Siomara Reis Teixeira
SENSIBILIDADE DOS NOBRES
A sensibilidade dos nobres?
Pudera eu ter esta capacidade
Desfrutar de tal supremacia
Ser eleita em espírito
Pelo grande criador
E com tal possibilidade
Usar de desmedida vontade
E ajudar a tantos em seu amargor
Não! Não sou nobre
Minh’alma é imensamente, pobre.
Sou egoísta, orgulhosa, excêntrica
E carrego comigo um fardo
De ilusões, divagações e de enganos.
Sonhos inúteis,
Destituídos de bondade
Que propiciam um viver
Distante da fraternidade
Equivocada sou no amor universal
E agora é o ego quem proclama...
Sou sim, pequena e ínfima humana!
O CONSORTE
Quando dei por mim,
Era toda minha própria imensidão
Em um universo fantástico a ser explorado.
Não por um ou outro a se considerar desbravador
Mas aquele singular de características ímpares.
Aquele, o qual eu ainda não havia encontrado
E que o destino, sagaz e inteligente
Possui guardado em um futuro habilmente traçado.
RETIRADA
E enquanto este teu lírico canto,
soluça o lépido pranto
do olhar sereno da aurora,
ela, aquela que seria capaz
de revolucionar o mundo por ti,
transcende aos teus protestos
em silêncio indiferente
E, lentamente, vai embora...
REALIZAÇÃO PESSOAL
Um caminho, uma história, uma vida.
Entre vitórias e derrotas,
O golpe que deveria ter sido fatal
Não foi felizmente, mortal!
Hoje, a amargura que se desfaz,
Forja o doce encanto que se refaz.
O oriente do passado triste e indiferente
Dissolveu-se após longa prostração
O ocidente hoje, mostra-se a minha frente,
Horizonte colorido, luz divina, idealização!
Caminho desconhecido, porém, querido.
Sou eu, garra, fibra, determinação.
A força da fé em nova estrada
Indo ao encontro da realização!
VÔO IMAGINÁRIO
Seria então, o meu céu no teu sorriso
Flores, beijos, nós dois...Mais ninguém
Neste mar fascinante, revolto e impreciso
Porque ao teu lado sou mais e além
Sou o sol em dia escuro e inconciso
Iluminando o vil e sombrio engano do bem
Pois contigo, sou só o céu e o paraíso
Sou alma, coração e libido, também
Nem contabilizo o ínfimo humano indeciso
Decido querer ser p’ra sempre, tua refém
Neste voo imaginário, enigmático e indiviso
Aí então todos os poemas que fluem e nos mantém
Serão a lírica e santa musica de versos concisos
O universo, o amor e a paz...Amém!
DELICIOSA MAGIA
Parece magia, aparece do nada
Surge lindo, vem sorrateiro
Como saído de estória encantada
Mago, bruxo, dos versos, feiticeiro
Assim, amanheço em teus sorrisos, nem fico cansada
E anoiteço em teus desejos, te quero inteiro
A vida é leve, na mais longa e árdua estrada
Desperta a vida, em colorido vítreo e faceiro
Da dor que outrora, andei de mãos dadas
Substituo pelas flores do ardor, em teu esteio
P’ra minha vida, não estou mais calada
E nas defesas do teu ser sensível e fagueiro
Concluo que sabe amar, como jamais fui amada
Da minha história é o início, o fim e o meio
E então, sobrepujando antigos sentimentos
em uma tarde ensolarada de final de inverno,
percebi que meu olhar já não brilhava ao ver
ou o meu coração já não dava cambalhotas
e as borboletas no estômago tinham se aquietado.
Aquela imensa admiração, os pequenos detalhes,
tudo que me fazia delirar ou entrar em êxtase...
Nada mais!
PAIXÃO OBSCENA
Trago em meus versos
porções infindas de indizíveis
e imprevisíveis palavras
soletro o desejo complexo
dos braços em milhares de abraços
com os dedos furtivos,
bocas em corpos lascivos
de um querer intenso e proibido
que esquece o impreciso perigo
sentimentos somente exprimíveis
através do contato das mãos
ou talvez as mesmas palavras
roubem toda e qualquer cena
de tão obscenas que parecerão
BRAVOS SERTANEJOS
Aproximou-se lenta e pausadamente
de iluminado dia à noite misteriosa
do calor de um sol incandescente
a treva total e impetuosa
Era o tempo que gritava tempestivamente
pesada, sombria e ruidosa era a sua prosa
raios e trovões em um barulho veemente
e a tudo molhou a chuva generosa
Nos meus olhos, lágrimas conscientes
lembrei de imediato das vicissitudes assombrosas
dos sertanejos que vivem sofregamente
Estiagem, terra rachada, galhos secos, vidas dolorosas
resistem à fome e a água lamacenta, bravamente
desigualdade da sobrevivência, cruel e desesperançosa
CASULOS
Casulos que se subdividem...
Distribuídos estão, pela estrada da vida,
Organizados em porções enigmáticas de emoções,
Dificuldades, atribulações, sonhos, amarras!
Reféns do medo são os que neles permanecem,
Presos ou perdidos sem ver a luz
Que lá de fora, do horizonte,
Brilha firmemente
Em um firmamento resplandecente.
Deles libertam-se os corajosos, os que têm fibra
Garra, determinação, sede e ânsia de felicidade.
Rompem as duras e ásperas cascas
Da crueldade injusta,
Da existência infeliz, por opção,
Optando por banir toda e qualquer insatisfação!
NÓS DOIS
Vou te mostrar como são
os gemidos incontidos
mil segredos entre lençóis,
olhos de águia ensandecidos
sons selvagens, hálito quente,
dança língua louca,
na pele e corpo ardente
no abandono, dança inconsequente
rodopia nos poros,
penetra em cada espaço
e nos braços em lascívia
a rigidez da carne no tremor da emoção
...DESEJO...
Vai!
Enlouquece...
Move a língua!
Aquece...
Faz do desejo,
Prece.
Beija...
Estremece!
Toma...
Entorpece!
Goza!
Enternece...
AMO VOCÊ
Não tenho mais medos
Nem tenho receios
Não faço volteios
Com meu coração
Tentei negar
Ate disse que não
Mas é fácil amar
Tão doce paixão
Acordo menina
A vida fascina
É sonho e emoção
Nem ligo p’ra rima
Se é rica, se é pobre
Felicidade
É luz que recobre
Se todos os segredos
Não fossem entraves
A frase mais grave:
- Amo você!
A PAIXÃO
Não tema, codifique o poema
já que a distancia existe
e a saudade insiste
completa e extrema
A certeza consiste
na arte do versejar
cristal raro p’ra se guardar
jóia que ainda inexiste
Nos sonhos o divagar
laços coloridos em riste
que enlaçam sentidos no amar
É desejo ardente e persiste
invade p’ra muito alegrar
aquele que um dia foi triste
REVERSO DO AMOR
Se tu soubesses o quanto te procuro
na força do amor e do verbo
em mil sonetos, quase todos obscuros
sonhando a tua estrada em meu universo
Seja então, bem mais que estes gestos duros
ou, poema de improviso, em simples verso
não seja da conquista esboço impuro
interrompendo traços, deixando amor disperso
Não crave a reticência como ultraje inseguro
Na veemência da solidão a que me reservo
Proteção adquirida dos espíritos maduros
Mostre da face, emblema sincero no anverso
Da força ao inverso, sentido ardente e seguro
E o coração mais puro, desvendara no reverso
VERSUS
Poeta ao [in] verso (?)
Trava,
Vai, engole o verso!
Diz que não pode
e explode...
Im.pa.ci.en.te
A palavra desacata
a fera ardente.
O dom, ata.
Magoa ...
A.ci.da.men.te!
...Vocifera...
Rui.do.sa.men.te!
IMÓVEL
Queria ficar aqui por dias, imóvel,
De olhos fechados, mas sem dor.
Paradigma de vida atribulada
Com sementes lançadas ao chão
Que levam a um pensar constante,
Na luz serena do meu amanhã.
No medo que aflora a vida,
No breu de dias ermos,
No assombro de almas fúteis,
No se perder e se achar,
No partir e no chegar,
No odiar e no amar...
Para sempre!
O Tempo da Paixão
Conjuga-me!
Usa as mais audazes flexões
e do tempo usa meu atrevimento
sem pudor, sem respeito
extra [or.di.ná.ri.a] mente
soletra todas as minhas letras
nos mais lânguidos versos
até que a mente pense
somente a carne e atente
ao que simplesmente, sente...
Reescreva-me!
VESTES DA PAIXÃO
Com audácia e sem contestação
a alma que um dia fez-se fria
em noites insones e sombrias
desperta agora com voraz exatidão
Nada promete além da fantasia
e é assim que quer meu coração
nunca mais ter o engano na emoção
destruindo a calmaria dos meus dias
Das promessas, lanças vis de ilusão
prefiro a doçura das palavras;
marca inconteste, das vestes da paixão
Apenas divaga imaginário, aquece e lavra
enriquece o que restava desta imensidão
tece a vida colorida que a fabula narrava
RESPOSTA
Mova-se por formação, opressão ou emoção
busque mundo afora preencher o que devora
na alegria, amor em supremacia ou lagrimas de paixão
nem a peregrinação mostrará o que tanto implora
A explicação não esta ali ou acolá
para toda pergunta inexiste regra imposta
no entanto, observe o âmago e lá ela estará
Ouça! É o canto universal que obterá como resposta
Esvair-se em sentimentos? Desatino que está!
Extremada rutilância; ânsia exposta
borbulhas fulgurosas incitando a prosa
Impossível opor-se ao esplendor da inspiração
É sangue em nossas veias, é o ar que respiramos
A vida santificada em real libertação!
CENTELHA DIVINA
Não citem impropérios sobre mistérios que enobrecem
espíritos inquietos, criticam arquétipos e valores diferentes,
interpelam diligentemente em ritos que desconhecem
ousando recitar a esmo, o que surge em suas mentes
Ao vernáculo sagrado, muito respeito e recato!
Depois do fascínio, o silêncio áspero e indiferente
mas quando os agregados, ácidos e arraigados,
enfim são desvendados, surge à fúria veemente
Na prosa delituosa, desconjuram como amaldiçoados
condenam todo e qualquer clamor de falsas juras
desferindo palavras infames, ferindo amores sagrados
não, ninguém é desprezível e é crível que almas são puras
Errar tentando acertar; mundo de personalidades obscuras
blefar quando no fundo não se deseja enganar
enquanto centelha divina, o que lhe ilumina, vem das alturas
ore e implore a monada sagrada que invada, a lhe abençoar!
O PLEBEU E A BAILARINA
Ele a chama de menina e diz ser ela, bailarina
que dança a vida colorida, revestida de esperança
que sua rima o domina e seu sorriso, lhe fascina
do Cupido, velho amigo, pega flecha e hábil lança
Pensa que a tudo alcança e sem conversa, a domina
versejando canta amor; na contradança, a dor
vai julgando com esmero a verdade que abomina
atrás da mascara sem cor, palavreia com primor
Propagando impropérios, logo vem pisando em cima
curta mente que não sente um passado tão recente
pobre tola apaixonada; equivocada dançarina
Busca sabedoria e vê que o sonho se perdeu
naquele coração de pedra que impetra hipocrisia
a heresia de um infante que só soube, ser plebeu