Sidiney Breguêdo
Quando não há nada no coração
Nem silêncio,
Nem perdão,
Uma voz muda deixa a votação
É que sem opção
A democracia acaba
Justo na eleição
DEUSA SEM ESPARTILHO
Estranho pensar em você
Deusa sem espartilho
Sem o cálice de vinho
Sem o olhar de mãe
A beira da minha cama.
Estranho beber de outra boca
Meditar em outra sombra
Deusa sem espartilho.
Passei a noite toda acordado
Enquanto você dormia
Ainda vestida.
Na rua soltavam bombas de gás
Que apenas enfeitiçava.
Foi com suas asas que decolei
Para o pesadelo...
Não entendia porque voava.
E voava sozinho
Depois de discutir sobre Deus
Na obra de Platão.
Não sei mais se Deus
É desejo ou vontade.
Me assusta minha tolerância
Sobre as coisas.
A certeza que tenho
Está velha e desgastada.
Se Deus não é desejo
Eu passo a temer
Minha vontade.
É estranho pensar em você
Deusa sem espartilho.
Tem aquele dia em que estamos desassossegados, é nestes dias que as poesias borbulham dentro da gente. É como se encontrássemos pela primeira vez a mulher da vida da gente. Não só uma, todas elas juntas. É o encontro com a mãe, com filha, com a mulher amada, com a amiga que ocupa lugar especial. Nestes dias não conseguimos fazer nada. Queremos um sorriso, daquela pessoa inusitada no bar quase cheio. Queremos um abraço apertado, daqueles que fazem a gente escrever uma obra prima. Sou daqueles poetas que alegram-se por nunca ter faltado inspiração. Mas eu tenho medo. Tenho medo que as poesias sequem. Tenho medo que o grande prazer que ganho todo dia se perca na serenidade dum dia desses.
Quando tudo acabar, ficará a memória que no Brasil, como em Lilipute, pequenos homens levantaram um gigante que estava adormecido.
Nunca imaginei que o hino nacional pudesse ser um som tão punk nos ouvidos amedrontados dos políticos.
Nos anos oitenta curtíamos uma música e namorávamos, hoje curtimos um Twitter e deixamos de namorar.
O que o poeta faz nas Redes Sociais? Por que grita, verbaliza, entona com está linguagem picotada, tão cheia de sotaque gráfico? Deus!
Carrega as verdades dentro dum saco preto e as mentiras num saco branco, transparente, e deixe as pessoas afundarem na própria ingenuidade.
Pensei que as pessoas da internet não fossem reais, e que isso às tornariam mais educadas. Como estava enganado!