Silvestre Kuhlmann
Sou pequenino grão de areia,
Sou uma cinza de fogueira
Transformada em verde ramo
Da Videira Verdadeira;
Sem Tua seiva não vivo,
Ó Videira Verdadeira.
Não quero só saber
acerca d'Ele,
Mas sim, quero dizer
que Cristo é meu;
Não quero uma inútil sabedoria
Que incha e é só razão
sem coração.
Vem, meu coração, aprenda:
Se chegar o amor, se renda;
Mesmo que lhe cause uma fenda,
Uma ferida profunda,
Uma dor que não finda,
Um furo que não se emenda.
Quando me abate o cansaço,
Corro para o Teu abraço,
Assim me refaço da fadiga do dia,
Repouso encontro, calmaria.
Hoje, não chora.
Alegre, comemora.
Não ora mais,
pois fala face a face;
Realizou-se o esperado enlace
E junto a seu Amado
agora mora
A Tua Graça
não me custou nada...
A Ti custou
levar cruz tão pesada;
A Tua Graça é vida, é tudo,
A Tua Graça é colo e escudo.
Ó meu grande bem,
Senhor meu
Ao ver-Te
tudo torna-se irrelevante.
Tua luz desmascara
a falsa aparência
De que se pode ser feliz
longe da Tua presença.
Criador,
na jornada,
aqui e ali vi a dor;
Meu Criador toda a dor alivia.
E a dor que ali via
aqui não mais vejo
Em Teus braços estou.
Todo o louvor
ao Doador da vida,
Todo o louvor
ao Deus de amor sem medida
Que pra Si me irá levar
E eu não mais irei chorar
Marta, Marta, estás afadigada,
Em tantos trabalhos distraída,
Ansiosa pela sua vida,
Dando voltas em torno do nada...
Tu te sentes sozinha e traída,
Melhor escolher a boa parte
Que não lhe será subtraída
E é bem mais que casa e que comida.
Quando carregamos
Por dentro do peito
Cristo, nosso mestre,
Tem honra terrestre
Que a isso se iguale?
Ih! Oh! Nem me fale!
Sem lugar na estalagem
Foi nascer na manjedoura,
Panos foram sua roupagem,
Não parece isso loucura?
São apenas boi e jumento
Que viram seu nascimento?
Neste país
tornei-me peregrino;
Aqui não paro,
estou de partida.
Vou indo rumo à terra prometida;
Terei descanso
chegando ao destino.
Eu procuro uma canção dentro de mim,
Mas nada vem. Estou mudo.
Este silêncio é cortante, pontudo;
Dele nascerá um jardim.
O teu olhar é tão profundo,
Para o fundo dele quero mergulhar,
Eu corro o risco
de ser envolvido no teu mar,
Tua beleza afasta o medo
e determina o navegar.
Sou céu infinito
e por mais que te aventures
Não há eternidade
capaz de decifrar-me;
Vem, pois, desfrutar-me,
não percas mais tempo,
Lança fora o refugo,
tira os pés do chão.
Eu não quero confiar
em minhas forças,
Pois sei que sou falido pecador;
Mas seguir o vento,
O alento do Consolador.
Na passarela do meu coração
Não tem votação,
Ele é "hors-concours".
Se o "coisa-ruim"
vier na contramão,
Desclassificação.
Ele desafinou,
Perdeu a marcação.
Subi no morro
Rápido pra cachorro
Não fui para uivar
Mas para louvar ao Deus
que não me tratou feito cão
Me amou, de tal maneira
Que me tirou da coleira
E encheu meu coração
Cantemos ao Deus
Que de sua glória se despiu
Cantemos ao artista
Que este mundo esculpiu
Cantemos de novo
a Quem formou galinha e ovo
Bela é Belém da Judéia,
Bela é Belém do Pará;
Mais bela é a cidade
Em que eu irei
com Cristo morar.