Stéphani Paula
Quando não houver nada mais importante a fazer, você vai discar o meu número. Ele estará ocupado, ou talvez nem seja mais o mesmo. Você vai bater à minha porta e alguém vai te avisar que eu não moro mais ali. Vai se dar conta então de quanto tempo já se passou. O inesperado vai apertar a sua garganta e fazer as tuas mãos suarem quando eu passar ao seu lado e não mais notar a tua presença. Vai tentar me chamar, mas a sua voz vai ecoar e se esvair sem que me alcance. Do outro lado da rua vai ter alguém me esperando se braços abertos e pela primeira vez você vai ver esse meu seu ex-sorriso pra outro alguém.
Toda a sua segurança vai cair por terra e esse gosto amargo que vai sentir na boca juntamente com essa dificuldade de engolir a saliva chama-se insegurança. Tarde demais, eu me fui. Me libertei. Você se perguntará o 'porque?', mas vai fugir antes mesmo de querer saber a resposta. Então quando os dias passarem e eu não retornar suas ligações ou responder as tuas mensagens não ache que ao nos encontrarmos você se aconchegará nos meus olhos encantadores como se costume, eles se mostrarão indiferentes, se ao máximo te olharem será de canto, como olham aquela vitrine velha de roupas no fim do seu modismo. Entenda bem, não os julgue por tal, eles só reagem ao que provocam ao coração.
Irônicamento ironizo em cada festa que vou, em cada cara novo que beijo e vou deixando pedaços desse eu aqui, que era seu.
O tempo vai passando, depressa demais sob minha percepção. A verdade é que eu o deixo passar, assim, quem sabe passe logo, não é mesmo!?
E então, nos transformamos, você em óleo e eu em água, dois compostos distintos dentro de um mesmo recipiente, mas não juntos.
Hoje eu perco o meu tempo pensando, todas as noites pra ser mais sincera, e me dói. Posso não ter sido o melhor, até mesmo para mim. Aaah, mas eu fui muitas outras coisas mais, eu fui o mais amável que alguém poderia ter sido, eu fui compreensível muito além dos limites da compreensão, eu fui misteriosa e decifrável ao mesmo tempo. Sim, eu fui... Eu fui por você, por mim, por acreditar que poderia tentar fazer com que o seu trem andasse em meus trilhos, que alguma coisa desse certo, além dos meus medos, minhas cicatrizes, meus pesares.
Eu não te amei, eu não te amo, mas eu sinto sua falta, eu tenho saudade de infinitas noites, das piadas sem graça, do seu cafuné, do ' meu, nosso ' barulho silencioso, do seu cheiro, da sua alma. Vai dizer que isso vem a ser errado? E agora quem vai se importar? Já não posso, já chega pra mim, ou havia chegado, nem sei mais.. Por enquanto vou inventando tua presença, teus cafunés, tuas piadas, teu cheiro e tua alma. Deixando os estranhos tomarem conta de mim, do que ficou comigo.
Aqui é onde o amor, amor não, melhor dizer 'aquilo' acaba.
Eu cheguei ao um ponto em que eu deveria deixar você, escolha única, faca de um só gume.
E eu ainda vou viver pra ver um dia que seja, não necessariamente toda uma vida ou o resto dos seus egocêntricos dias, mas um só. Só um dia em que você vai lembrar de mim, vai sorrir quando pensar no meu jeito dengoso e sentir falta, muita falta do tempo em que do outro lado da linha escutava um 'OI AMOR'.
Birra definitivamente não é comigo, por isso se você espera que o mundo cáia a cada garotazinha ridícula que você conversa no msn, veio ao lugar errado.
E agora a única coisa que me resta é te dar meu adeus. Eu sei que já houveram outros, mas esse é meu último, não teria forças para dá-lo mais uma vez. Ainda vamos nos encontrar muitas vezes por aí, tenho certeza. E eu estaria mentindo se te dissesse que poderíamos ser amigos, eu não conseguiria olhar pra você, te ver feliz ou mesmo triste sem lembrar de quando ao invés de qualquer uma era eu quem estava aí.
Você me deixou solta por entre seus dedos e os meus braços eram curtos demais pra conseguir te envolver por completo e te prender a mim.
É, parece que chegou mesmo ao fim, inevitável. Se soubesse que não adiantariam minhas artimanhas eu teria logo que pude partido de uma vez esse fio que nos liga, quem sabe assim o futuro nos desse uma chance, outra chance.
Não vai ser o meu fim se você continuar a me esquecer, vai ser o fim do que poderia ter sido. Por mais que venha a doer isso não vai me custar lágrimas de sangue. Eu vou acabar encontrando outros parecidos com você.
Me fadiga fingir que está tudo bem pra evitar maior tumulto. Me cansa fingir que eu sou grande e que garotas grandes não choram.
E por mais que eu te procure a cada noite que se vai, eu sei que não é amor. É dependência. É uma boca sedenta por outra boca que é a sua.
É falta de calor, de abraços e palavras afáveis. Mas não amor. Pra ser amor tinha que ser mais, muito mais. Todos os dias.