Sildácio Matos
É, meu amigo, tudo passa, tudo passa!
Enquanto os bons sofrem e choram,
Os maus comemoram, e acham graça.
Somos nós, os criadores...
Das alegrias, das dores
Benesses e frustrações.
Somos luz na escuridão
A brisa, a calmaria
A tormenta e a prisão.
Somos o punhal, a adaga
A flecha e a espada
A cicatriz, o perdão.
Tempo nublado
Sonho dourado
Frio gemido.
Corpo cansado
Olho o passado
Fico perdido.
Foi tudo ligeiro
No tempo de um raio
Perco o sentido.
Gene Hackman
Ninguém bateu à sua porta
Sua amada, jaz morta,
Não presenciou sua aflição.
Era um retrato que respirava
Sua vida se desfiava
Sem Câmera, sem Óscar, sem Direção.
Tudo é tão insignificante ante a morte. E
não importa se vivemos por alguns minutos, ou por mais de cem anos.
Enxergam em tudo, o mal
O pecado, a perdição...
Falsos profetas de nada
Transformam tudo em culpa
Em inferno, em punição.
Desfilam suas vis figuras
Como se perfeitos fossem.
Pastores abestalhados
Enganam por todos os lados
Proclamando a salvação.
Condenam e julgam a vontade
Apontam seus dedos podres
Sem sequer, lavar a mão.
Sildácio Matos
Ah, que festival Dantesco
tripudiar ante a derrota do adversário
mesmo depois de humilhado...
Quem foi o real vencedor?
Quem foi o real derrotado?
A marca dilacerante
Da perda, num ínfimo instante,
Que acaba de acontecer.
A dor, de agora em diante,
Será companhia constante
Insistindo renascer.
Jamais seremos os mesmos
Os fantasmas, agora respiram,
E quase podemos os ver.
A vida tomou novo rumo
Perdemos o norte, o "prumo"...
O luto acabou de nascer.
É a normalidade que me espanta...
a passividade, ante o caos iminente
a esperança aniquilando a realidade
a hipocrisia deslustrando nossa mente.
O disfarce diário, o equivocado...
o desviar do sentimento aparente
sorrateiramente nos matamos,
sem nenhuma resposta convincente.
Buscamos muito pouco, nessa vida,
e muito pouco, já nos é suficiente...
somos prisioneiros de seres miseráveis,
vivendo, miseravelmente.
Há uma paz imorredoura
que não se consegue explicar
uma alucinação "consentida"
difícil de interpretar.
Experiência diária
delírio particular,
mostra de realidade
desejo de sempre pulsar.
A direção, não se conhece
a viagem é particular...
não há bagagens, ou malas
nem estação aonde embarcar.
Vc é seu próprio destino
o único a viajar...
se há uma hospedaria?
Ninguém nunca, voltou de lá.