Sidiney Breguêdo
Feliz é o homem pequeno, feito de barro amargo, mas com a massa cinzenta intensa e pura. O homem de cabeça boa, que na vida vence desafios.
Para vencer as adversidades da vida é preciso atribuir a elas uma dada normalidade que as torne comuns. Desta forma, uma montanha se escala, um gigante se derruba. Para se passa em uma prova é preciso dá a ela a importância de algo que se faz todos os dias. Assim supera-se outras situações comuns e se chega a qualquer lugar.
O requisito para alguns cargos é a própria história do candidato. Para ser juiz não basta conhecimento intelectual, é preciso aquele toque dado pela vida, que torna sábio o homem, acarinhado pela leveza do ser. O que não se diria de outros profissionais, como o advogado, o médico, o membro do Ministério público, o presidente da república ou, o mais importante deles, o professor.
Quer chegar a algum lugar? Olhe para dentro de você, todas as estradas estão dentro da gente. Se perder-se, feche os olhos, certamente vai se localizar.
Quando Deus soprou vida no barro, o depositou já com vida em duas situações diferentes, ao primeiro colocou em berço de ouro, com cobertores quentes e alimentos variados. Ao segundo, soprou vida e o colocou em qualquer lugar, na dita rua da amargura. No entanto, quis o Mestre privilegiar o segundo, pois foi a ele que depositou na manjedoura. É um privilégio se posto a enfrentar desafios. Visto uma pedra na frente, deve-se supera-la, criando assim novas oportunidades.
O cérebro é surpreendente, utilizamos dele a parte mais imbecil e desnecessária. Quando vemos alguém utilizar outras partes pensamos ter encontrado um gênio, um cientista, um vencedor, ou um maluco. Na verdade, deveríamos perceber do encontro que somos apenas um medroso.
O SAL DA MINHA VOZ
Não reconheceram
Minhas palavras como ouro
Ou trigo,
Mas escutem o que digo:
Amanhã se levantará
Um grito
Que tropeçando se arrastou
Por toda a vida
Dentro de mim.
Mesmo o silêncio
Das pedras
Vai murmurar
Escandalosas ideias
Que escondi.
Peço ao mar
Que com o seu sal
E alento
Empreste à voz das sereias
Os poemas
Feitos à minha Deusa.
As camas todas
Rabiscadas por mim
Com o sangue e o gozo
Da minha vida.
Não cicatrize nunca
A ferida.
Meu sangue escorrerá
Sempre pelo mundo
Nas revoluções camponesas.
Na prece
Nos quartinhos de bordéis.
Nos gabinetes
O açoite do meu grito
Vai prosperar.
O sal da minha voz
Tirará lágrimas
De olhos cálidos
E fará brotar o amor
No meio da guerra.
O sal da minha voz
Vai temperar a paz
Entre as Coreias
Esquecidas.
BREGUEDO