Silvestre Kuhlmann
Nós, indignos, declaramos
Tua dignidade,
Nós, pecadores, adoramos
Tua santidade,
Nós, teus filhos, nos alegramos
por Tua paternidade,
Nós, carentes, agarramos
o Deus da nossa necessidade.
Eu não posso fugir,
aonde eu for Ele vai me encontrar,
Perseguiu-me com calma,
tocou-me na alma
e mais...
Chorar com os que choram
Cristo manda
E Ele fez-se humano
e aqui desceu;
Por isto faço minha
esta demanda
Como conto que se conta brevemente,
Como sombra que se vai ligeiramente,
Como sopro que se abranda
e logo cessa,
Como relva que floresce e cedo seca;
Assim passa a vida da gente.
Que o caminho seja o mais belo,
Que a relva seja a mais verde,
Que o conto semeie eternidade,
Que a brasa ilumine,
que a nuvem deságüe;
Que o poeta faça valer a pena,
Que a alma não seja pequena.
A pena se apequena,
O verso se dispersa,
A melodia e a harmonia
Não sabem traduzir
O riso e a alegria
De um coração que canta
Quando a Presença Santa
Dele se apossou.
Esta é a mais bela poesia:
Ver o Rei numa estrebaria;
Esta é a mais bela poesia:
O Deus onipotente
Dependente do colo de Maria,
Esta é a mais bela poesia!
O Deus que em majestade
Criou o relâmpago e a tempestade
Entrou na história humana
De maneira calma, amena,
Veio de forma tão mansa,
Feito pequena criança,
Se não fosse assim
Seria certo o nosso fim.