Siomara Reis Teixeira
AMO ESTE POVO
Amo este povo
Sou terra, sou chão.
Sobre mim exercem, fascinação!
É o canto dos pássaros
Em mensagens de paz.
É a vida que passa,
Homem branco voraz.
Invasores em festa!
Chora, Pacha Mama
Muito pouco lhes resta...
Os verdadeiros donos,
Destas lindas florestas.
Sempre soubemos que a notícia da fatalidade,
cedo ou tarde aconteceria,
pela forma com que Amy conduzia sua vida.
Entretanto, nesta hora, nós,
os verdadeiros fãs desta fantástica voz,
não queremos ler ou ouvir as falácias
da imprensa sensacionalista sobre álcool e drogas.
Estes problemas são sociais e aos fãs, não compete o debate.
A única certeza que temos é que nem mesmo todos os escândalos
que cercearam a breve vida de Amy e sua carreira meteórica,
servirão para ofuscar o encanto que seu talento exercia sobre nós.
Continuaremos a admirar de forma incontestável,
a cantora, a compositora, a estrela,
sem contextualizar sua vida pessoal
com seu extraordinário encanto musical.
Todavia, lamentavelmente,
ofuscados por este imenso brilho,
esquecemos-nos de que nossos ídolos
também são humanos, e portanto, mortais...
INCÔNSCIENCIA
Diga-me então:
O que sabes além do que os teus olhos podem mostrar-te?
Nada além do que dissemina a frívola modernidade?
Nada além da pestilenta obviedade coletiva?
Nada além do subjugo da maldade?
Ah, mundo conturbado de agregados em ofensivas
Humanos alheios à essência, rendem-se a leviandade
Seguem sem porquês, comprazem-se ao talvez
Inconscientes, mascaram fases, da euforia à embriaguez
DEVANEIOS FRIOS
Entrego-me a devaneios frios!
Tão sombrios...
Turbilhão de paixão e ódio
E em espaços vazios,
A dor sentida desta solidão!
Queria eu estar vestida de ouro
E, no entanto, estou aqui tão só!
E ter você agora, meu maior tesouro,
Do que ter meu sonho
Se transformado em pó!
BÚSSULA DO AMOR
Tu me orientas
A navegar em tuas diretrizes
Sul da minha vida
A primavera dos meus sonhos
Meu Leste
No resplandecer da esperança
Meu Oeste
A alegria em bonança
Tu és meu verdadeiro Norte
O verão desta felicidade
E neste magnetismo de paixão
Esqueço o inverno e a iniquidade
Pertencendo-te para todo o sempre
Como tua, a tua, rosa-dos-ventos
LAMENTO DE AMOR
Pensando no quanto, o lamento da mente
Como um vento fremente que as folhas farfalha
Corrói pensamentos, tal qual navalha
E nenhum argumento que da pena, valha
paixão, saudade, razão ou cuidado
Justifica a dor do amor, deixado de lado
Desprezo indolente que faz descontente
Ausência sentida, medida irreal
Traduzindo vertentes de atenção desigual
Amola a faca, acerta o fio
No frio contido. Dissimulação!
Maltrata o desfecho. Maldade em ação!
PERDIDA
Ela procurou ajuda na fala muda, contando horas,
somando amores, acumulando dores
dizia nada saber, pois na verdade, a verdade, temia ver
O sonho, escravo autômato da frieza cruel, sendo amputado
enquanto restos de ilusão eram deixados de lado
depostos com cuidado no prato do pecado
Perdeu com o mundo, o contato, a paz e a razão
nem mesmo ouvia a voz do coração
Substituiu a tolerância pela arrogância do outro
Todavia, resquícios de esperança descansavam
solitários em sombras de confiança
e na desiludida condescendência,
foi banindo aos poucos a tão sagrada essência
Volúpia
Pois atiça e enche os olhos
e a mente, no corpo, ardente...
Segue insano com o olhar
cada curva, todo o corpo
no desespero de amar
Somos então, mil beijos
mil dedos, mil braços
e entre abraços adormecemos
para mais tarde, recomeçar...
A Farsante
Nada sou do que te pareço ser
Sou apenas a farsa projetada dos teus sonhos de mulher
Uma montagem infinda de letras e frases e versos e rimas.
Nada que eu possa antever
Tudo muito fácil de inventar ou de escrever
Sou a projeção estereotipada de todos os teus ensejos
A idealização de todos os teus anseios
Subjetivados pelos teus mais profundos desejos
Não, não sou perfeita
Sou desfeita de amores, carrego comigo infindas dores,
buracos existenciais que jamais fecharão
Sobrevivo entre a dor e a escuridão
Nada sou do que te pareço ser
Antes de mais nada eu minto...
Não, não sou nada do que escrevo...
Sinto!
SONHOS PERDIDOS
O tempo que passa
Em asas fugazes,
Transpondo os sonhos
E desejos audazes...
Enfadonhos!
Nos tornam incapazes...
Não mais planam,
As asas!
A memória sobrevoa,
Sobrevoa a história
E a solidão se me apresenta,
Machucando,
A memória...
O tempo passou...
Ficaram os sonhos...
Desejo ficou
Perdido na lembrança,
Que dentro de mim, restou!
MARUJO
Ouço teu grito ao longe!
Olho! Na penumbra, te vejo!
Oh! Marujo dos meus sonhos,
Quem tu és na realidade?
Busco em ti o amor e o sonho...
Será que tu podes me dar?
Penso...Não sei...
Porque tu te escondes no mistério?
A bruma ao teu redor aumenta...
Teus gritos, outrora, audíveis,
Agora...Quase inaudíveis, o são...
Tu te afastas!
Teu navio desaparece...
Só o que resta, é o olhar...
O meu olhar,
Na névoa!
SERENÍSSIMA
Estranhamente mansa, aquiesceu
Buscou respostas nas propostas da esperança
Com confiança rodopiou vastas perguntas
E como quem dança rodou a roupa casta
Então, renderam-se a ela belos e vários versos
Universo de palavras não proferidas
Conferidas a serenidade e a plenitude
Lavradas na quietude da maturidade
A diferença pode ser singela...
Mas podemos realizá-la.
Seja único, seja você mesmo...
Em cada ato ou ação desenvolto,
Avêsso ao inconsciente coletivo,
Colabore para melhorar o mundo
Minha vida é cheia de rimas
E rimando assim vou adiante
Se as rimas não formam quadrinhas,
Minha alegria ainda é constante
Loucuras
Ah, meu amor!
Se todas as loucuras
Do mundo
Fossem assim
Salpicadas de doçura
Um estar em você
Com extremada candura
E você em mim
O dia inteiro
Madrugada adentro
Em todos os momentos
Não ter concentração
Perder toda a razão
Respirar tua presença
Ser fogo, ser paixão
Dormir e acordar
Em você, com você, pr’a você
É...
Eternos loucos seremos!
AGIR PELA RAZÃO
Já não sei mais o que sou,
O que fui ou o que serei.
Com a dor, neste abandono,
Com a solidão me deparei.
Não sei mais qual a direção.
Segredos da vida,
Ou falhas na atuação?
Ou o ser tão comedida
E só agir pela razão?
Sanidade
Nesta solidão encontro,
A imagem, sem distorções.
O aprêço, sem ilusões.
A identidade, mesmo que a verdade
Corrôa resquícios inertes, infantis,
Infiltrados, porém equivocados.
É o encontro da realidade.
É o encontro da sanidade.
É o encontro da liberdade!
O Amor Por Mim
Talvez quando esta tarde acabar
Eu já não tenha mais a quem amar.
Pois a fascinação do outro em mim
De tanto bater, de tanto girar
Como as turbulentas ondas do mar
Tornou-se enfim, após duro penar
O verdadeiro amor que sinto por mim!
Tua Alma Canta
Tua'lma canta ao longe
Sublimada no explendor
Do existir, do persistir,
Do viver cada momento,
Enlevado em pensamento
E ao planar por entre as nuvens
Integrar-se ao infinito
Conquistando solitude,
Em um rito!
Ao voar...
Ir de encontro ao teu altar!
QUERO
Quero esta força que explode incontida nos teus versos
Quero a densidade de toda a tua realidade
Quero a tua intensidade afastando os fantasmas da fatalidade
Quero a tua fragilidade transformando a minha verdade
Quero o brilho do teu olhar e tua capacidade infinda de amar
Quero a tua boca me beijando e incitando... Incitando e...
Quero a tua doce timidez frente a minha inteira nudez
Quero o excitante mistério que atrai, que contrai, que me esvai
Quero teus braços, envolvendo e acalmando meus compassos
Quero tuas mãos e teus dedos, violando meus segredos
Quero teus quadris na cadencia insinuante, desta amante
Quero teu coração, iluminando os vazios do meu coração
Quero tua alma, esta divina chama, pois é meu ser, quem clama
CERTEZA
Quando a profecia da razão ecôa,
Tornando-se na mente, clara e suave,
Surge a compreensão que aos sentidos, entôa,
Uma lírica e inequívoca voz que vem do coração,
Trazendo a certeza que por hora, em fuga, vôa,
Pois o mêdo na hora exata,
Com maestria o destino, desata!