Suzana Damiani

⁠O amanhã certamente virá, mas, certamente, virá repleto de incertezas.

⁠Como encontrar?

Há pessoas que passam.
Há as que ficam.
Há as que habitam…
O lugar exclusivo de
memórias…
lembranças…
saudades…
desejos…
segredos…
mistérios…
encontros…
desencontros…
reencontros…
silêncios…
ausências…
Onde fica esse lugar?
Seria o cruzamento razão e emoção…

⁠Diálogo interno

- Eu não deveria ter me apaixonado!
- E você poderia escolher?

⁠Contemplação

O vento ventando,
assoviando,
minuano.

O mar molhando,
ondeando,
quebrando à beira-mar.

O sol brilhando,
aquecendo a rua,
queimando a pele nua.

A lua crescendo,
minguando,
prateando o luar.

As estrelas estrelando,
dançando,
desfilando no ar.

A noite caindo,
noitando,
escurecendo,
sonhando,
dormindo,
fugindo,
esvaziando
o medo
do ninar
e até o de
acordar.

⁠Deixamento

Por que você vem?
Vem e não fica?
Vai e não volta.
Chega e parte,
deixa muito,
leva muito,
mas eu fico e sinto pouco,
vivo pouco,
amo, ainda menos.
Por quê?
Não vá!
E deixe
o sorriso,
a alegria,
o calor,
o fogo,
a paixão,
o medo,
tudo que tens,
e que quero ter,
tudo,
você.

⁠Sonho

Gostaria de sonhar
um sonho novo
o qual ninguém
em dia e tempo algum
se quer em sonho, sonhou
sonhar que
tal sonho pudesse
ser sonhado.

⁠Quando quem deveria ser parte da solução torna-se parte do problema, como reorganizar a equação?

⁠O tempo passa independentemente do que você faça.

⁠O polimento resulta do atrito.

⁠Na busca pelo poder do amor, feliz é quem encontra o poder do amor-próprio.

⁠Inspire-se mirando quem sabe mais. Compare-se olhando também os que sabem menos.

⁠Muito se fala sobre dar o primeiro passo: ele só acontece após a decisão sobre o rumo, o caminho, as escolhas.

⁠Minha maior frustração: ler menos do que gostaria.

⁠Epitáfio... mesmo que seja cremada.

Espero ter tempo para ler tudo o que gostaria e com quem falar sobre as leituras.

⁠Celebração

Cem anos passados,
anos sofridos, rostos suados,
mãos calejadas, olhos pesados,
rugas profundas, caminhos trilhados.

Há marcas da fé do povo do vilarejo:
em rústica e modesta arquitetura,
os novos habitantes louvam a Deus,
rezam o terço na pequena capela.

⁠Querer

Quero chorar,
também sentir.

Quero sorrir,
também falar.

Quero fugir,
também ficar.

Quero você,
só para te amar.

⁠Somente quem prova o sabor da vingança pode conhecer os efeitos que produz...

Ciência e poesia
⁠
A ciência está sujeita à temporalidade, aos efeitos da evolução.
A poesia está sujeita à eternidade, aos efeitos da imaginação.

⁠A construção do amor não deve ser uma tarefa individual, solitária.

⁠
O que mais estimula a alma do poeta?

O amor…
A dor…
A dor de amor…
A dor do amor vivido…
A dor do amor não vivido…

⁠Quem sabe?

É possível amar o que pouco se conhece?
O pouco que se conhece é suficiente para amar?
Não se sabe se é amor,
Mas há o desejo de conhecer para saber se é amor.
As dúvidas, os desejos são tão fortes que invadem a mente.
Fazem com que o tempo, mesmo passando,
Pareça estar parado,
Fixado em lembranças, em momentos.
Os momentos, por mais que tenham sido realidade,
Estão envoltos em uma nebulosa,
Em um mar de sensações que
Ora se fundem com os desejos,
Ora confundem ainda mais a realidade.

Separar, diferenciar
O desejo
A realidade,
O possível,
O que parece impossível,
É uma tarefa humanamente impossível,
Quando se está só.
Estar só, mesmo rodeados de pessoas,
Apesar de estranho,
É um fragmento de uma nova realidade.

Apesar de ser fragmento,
Tem o poder de preencher um espaço imenso,
Aberto pela saudade,
Pelo desejo,
Pela insegurança,
Pelo medo.

O medo pode ser
O medo de ser feliz ou
O medo de ser infeliz.
O medo de arriscar,
De participar, de forma viva, de um enigma,
De entrar em um labirinto,
Do qual não se conhece
O ponto de chegada,
Do qual apenas são conhecidos
Os momentos do ponto de partida.

Estar só no percurso
Do labirinto das lembranças
E dos desejos
Torna a vida triste,
Sem brilho,
Sem perspectivas de
Chegar a algum lugar.

Às vezes, o medo leva a
Trilhar caminhos com companhia
De seres que não partilham
Dos mesmos sonhos,
Dos mesmos desejos,
Das mesmas emoções.
Assim, busca-se percorrer
O labirinto
Por outros caminhos,
Elegendo outras opções.

O difícil é ter coragem
Para buscar outra forma de vida,
Talvez só,
Mas, literalmente só, pois,
Se o que se partilha é apenas a caminhada,
E não o prazer de estar juntos,
Na verdade, se está só.

As escolhas só podem ser feitas
Se vislumbradas
Outras possibilidades
Para seguir um novo caminho.
É necessário, porém,
A coragem para assumir que
O que se quer realmente.
A honestidade,
Diante da nova realidade,
Fazendo o que é desejo,
Verdadeiramente, e não
Permanecer,
Comodamente,
Apesar da angústia,
Da dor,
Da louca vontade de
Conhecer outros caminhos,
Vagando pela rota
Outrora traçada,
Para viver,
Durante toda uma vida, ou
Durante toda a única vida
A vida que se tem.

Escolher trilhar
O caminho de um
Novo amor
É expor-se
Ao fracasso,
À desilusão,
À tristeza,
À solidão.
Não arriscar,
É permanecer
Vivendo a solidão,
A tristeza,
A desilusão,
O fracasso de
Não se ter buscado
Uma nova oportunidade
Para ser feliz.

À querida Monica P.

⁠Domar o desejo de subverter demanda muita energia.

⁠O que busco e encontro em você são palavras.

⁠O resgate de memórias
lembra uma viagem em que
os aromas
os sabores
as texturas
os sons
a temperatura
as experiências sensoriais
são as chaves
que abrem as portas
para o encontro com
o inusitado…

⁠Assumir as fraquezas exige muita coragem.