Siomara Reis Teixeira
DESEJEI
Desejei em todos os meus dias, que falasses
que toda a fantasia transcenderia a covardia
implorei que compreendesses minhas faces
nestas fases polifásicas de tristeza e alegria
Desejei a mágica reciprocidade do amor
tatuada em nós, através da sincera cumplicidade
na mais bela e terna amizade, laureada com louvor
em uma história com cor e sabor de eternidade
Desejei que suprisse, os matizes da minha carência
fazendo da tua ausência, adendo p’ra dias felizes
com veemência, doasse-me sorrisos em excelência
e com paciência junto ao passado, curasse as cicatrizes
Desejei acreditar na possibilidade de amar a tua essência
implorei que a sina dos meus sonhos de menina, se fizesse
desejei que as rimas fossem verdades e não, fluência
mas os Deuses infelizmente, não ouviram as minhas preces
AMOR A MODA ANTIGA
Sou aquela, fadada às mazelas
das paixões sinceras e obstinadas.
Amo a moda antiga, sou fiel, leal e amiga
e não há quem me diga se estou certa ou errada.
Quando amo e não sou amada,
se sou banida e relegada, caio prostrada.
Não consigo falar e nem me alimentar
por ser preterida; maldita ferida da vida.
Não quero mais nada se meu amor já não está
fico na cama quietinha
chorando pelo amor que “tinha”
e sofrendo como um cão sarnento,
sem discernimento do que farei
com o amontoado de sonhos que sonhei.
Dos desejos e planos?
Ah! Eles ferem como enormes enganos
São punhais, danos ao corpo quente
da febre intermitente em meus mais profundos ais.
POSSUIDOR DO MEU AMOR
Por te amar assim, mesmo de dantes
que não desejo teus lábios selados
guardando sentimentos não pronunciados
ferido e amargurado por decepções cortantes
Então...Avante! Faz de mim um apanhado
de tudo que temos sonhado
Mas atenção! Não deixa de lado
nenhuma emoção, nenhum detalhe
Tome! Leve embora minh’alma, sem demora
espalhe a lascívia em nossos corpos febris
enlouqueça-nos com a ânsia das paixões juvenis
sê o possessor, deste imenso ardor, aqui e agora!
Também quero ser,
nem que seja por um momento,
mesmo que o resultado
seja o lamento de existir.
Sonhar, trilhar e insistir,
pois, mais vale uma vida
onde a liberdade de expressão é intensa
do que passar toda a existência,
sem ter voz, sem ideais, sem altruísmo,
subjugando ou negando, a própria essência.
INSUBSTANCIALIDADE
E vou cedendo a confluências de idéias,
extravasando sentimentos rebuscados
como fosse, o abstrato desta poesia,
na heresia da emoção,
em tema de quinta categoria,
sem noção do que é bom poema ou não.
No entanto, não atento ser mais uma.
Arquiteto o lugar exato do feliz projeto
ou ato o ato, quiçá, da infeliz ruína.
Esqueço o espírito, entidade menina
e a alma aflita que com medo da sina, está.
Que seja então feita a minha vontade!
Direi não a iniquidade destes dias mórbidos
Entregando o castiçal sagrado a ele, o ladrão!
Que roube logo tudo, que leve com ele o marasmo,
este imenso sarcasmo dos dias nublados,
do frio arquitetado das estações,
a rotina incessante, a hipocrisia das emoções,
a ausência perversa do sol, o cinza dos dias ermos,
a sombria face da saudade a versar, felicidade!
Aí então, perceberei que a bem da verdade,
todos estes versos refletem a minha própria identidade.
Render-me-ei aos pés do oleiro e direi:
- Sim! Foi minha a culpa!
Foi minha, a tão grande culpa!
Servir-te-ei os mais belos versos
Em conchas coloridas
Para que sorvas de mim
Todo meu amor, toda minha vida
Sim! Sou teus versos reescritos, impuros e aflitos
Como a vertigem, doce e quente da paixão
arremetendo aos delírios da compreensão
Ah! Alucinação impenitente da minha saudade...
Entra em mim como doença, dor intensa
Aí não falo, engulo o grito
Não durmo, me agito
fico insana, me torno a mais profana de todas as mulheres
faço todas as tuas vontades, perco a identidade
abandonada, lânguida e sem defesas
desejo o meu desejo, servido em tua mesa
ser a entrada, o prato principal e a sobremesa
Vestida com o brilho intenso do teu olhar
abraço a ilusão dos meus dias
e adentro em lentos passos
o imenso salão, desta solidão...
Nosso, Agora
Respirando fundo nesta solidão
vejo nos olhos da tua vontade
os reflexos da minha saudade
invadindo e tomando o coração
sentimento ambíguo, grande maldade
a felicidade colorida da emoção
e a dolorida realidade da separação
sendo o fiel retrato da nossa verdade
REALIZAÇÃO
Utopia ou discernimento?
Discernir é compreensão
Atente ao verdadeiro sentimento
Utopia, mera ilusão!
Pare! Centre-se por um momento.
Pergunte ao seu coração
Expulse agora o lamento
E seja apenas você em oração
Inteligência emocional a contento
Agora e sempre a solução
Na conquista de um novo intento
Banir o medo é vida em evolução
Transformar o querer e fazer é estar atento
Conquistando assim, realização!
DESPREZO
Percebes o quão rudes são os versos
Que outrora abrilhantaram com exatidão
Caminhos tortuosos e inversos
Banindo suntuosos, a sofreguidão?
Oras, pois, que os tons destes verbos
Açoites dispersos da inexatidão
Provém de sentimentos incertos
Vis, cruéis e sem compaixão
Então, segues teu caminho,
Que te vem enquanto troça
Perseguido em desatinos,
Por esta dor, tão sem resposta
Eu
Eu?
Nada mais sou depois de tudo
O que passou
Sei apenas que sou espaço descontinuo
de minha própria existência
reles transeunte observando, esquiva, a vida
Montando, recidiva, o quase nada que restou
SORRISOS DE AMOR
Talvez fosse a mentira idealizada da esperança
quem nos oferecia a contra dança do pecado
projetando em nós, enquanto verbo,
nosso maior castigo...
O amor lascivo entre amigos
Mas era através do relógio da parede
que nos sorria os sorrisos das horas
e hipnotizava-nos sem nos deixar ir embora
que nos lançávamos em um enlevo infinito
entreolhava-mos a subdivisão da distância
e nem despertávamos ao canto primaz da aurora
pois todos os encantos existentes floresciam em nós
como seiva divina nos jardins do nosso amor
Mas...
Se não existe preço para a paz,
lamento profunda [mente] informar
de que [ainda] não será desta vez,
nem por mínima in – sensatez,
que iremos, negociar!
APENAS, O HUMANO
O que atrai a esperança e a paz?
Comédias subumanas em rotas tortuosas?
Altivez dourada em atestado de incapaz?
Pouco tato e muita prosa?
Inerte e abstraído o ímpio, induz...
Rei deposto carrega n’alma, o desgosto.
Equivocado em sombrias ações
atento a impressões meramente superficiais,
ignora a profundidade das reações.
Indelével frente a qualquer história,
acuado por toda a vida frente à vitória,
esconde na memória, inúmeras decepções.
Então o sacrílego humano apenas, segue...
TODO MEU AMOR
Temos então, o teu medo e o meu terror
Na certeza de que por várias vezes
Já andamos de mãos dadas com a dor
Mas...Se ao menos tu soubesses
O que guardo em meus longos silêncios
Saberia o que retratam, minhas preces
Saberia que em tua linda suavidade
Sou bem mais que poema imperfeito
Sou rima, em doçura e intensidade
Sentiria minha inscrição em tua alma
Carinhos e desejos em profundidade
Meus segredos em tua suposta calma
Teria teu cheiro misturado ao meu perfume
Enlaçados em profunda e santa insanidade
Com todo o meu amor, dissipando teu ciúme
OESTRUS
Naquele por do sol inusitado
enterrei os versos
e a prosa deixei de lado
No sangue que banhava as vísceras
a dor do estanque na hora da criação
Como o tato do cego homem
eis agora minha misera condição
Nada mais denota velha e hábil, inspiração
Nem a astúcia, um belo estratagema
porem em meu ser, outro serio dilema
De joelhos rogo aos deuses, iluminação
Arrebatam-me agora, esta ficando tarde
Húmile serva, curvo-me, a alma arde
Permitam-me verter somente, composição
RESTRITA REALIDADE
E o que dizer sobre as ventanias
que enfrentamos a sós?
Que simplesmente passamos por elas
ou são elas que passam por nós?
É a dor indevida, é a emoção contida
E a melancolia...Ah, a melancolia!
Um presente algoz
O desterro cruel na alegria de vida
Tanto ardor e não saber o que fazer com a dor
É irônico o destino e a realidade, restrita
incita ao amor p’ra desabrochar em flor
Porem a cruel e indevida incompreensão
cerceia a livre expressão, desvanece a cor
e concreta, decreta a não condição
NOVA AURORA
Desejo explosivo em sonhos contido
O instinto incitando a paixão
Vontade imensa n’alma sedenta de libertação
Extravasa na mente o que é recidivo
Da calma aparente a negação
Do orgulho dos versos ao permissivo
Contido, compõem o perverso e o esquivo
Entre dentes o nome e a composição
Inda preso nos tempos de outrora?
Não percebestes o breu sobre a noite
Que todo o resto, acabou, foi embora?
Não mais lamurias, saudade ou açoite
agora a paz, satisfaz, revigora
ao sol que lá fora, perfaz nova aurora
SENTIMENTOS
Sentimentos...
que aquecem noites,
que aquecem dias
em extraordinária magia
de sublimação e êxtase
em todos os momentos
na mais sagrada sintonia
Percebes?
Consegues então sentir
o quão singelo, tudo é?
Observe atentamente!
No calor da divina luz
a pulsar intermitente,
a iniciação, faz jus.
Creia, todo o resto é,
felizmente, a mente...
Maravilhas do Amor
Eterno...Imenso...
Te chamo, te peco!
Venha, mantenha!
Interioriza
A crenca na existencia.
Faz-me aceitar,
Nao a mera fantasia
Mas faz-me acreditar
Que a paixao nao extasia.
Ela encanta e principia
As maravilhas do amor.