Simone de Beauvoir

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Entre as prostitutas e as que se vendem pelo casamento, a única diferença consiste no preço e na duração do contrato

A relação dos dois sexos não é a das duas eletricidades, de dois pólos. O homem representa a um tempo o positivo e o neutro, a ponto de dizermos 'os homens' para designar os seres humanos ... A mulher aparece como o negativo, de modo que toda determinação lhe é imputada como limitação, sem reciprocidade.

O homem é definido como ser humano e a mulher é definida como fêmea. Quando ela comporta-se como um ser humano ela é acusada de imitar o macho.

A humanidade é masculina e o homem define a mulher não em si mas relativamente a ele; ela não é considerada um ser autônomo.

Se a mulher foi, muitas vezes, comparada à água, é entre outros motivos porque é o espelho em que o Narciso macho se contempla; debruça-se sobre ela de boa ou de má-fé. Mas o que, em todo caso, ele lhe pede é que seja fora dele tudo o que não pode apreender em si, pois a interioridade do existente não passa de nada e, para se atingir, ele precisa projetar-se em um objeto. A mulher é para ele a suprema recompensa porque é sob uma forma exterior que ele pode possuir, em sua carne, sua própria apoteose

Tesouro, presa, jogo e risco, musa, guia, juiz, mediadora, espelho, a mulher é o Outro em que o sujeito se supera sem ser limitado, que a ele se opõe sem o negar. Ela é o Outro que se deixa anexar sem deixar de ser o Outro. E, desse modo, ela é tão necessária à alegria do homem e a seu triunfo, que se pode dizer que, se ela não existisse, os homens a teriam inventado.

Isso é o que caracteriza fundamentalmente a mulher: ela é o Outro dentro de uma totalidade cujos dois termos são necessários um ao outro.

Inserida por pensador

Ninguém é mais arrogante em relação às mulheres, mais agressivo ou desdenhoso do que o homem que duvida de sua virilidade.

Quanto menos eu me reconheço em meu corpo, mais me sinto obrigada a me ocupar com ele.

A arbitrariedade das ordens e das proibições com as quais me confrontava denunciava-lhes a inconsistência.

Levando minhas repugnâncias até o vômito, meus desejos até a obsessão, um abismo separava as coisas de que gostava das de que não gostava.

Sei o que é o amor. Tinha, com efeito, entrevisto algo novo. Meu pai, minha mãe, minha irmã, os que eu amava, eram meus. Pressentia pela primeira vez que a gente pode ser atingida no próprio coração por uma irradiação vinda de outro lugar.

Sou inteligente, exigente e engenhosa demais para alguém ser capaz de se encarregar completamente de mim. Ninguém me conhece nem me ama completamente. Só tenho a mim.

Na verdade, sou terrivelmente gananciosa – quero tudo da vida. Quero ser uma mulher e um homem, ter muitos amigos e ter momentos de solidão, trabalhar muito e escrever bons livros, viajar e me divertir, ser egoísta e altruísta… Seria difícil conseguir tudo o que quero. E quando não sou capaz de fazer tudo isso, fico louca de ódio.

Diante de si, o homem encontra a Natureza, tem possibilidade de dominá-la e tenta apropriar-se dela. Mas ela não pode satisfazê-lo. (...) Ele só a possui, consumindo-a, isto é, destruindo-a. Nesses dois casos, ele continua só.

Escravidão: esse fenômeno é consequência do imperialismo da consciência humana que procura realizar objetivamente sua soberania.

Nada nos limitava, nada nos definia, nada nos sujeitava; nossas ligações com o mundo, nós é que as criávamos; a liberdade era nossa própria substância.

Simone de Beauvoir
A força da idade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

“Julguei que seria resolvido com muita facilidade: é possível conciliar fidelidade e liberdade? E se for, a que preço? (…) Se os dois aliados permitem-se apenas ligações sexuais passageiras, não há dificuldade, mas isso também significa que a liberdade que se permitem não merece o nome que tem. Sartre e eu fomos ambiciosos; foi nosso desejo experimentar amores contingentes. Mas, há uma pergunta que evitamos deliberadamente: como a terceira pessoa se sentiria em relação ao acerto?”

⁠A vida de uma pessoa tem valor quando ela atribui valor à vida das outras, seja por meio do amor, da amizade, da indignação ou da compaixão.

Simone de Beauvoir
A velhice (1970).

⁠Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida.

Simone de Beauvoir

Nota: Autoria não confirmada.

⁠A ação das mulheres nunca passou de uma agitação simbólica; só ganharam o que os homens concordaram em lhes conceder; elas nada tomaram; elas receberam.

Simone de Beauvoir
O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

Pela primeira vez na vida, tinha a impressão de que o bem não coincidia com a verdade.

Simone de Beauvoir
Memórias de uma moça bem-comportada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

Nenhuma mulher deve ser autorizada a ficar em casa para criar os filhos. A sociedade deveria ser totalmente diferente. As mulheres não deveriam ter essa escolha, precisamente porque, se houver essa escolha, muitas mulheres a farão. É uma forma de forçar as mulheres em uma determinada direção.

Simone de Beauvoir
FRIEDAN, Betty. It Changed My Life Writings on the Women's Movement (1998).
Inserida por Dmartins08041999

A palavra amor não tem o mesmo significado para ambos os sexos, e esta é uma das causas dos graves desentendimentos que os dividem.

Simone de Beauvoir
O segundo sexo, vol. II (1949).
Inserida por luiza_andrade

⁠Para que a velhice não seja uma irrisória paródia de nossa existência anterior, só há uma solução – é continuar a perseguir fins que deem um sentido à nossa vida.

Simone de Beauvoir
A velhice. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018.
Inserida por pensador