Siomara Reis Teixeira
"Que as flores dos jardins da vida
invadam sua alma, coração
enfeitem com esperança colorida
a verdade, a fraternidade e a união"
QUE VENHA A MORTE!
Se é necessário morrer para renascer
Pois que venha então, a morte!
Que invada o ser por vezes tão doente
E que desta vez não seja apenas uma fatalidade
Ou mais que outro engano, simplesmente!
Que seja o encontro da razão e da verdade
E que ao nascer forje a luz fortemente
Iluminando os caminhos em realidade
Eliminando os enganos, completamente!
Linguagem Divina
Este rito é a real essência, a permanência
de todos os sentidos embutidos na pele,
n'alma, sangue, coração,
não importando se defende ou se rende,
se acusa ou recusa trajetórias
Que o delatem, pois, enquanto usurpador
destas instigantes histórias,
frustrantes ou dignificantes em fio condutor
Tudo é imparcial ou adoravelmente, total!
São letras, são silabas, são versos, são rimas,
São cantos teus, meus, de quem os ler
Linguagem de tantos, porquanto, divinas!
Não me Perguntes
Não, não me perguntes para onde vão
as perolas ensimesmadas de tuas mãos
se me dissestes na estrada, certa vez
não saber, por medo ou timidez
que escondias habilmente
o inócuo, em sombrio passado recente
fragmentos sem brio de lembranças,
dadas em tuas andanças displicentes.
BAILADO MÍSTICO
Bailado místico de nossas identidades
Unidos agora em amor e em verdade
Trajamos roupas de sonhos e poesias
Celebramos a vida em límpidas melodias
Em nossa fascinação está o encantar
O despertar de muita afeição
Nossas almas entrelaçadas no altar,
Magnânimo do coração.
RAZÃO DOS MEUS VERSOS
Já que nos amamos desde sempre
e a cada dia um pouco mais
Vem e fica ao meu lado
faz da minha vida, a tua vida
Faz do teu caminho, o meu caminho
Faz do meu corpo, o teu ninho
Enfeita com carinho nossos cabelos
com belas flores dos jardins do éden
Cobre-nos com o manto perfumado
dos que eleitos são pelo amor Sagrado
Olha nos meus olhos profundamente
mergulha em minha alma, em minha mente
Sentes este calor no meu e no teu coração?
É o amor semeado desta intensa paixão
Então vem e traz tua emoção, traz teu universo,
pois tu és a única razão de todos os meus versos.
Anjo Encantado
Ele é sim, um anjo encantado
Um Homem, vestido de amor
que faz uso da palavra,
sem amarrar a tristeza, à dor.
PSICOPATIA
Que seja o vento frio da madrugada
nos pés e mãos e membros e o todo.
É quando indiferente e gélido,
o medo percorre a espinha,
assalta os sentidos primazes,
corre frente à confusão mental
que breve, forma-se e verte-se
em vértices de habilidade tácita
da acida maldade que rompe,
arranca, destrói e esmaga.
Que seja o que for, isto ou aquilo;
do desejo insano da vingança vã
a inveja carregada de amor e de ódio.
Às vezes, paixão!
Ídolo e divindade.
Tão diferente, tão indulgente...
Tão com-pe-ten-te!
Autenticidade protegida contra copias.
Outras, que de tanto admirar
sem poder reproduzir ou esboçar
movimentos, atitudes, obras ou sinais,
dantescamente, decompõem o, amar.
TEUS SABORES
E me quero em ti e te quer em mim
Vem com odores, perfume de flores
Não sei se de rosas ou jasmins
Talvez o perfume de outros amores
Nada promete e só te quero, assim
Promessas, são lanças que traçam dores
Suposto imaginário...Ilusão, enfim
Cruel corsário; o mestre dos rancores
Mas teu corpo...Ah, poema sem fim
Loucura espelhada dos versos em cores
Enfeitando o meu corpo, como belo jardim
Encantada, abro mão dos valores
Tatuo em minha pele a palavra, sim
Sentindo na boca os teus vários sabores
Apenas tome um apanhado de sonhos entre as mãos.
Os teus sonhos....E siga!
Pois sonhar pode ser algo totalmente, singular. Ou não...
O NEÓFITO
E o encanto que a vida trás
refuta desencantos e temores.
Tempos idos. O agora, se refaz!
Seca ávida, lágrimas de dores
em quente espaço, sacro e vivaz.
Horizonte em paleta de cores
Exalam perfumes, fontes de odores
refazem laços, perfazem passos
reacendem a fé aos conquistadores
Tolhem a ilusão, ceifam a inspiração,
vertem vestes que revestem os corpos
em fulgor e verdade, rumo à iluminação!
QUERO-TE
Quero-te assim
Homem menino, estrela em mim
Quero-te mais
Homem capaz e que sabe o que faz
Quero-te além
Homem potente, desejo ardente
Quero-te enfim
Homem em meu corpo, meu dono e fim!
SURPRESAS DA VIDA
A vida e seus mistérios
com razões e mil segredos
enseja os primeiros acordes
de variados contextos
Esboça sutil movimento,
enredando em densas redes
com um dançar síncrono e lento
prendendo em grossas paredes
Turbulento é o medo de amar
que aos poucos se desvanece
não permitindo mais, recuar
E a alegria floresce
apresentando mil e um motivos
para enfim continuarmos, vivos!
VALORES
Esplendorosa seria a calma transbordante
que aquece e une as almas quando da identificação.
Aquiescência de egos moldados um a um
frente aos desafios da arrogância e prepotência.
O fulgor estaria sempre assim:
Nos gestos suaves, no afeto espontâneo,
na volúpia dos sentidos calorosos.
Nos desejos ardorosos,
nos profundos e longos olhares.
Na lealdade e cumplicidade sinceras
enquanto demonstração dos bens mais valorosos
que se pode sentir, guardar
e proteger por toda a existência.
Sem pesos ou medidas,
sem explicações ou modelos pré estabelecidos...
O respeito e o amor, humanos!
ENCANTAMENTO
Mesmo que quisesse, não saberia dizer-te
quais eram as vestes que usavas
nem quando ou como tudo aconteceu
Apenas sei que aos meus gestos, observavas
nivelando a energia de minhas calorosas manhãs
ao sereno e ao breu de tuas noites frias e solitárias
As lembranças de tudo e do todo, persistiam
faziam um sibilar suave de aurora imaginária
pós luar, pós pôr do sol, pós forma de amar
Infiltravam-se em nós, como o agora
em um constante entremear de intensos sentimentos,
de desejos e pensamentos densos e infindos.
"Existe uma linda palavra no momento,
com tanta doçura e intensidade...
E ela se chama, ENCANTAMENTO!"
LE TEMPS DE LA DANSEUSE
Sim, como queiras! Faço parte dos degenerados
Melhor que a cegueira de tecer frágeis rimas
Neste ridículo circo de infindáveis pantomimas
É pertencer ao mundo dos hábeis desequilibrados
Vês? Percebes? Sentes como a maldade contamina?
Ainda ontem tu sorrias com ares debochados
E agora, jovem mancebo, porque estas amargurado?
Oh, pobre coitado! Ao passado, espertina?
Come então a carne com o sangue que feriste a esmo
Prova do mesmo cardápio, larapio de sonhos
demi-plié ao sabor do desamor, a ti, ao mesmo
Dança bailarina; aplomb ao derredor do ser bisonho
Encima a valsa da vingança, rompe e lança ao supremo
O extremo do amor, sissone en avant, com ódio tristonho
Porque na verdade não precisamos nos esconder atrás de mascaras que não nos pertencem.
Nossas mascaras, aquelas intrinsecamente arraigadas em nosso ser interior, já nos são suficientes. Carregar outras, seria por demais exaustivo e trabalhoso.
Não precisamos lançar mão de subterfúgios excussos, para nos safar.
Esta seria uma atitude no mínimo incoerente para com as boas intenções, para não dizer, desonesta e desprezível.
Não precisamos de aparências forjadas em idolatrias vãs ou atitudes emprestadas ao fazer uso dos atos de outrens, utilizando o que não nos pertence, nem em consistência de ego, de personalidade ou de caráter.
Na verdade o que precisamos da forma mais simples e mais clara é sermos apenas quem somos, com todo o arsenal de defeitos e qualidades, com autenticidade nos atos e ações, já que o inusitado, quando se trata de ser e existir em real essência, não existe.
LUCIDEZ
Talvez seja outra vez a espera dos ansiosos,
Bárbara em observação nas geladas manhãs,
Impregnando a psiquê de desejos calorosos.
Contemplação arguta e perspicaz
Em um verão recheado de sofismas e ímpetos ardilosos.
No espaço admoestador prevalece o infortúnio
De queixas loucas e desvairadas,
Oscilantes entre a insensatez do talvez
E a sensatez do que não vale mais a pena.
Neste momento a temperatura passa a ser amena.
É quando do coração quase que destroçado
As mágoas vão aos poucos sendo deixadas de lado.
Então finalmente, na alma e na mente,
O momento de retorno do tempo quente
Prenuncia a libertação de tão atroz passado!
FARSANTE
Não sou Ariadne, tu não és Perseu
Mas nem mesmo o fogo que outrora
Incitou teus dias de outono como meus
Minotauro de vestido levara embora
Ela, a maldita cadela das estradas da vida
Que se enforque com o novelo que te deu
Falsa princesa, rebuscada, a pretendida
Que coma o acre azedo e o todo teu
Goze agora os encantos do farsante
Ache dignificante ser adultera e impura
Leve avante a ilusão, labirinto extasiante
Tuas folhas hão de secar de forma dura
A ira aflorará em teu semblante
Pagando caro por faltar à compostura
UMA ODE
Uma ode, ao meu amor
Amor forte e verdadeiro
Sem fronteiras e sem dor
Vívido, colorido e jamais sofrido
Vivido intensamente e por inteiro
Pois com ele, inteira sou
Completa, realizada e intensa, sou
Uma ode ao amor próprio
Que em mim, a vida enfatizou!
O BRILHO DA ESTRELA
Estrela latente que brilha
Pulsando, freneticamente!
Escrevendo com mãos de veludo
Em folhas feitas de amor
Compondo com toque de fadas
Em perfume, sonhos e cor!
Bailado místico a romper amarras
Ímpetos de júbilo, angustia ou dor?
Somente extravasa, pensamento incauto!
Inelutáveis são as desinências
Sentimentos essenciais em cargo arauto
Propagando emoções em suas veemências
SUPOSIÇÕES
Antes, estivessem ausentes por todo o tempo
abstraídos ante o invólucro inacessível
ali, jogado, arquitetadamente esquecido
Assim, não haveria compadecimentos
Não existiriam excusas descoloridas
Não existiriam desmerecimentos
Seriam somente, palavras rabiscadas
sem a banalização de análises
sem o esquartejar do entremear, das rimas
Ah! Pelo amor do bom Deus, sem heresias
Dêem luz aos versos, deixem-os fluir
Permitam que sejam unicamente, poesias!