Stéphani Paula
O falso-amor é como uma serpente em forma de colar, agente põe ele no pescoço, sai desfilando com ele, fica alegre, gosta do que vê ainda mais se na embalagem junto com o pacote vier escrito a definição 'beleza extra'. Nem notamos a forma explícita de serpente e o perigo do veneno. A verdade é que nessa utopia quanto mais perigo melhor, emoção traz satisfação, adrenalina traz prazer. Quando se vê ele te mordeu, envenenou e a substância do veneno é motivo da sua dependência. Infelizmente agora encontra-se viciado, quem sabe um outro alguém dê jeito nisso, consiga retirar o veneno. Enquanto isso, espera-se ou melhor saboreia-se.
Eu não me importo com o que quer que você fale aos seus amigos, desde que você lembre de mim. Meu real e único objetivo é te incomodar, me fazer notória, estar ali.
Decepções por vir, eu já as posso sentir e como se não me bastasse minha intuição nunca falha. Saudades não sei bem de quê, talvez daquelas mentiras ou do que nunca possuí, pelo menos não ainda, bem, como disse não sei bem.
O que eu sabia é que eu queria desfazer uma história, o que eu não sabia era por onde começar. Desfazer uma história é sempre tão difícil. Eu pensava todos os dias. Como olhar alguém na rua, passar por ela, olhar novamente e no fim fingir que não se vê?
Adoenta-me essa minha mania de querer interromper tudo que por alguma razão me dê motivos suficientes de que irá muito além de um começo. Eu não consigo, eu não consigo ser diferente. É defeito meu, apropriado, esmigalhado. Eu preciso provar pra mim que não daria certo mesmo, porque na minha cabeça nunca dá e assim eu consigo dormir, não em paz. Inquietação infernal, sábados solitários, domingos regados a muito sono e programas na TV. Eu tenho medo de amar, pronto, falei. Sei que talvez não seja novidade pra você, esse seu telescópio funciona perfeitamente bem e me desvenda, observa os pensamentos, meus pensamentos. Não tem sentido em nada que eu faço e não é pra ter mesmo. Eu prefiro me sentir neutra que bem. O que posso fazer? Eu sou assim. Pra mim felicidade sempre vem acompanhada de melancolia e não me sinto receptiva às decepções a mais a serem contabilizadas. Se você quiser sair por aquela porta eu vou entender, tudo bem. Quem sabe o meu castigo seja permanecer aqui mesmo, pelo menos te livro da minha companhia desagradável. E fica tudo bem. Eu continuo aqui, sempre, não se preocupe. É que eu só não quero me encantar com ninguém. Não leve a mal.
Feche os olhos, pare o mundo. Sinta o que há de bom, só o que há de bom. Mostre e esconda. Vai menina, tem que jogar. Peça perdão, mesmo que em pensamento, em silêncio. Pede perdão por ser assim. Você não tem culpa, eu sei. É produto do meio, resultado de somas. Soma de angústias, de pesadelos, de egoísmo. Vai menina, tá esperando o quê? Se deixe levar, sinta o ritmo, dance com ele, seja o ritmo. Agora abra os olhos, vai, tô mandando. Abriu? Note o que se erradia. Faz-se arrepiar, brinque de ser feliz, de faz-de-conta, só brinque. Se joga, joga a vida fora, aposte tudo o que tem nos bolsos e depois os rouba de volta. Faz isso antes que uma outra o faça. Solte os cabelos, balance eles o máximo que puder enquanto caminha, isso, tá indo bem. Mentaliza que amanhã é um outro dia, sempre é, eu posso te garantir. Desencontra e encontra novamente, diz tchau e logo em seguida oi. Não pire, você ainda tem esse amontoado de coisas aí pra classificá-las, não pode enlouquecer agora, não agora. E por fim não se prive e nem se faça esquecer do mais importante: Continue a respirar.
Quero você em cada música que eu ouvir, em cada sorriso que eu der. Quero você falando baixinho no meu ouvido todos os dias. Quero fazer parte dos teus sonhos todas as noites. Que ser maior, melhor com você. Quero nós dois juntinhos daqui a 10, 25, 40 anos. Eu quero seus braços me envolvendo, suas mãos na minha pele, eu só quero você aqui, comigo. E pra sempre ser sua linda.
Eu queria você dentro de mim, extremamente dentro que pra te expelir de mim fosse necessário um milhão de anos e um milhão de forças, das quais eu não tenho. É proposital, eu te afirmo.
Desisti de escolher as coisas, as pessoas, os lugares. Hoje o máximo que eu me limito a escolher é uma boa peça de roupa, só isso. Dá menos trabalho, ela sempre está ali ao meu alcance quando eu quero e a sua extravagância não me faz mal. Eu me encaixo ao que existe, nada ilusório, de forma alguma. Eu escolho a quem me escolhe. É tão simples tudo isso. Não abandono ninguém, elas não me abandonam. Permanecem o tempo que quiserem e se quiserem. Definitivamente não sou obrigada a obrigar ninguém a ficar, foi-se o tempo e foi tarde, bem tarde.
É que eu cansei de brincar, entende? Acho que não, mas tudo bem. No começo é assim mesmo, depois você pega o ritmo. Meu passado pertence a mim, a mim, compreende? Se eu fosse você não mexeria nesses meus antigos joguinhos, não queira saber, e sim isso é um aviso e quem sabe uma ameaça. Eu só quero poder desfrutar do agora com você, ficar sorrindo a toa cada vez que a minha caixa de entrada recebe uma mensagem sua e sentir eternas saudades depois de cada abraço apertado. Ah meu amor, eu só não quero falar. Com a quantidade de vezes que as palavras são mal-interpretadas a maioria das pessoas prefeririam emudecer em certas horas se bem soubessem. E disso eu sei, confia em mim. Eu te quero tanto bem que a todo instante em que essa sede de brincar com tua pele, com teu coração aciona meu alarme eu me calo, me endureço. Coração de gelo como você diz, precaução como eu chamo.