Simone Guerra
Por que ninguém se lembra de pecar sentimentos bons todos os dias? É um mal que sempre cai bem! Um pecadinho sórdido em tentar o seu melhor, é mais libertador do que tantas orações da boca para fora.
No mundo dos ocupados demais há sempre estresse sobrando e horário faltando, porque vinte e quatro horas é muito pouco para quem vive atropelando o tempo.
As décadas transbordam experiências através das marcas originais nos nossos corpos e não tem como não passar pelas provas físicas e emocionais. Quem se atreve a viver uma longa vida, deve estar ciente que não tem como driblar os anos e nem dividi-los em dois, quatro. Vive-se tudo intenso, rápido, e, quando nos damos conta, já se foi mais uma etapa, mais uma década, então, Carpe Diem, da boca para dentro com vontade de enfrentar as transformações necessárias para se viver uma vida de mil anos.
Não há dinheiro que pague um segundo de paz. Não há empréstimo que cobrirá as dívidas que temos com o cansaço e com a ansiedade. Não há nada que possa nos fazer melhor, se não tirarmos um tempo para nós mesmos. A paz é aquele momento que mesmo no tumulto do dia a dia, você tem a capacidade de se retirar para um momento íntimo com o seu interior e com os seus sentimentos
Se expor, se despir em verdades, contar segredos, não mostra vulnerabilidade, apenas fica explícito o quanto precisamos nos redimir do passado.
Não conquistei tudo, porém me arrisco e o verbo "desistir" já foi abolido da gramática da minha existência.
Não deixe "nunca" para lá, o que pode te fazer feliz, mesmo que seja um momento, pois não nascemos para sermos eternos.
Mesmo cansados e desanimados, não podemos parar, pois é preciso energia para fazer a vida pulsar. E mesmo que tropeçamos pelo caminho, basta apenas um fôlego novo, para levantarmos e começarmos mais uma vez.
A vida está esperando que você recomece, porque o que move o seu viver, é a sua vontade de querer o seu melhor todos os dias.
Nos guardados descobri restos do nosso amor: palavras inventadas em papel amarelado e um par de alianças sem compromisso.
Ficar olhando pela janela os anos indo, a rotina de cada dia, é loucura demais, é estar obcecado pelo simples fato de esperar pelo nada, é não se envolver com a beleza do nascer do sol todas as manhãs.
Só há recomeços quando o amor é verdadeiro, e não há segredos para uma vida toda, porque a verdade é apenas uma.
Muitas vezes nos humilhamos, damos nossas caras a tapas, mas um dia cansamos de mostrar fragilidades e percebemos que, para se entregar a alguém, a algum sentimento, os limites são necessários também. O “gostar intenso” nos cega e pode chegar ao extremo do ridículo, quando esse alguém não sente o mesmo por nós.
Enquanto esse gostar nos faz reféns, o amor é calmo e sem qualquer violência ou atentado contra o outro. O amor é suave como a brisa que acalma os dias intensos. O amor é aquele sentimento despreocupado, natural, que acontece em apenas um toque singelo, quando a mão dele acarinha nosso rosto com a intenção de nos pertencer.
Somos violentados nos relacionamentos quando nos entregamos por completo a alguém, e ele nos vê apenas como mais uma. Vivemos romances medíocres, quando grudamos em alguém, corremos atrás, movemos o mundo, enquanto ele finge não perceber e nos coloca na dianteira da vida dele. Somos violentados quando o outro finge não ver que doamos a ele o tempo todo, adaptamos horários, deixamos algum projeto e o sonho ser adiado.Desdobramos em função de alguém que não está nem aí para o que estamos fazendo. Esse relacionamento unilateral, nunca acaba bem e, se estender até ao casamento, vai ter uma separação ou alguém vai sofrer uma vida inteira. Quanta violência contra o outro! Quanta violência contra o amor de alguém.
Quantas vezes somos imaturas ao procurá-lo, mandando infinitas mensagens sem respostas, ligamos e ele não atende, quando fala conosco parece ter pressa ou não nos trata bem. Quando vezes em tom seco, sem qualquer emoção, ele nos responde porque é educado e nós insistimos em um sentimento de mão única. É nossa psicose em insistir. Somos problemáticas demais quando estamos afim. A violência contra os sentimentos é o mais comum nas relações. Há pessoas que tem o prazer de jogar com o sentimento alheio e elas se autoafirmam diante do gostar de alguém. Esse joguinho de sedução apenas nos afirma que, mesmo que rastejamos por alguém que não se envolve com nós ou que está apenas jogando, ainda somos melhores, porque temos a capacidade de viver a realidade de um sentimento, enquanto que o violentador pensa ser feliz.
Quando cansamos de nos colocar em segundo plano em um relacionamento, descobrimos que há outras chances de se viver um amor verdadeiro e livre. Pois, ninguém precisa de um romance humilhante ou de um relacionamento em que ele nos coloca dentro do freezer de indiferenças. Não merecemos ser colocados de lado ou sermos deixados em algum canto, precisamos de um alguém que nos queira bem, que nos trate como pessoa e que não nos faça distante. A nossa fragilidade um dia se cansa… deixamos de sermos entregues para sermos admirados. Um dia não permitimos mais tanta violência contra a nossa dedicação, trocamos a frieza dele por um outro alguém mais sedutor do que violentador. Amar a nós antes do outro, porque amor próprio é libertador e envolvente.