nos seus sonhos de quando tinha 15 anos.
E ainda dá tempo fazer algo? Pelo que já passou, nunca mais.

Eu devia só dormir,
abraçar o travesseiro.
E acordar de manhã
com um beliscão da vida.

Sei que às tudo fica cansado demais,
que a vida se arrasta e voa ao mesmo tempo.
Que às vezes o sabor fica amargo, frustrado, desencorajado.
Mas a minha inocência ainda diz que vai dar certo
e no fundo eu não quero me tornar assim, doente da alma,
pior doença que pode ter.

Nem sempre é preguiça, às vezes é cansaço mesmo.
O corpo precisa descansar, mas a gente exagera demais, vai além do que ele é capaz de suportar.

É aquela eterna busca de compreender só com o silêncio e o olhar.

Posso dizer que de tudo isso, ficou apenas uma vontade de viver intensamente, cuidar melhor de mim, ter histórias pra contar, fazer e acontecer. Eu quero mesmo é ser uma borboleta com a mais pura liberdade de viver. Cantarolar a vida, contar versos firmes, me estampar de realizações.

Quando o sentimento se torna um cárcere de si mesmo e folhas em branco se tornam a minha história, torna-se uma passagem brusca pela vida, tão demorada em acontecer, tão rápida em se esvair. Quando o peso das frustrações se acumula nos ombros, o mundo vai ficando desinteressante, vazio, sem sentido e o único pensamento que vem a mente é desistir, conformar-se, aceitar que seus sonhos eram só sonhos, que seus ideais eram mera bobagem e que seus esforços se tornaram em vão contra as forças da vida. Quando você sente que a orça que move o mundo externo sempre foi maior que a força que move o mundo interno, lutar é em vão, é morrer dentro de si.

Existe hora exata pra quê? A hora só passa. Ficar esperando não faz acontecer, o passar das horas não faz milagre. Levanta e aguenta. Se você sangrar, seu organismo trata de estancar. Não existe hora exata, nem melhor momento. Toda hora é hora. Se você faz ou não, é uma escolha sua. O tempo só passa. E ele passa tão rápido.

"Quando o dia amanhece, o medo diminui"

"E quem disse - longe dos olhos, longe do coração - não sabia bem o que dizia. Longe dos olhos e perto pra burro do coração"

"Começam a surgir as urgências cada vez mais urgentes, mais quentes, mais vibrantes, mais intensas. Pensamentos noturnos, tão frágeis, tão desgrenhados de se fazerem urgentes, vivos e presentes amanhã"

"Minha esperança sempre se manterá acesa, mesmo nos dias mais obscuros"