Sergio Pacca
'Disse o masoquista ao sádico: "O que eu mais temo em você, não é o que pode fazer comigo, que é meu prazer, mas, que se canse de mim." Apertando mais ao garrote, o sádico responde: "A dúvida é meu prazer, e a decepção, meu trunfo. Por esse motivo, criei vocês, humanos."
(Sérgio Pacca)
Ídolos
A grande diferença entre ter ídolos e admirar pessoas, é que os primeiros, deve-se adorar e reverenciar. Jamais contestar. Quem admiramos são exemplos de conduta, personalidade e carisma. Nunca tive ídolo algum. No máximo, profunda admiração por pessoas comuns. Paulo Francis, Pepe Escobar, William Blake, por exemplo. Muitos amigos bem-pensantes e resolvidos, envolvem-se em brigas terceirizadas em nome de causas, movimentos aos quais sequer pertencem, ou receberam endosso. Justificam como 'autos de fé' em relação a justiçamentos que 'devem' ser feitos. Para mim, pura vassalagem por camuflado complexo de culpa. Assumida, inculcada, introjetada; realmente, não sei, e creio que muitos desses sequer questionem suas devoções. Nunca tive qualquer indício de 'culpa herdada' já que me livrei do cristianismo. E, isso, com três anos de idade. Da mesma forma, sequer me prostrei aos pés de ídolos estatuescos ou imaginários. Penso que ambos os ganchos estejam ligados intimamente a crenças. Na ausência de uma, se liga a outra. Um dos segredos de desvio de caminho do 'relicare'(religar), é que tiram a possibilidade de nos conectarmos com nossos 'Eus' internos, e colocam fetiches míticos no lugar. Uma das 'grandes feitiçarias' da humanidade. Meu ídolo é quem eu virei a ser, com minhas fraquezas superadas e meus vícios controlados. Mas, talvez meu 'eu' futuro não seja melhor do que o presente, ou de traços dos 'eus' do passado. Quem sabe? Nenhuma crença ou agremiação político-filosófica pode responder a isso.
(Sergio Pacca)
Boa parte das manifestações públicas sobre perda de entes queridos de alguém pode ser facilmente identificado em três correntes distintas: a primeira, "eu já passei por isso, e entendo perfeitamente o que esteja passando"(empática); a segunda: 'Cruz Credo, pé-de-pato-mangalô-três-vezes, que não aconteça comigo e nem com os meus'(terror absoluto disfarçado de entendimento), e a terceira, a mais comum: frases simpáticas curtas e citações religiosas(ainda é tempo de encontrar o meu messias, e olhe lá se o próximo não é você-arrependei-vos!). O típico pessoal protocolar(com ou sem venda casada no protocolo).
E, naturalmente, a parte menor, que lê e não dá bola. A tchurminha do 'morreu, antes ele do que eu'.
(Sérgio Pacca)
October 31, 2015 ·
O preconceito contra a figura mítica das Bruxas, remete a um fundo religioso e moral, que remonta às Bacantes, peça de Eurípedes. que data de mais de 2400 de idade. Algo que escapa à maioria das feministas, e, que, paradoxalmente, está ligada à raiz de todo o preconceito da mulher, como um ser de segunda classe, é a negação do 'Sagrado feminino' por conta dos judaico-cristãos e muçulmanos. O terror do controle de um gênero que tivesse suas próprias divindades, e meios de ter acesso direto a essas, sem passar pela figura de um 'deus sem nome e único'. No Evangelho Apócrifo de Enoch, no Capítulo 7, ilustra os 'anjos da segunda queda, que, desejosos das mulheres humanas, as escolheram, e com elas, conceberam Nephelins(gigantes, em latim, ou Titãs, em grego). O que preenche a lacuna deixada em Gênesis 6. Às escolhidas, foi ensinado, pelos anjos, a magia e sua anulação, conforme ilustram os versículos de tal apócrifo: "(...)3 Amazarak ensinou todos os sortilégios, e divisores de raízes: 4Armers ensinou a solução de sortilégios;5
Barkayal ensinou os observadores das estrelas(...)". Além de excesso de poder e vantagens ao gênero feminino, ainda lhes foi equiparada a posição de 'esposas dos anjos'. Tal herança de poder e superioridade 'importada', foi o motivo mítico de Javé ter 'colocado inimizades entre os gêneros'. No ocultismo sério, sabe-se que os homens são solares, diurnos, e as mulheres, lunares, noturnas, e são elas, as operadoras ativas de magias em Templos. Os gregos as temiam, os persas, as executavam, e, os muçulmanos(até a comemoração desse dia é vetada) e cristãos, as exterminavam como ofensivas à 'crença devocional.' Como reconhecer direitos e igualdade, a um gênero, que, além de ser o multiplicador da vida humana na Terra, ainda encerrava tanto poder sobre a Vontade Masculina? Portanto, as bruxas sempre foram retratadas como o mal, a feiura, a destruição e morte. O medo sempre constrói imagens para sua contaminação. À todas as Bruxas e Bruxos, nesse dia único(dia de todos os Santos), minha singela homenagem e reconhecimento.
(Sérgio Pacca)
Muitos, via religiosidade, mais cristã do que judaica, reputam ao 'inferus', inferno ou Hades, como sendo local de eterno tormento e torturas, mas, mesmo os antigos gregos, advogavam que nesse mesmo Hades, existiria um paraíso, destinado aos bravos guerreiros tombados em combate, que, no momento de suas mortes, seriam escoltados aos 'Campos Elíseos' por guerreiras ornamentadas com trajes de batalha. Na mitologia escandinava, o mesmo lugar recebeu o nome de 'Valhalla'. Como se vê, pela mitologia, apenas os bravos merecem redenção. Nietzsche, com o mesmo espírito, cunhava em 'filosofia a golpes de martelo': 'tornai-vos duros como o diamante, e não frágeis como os carvões, que, apenas a pressão, os torna nas mais preciosas de todas as pedras."
(Sergio Pacca)