SELDA KALIL
Os olhos ainda abertos hão de ver
Os neurônios ainda funcionais hão de pensar
E os ouvidos ainda na escuta hão de ouvir
O tempo é um livro aberto
Os rascunhos se acumulam
O vento vai abolindo o indesejado
E nos mostrando novos horizontes
Quando há vida
Obviamente há escolas
As lições soam em nossos abecedários
Descobrimos nossas essências
E deixamos de ser um secundário
Não estou equivocada
E nem me guardo em nenhum armário
O tempo me criou, tornou-se meu rei
Aproveitei minha chance sem me apagar
Sentei a minha mesa sem sonegar
Fechei meus olhos
Abri meu coração
Abracei-me.
As cortinas se abriam
Intimando-me a entrar
Reencontrei-me !
Amei-me intensamente
Haja paciência aturar pessoas desequilibradas
Levam todos a um ataque cardíaco precoce
Afetam e desestruturam toda uma família unida
Deixando marcas e resíduos imprecisos
Nada fácil conviver com pessoas desequilibradas
Porque o próprio nunca admite sua doença lavrada
Entra em auto defesa se achando normal.
Não nasci para viver sua vida!!!
Prefiro viver a minha.
Do meu jeito, sei amar
Do meu jeito sei chorar
Do meu jeito sei fazer poesias
Do meu jeito sei me fazer feliz
Loucos do seu ou do meu jeito...
Também amam!
MENTIROSO !
Era você o mentiroso !
E o tempo me provou isto
Bem feito pra mim quando acreditei
E não enfrentei o fogo que se alastrava
O mundo nem sempre é dos espertos
Quando as verdades se acentuam
São os primeiros a caírem no fogo
E saborearem seu próprio veneno
Bem feito, mentiroso de uma figa!
Enganou a todos, contou suas anedotas
Enrolou-se numa saia de feixe quebrado
Engasgou-se com os restolhos ficados
E enterrou teu pescoço no lamaçal
Nesta colisão pude perceber...
Que eu quase soube o que era o amor
Ainda bem que brequei no quase...
Ainda bem...Ainda bem !
Fui alertada que o barco estava furado
Quase naufraguei, quase naufraguei
Porque eu quase soube o que era o amor
Quase soube...quase soube !
Ainda bem... Ainda bem !
Era você o mentiroso!
Solidão, este mal que afronta multidões
Doença transmissível as almas sofridas
Frutos desta vida imposta e desajustada
Que derruba os humanos em dias assombrados
Nem tudo que reluz é brilho no seu aprendiz
Uma mal ação sempre gera uma reação que não condiz
Buscas incansáveis que desajustam almas em prol da solidão
Os sábios soterram os enganos da vida
Exterminando-os até desvanecerem
Entre mortos e feridos
Há salva-vidas em todo oceano
Brincar com o tempo...
Amortecer seu amanhecer
É postergar a vida em prejuízos
Os cristais brutos choram!
Os descasos das lapidações são perdas irreparáveis,
em retrospectivas de um passado sem juízo
A vida é realmente uma caixinha de surpresas
Um dia é da caça...
Outro do caçador.
Corremos atrás de ouros sem conexões
E quando encontramos as borboletas
Damos um giro em nossos corações
Nunca jogue fora suas borboletas
Quando não há certeza de suas escolhas
O ouro reluz e se finda em mar
As borboletas voam até o céu
E faz-se moradia.
Morrer de amor é perca de tempo
É dor de cabeça que não compensa
Deixam nossos cabelos grisalhos,
Tornando-nos fracos e inexistentes
Expelir amor de nosso ser e nos esquecer
É hilário e incompensável aos nossos olhos
Seja certo ou errado, o risco é notável
Morrer de amor viaja em muitos corações
Com passagens de idas e voltas às substituições
Melhor viver sem amor do que morrer por algo que nunca existiu
Não sei bem o que preciso saber
Sei bem o que de melhor posso ter
Corro sem muitas especulações
Sonho acordada sem nenhuma concordata
O MUNDO DE HOJE
De quem é a culpa pouco importa
Todos somos culpados deste sono profundo
Ninguém faz nada para sair deste naufrágio
Até os bons samaritanos estão adormecendo.
Enquanto o circo pega fogo neste universo ostentoso
Ficamos como palhaços adormecidos dentro dele.
O MUNDO DE HOJE
Enquanto nada acontece
Os fracos vão virando farelos nas mãos dos poderosos
Os fortes vão sugando até o dia do seu juízo final
O MUNDO DE HOJE
É isso ai.
Fatos são fatos
Realidade que enfraquece a fé dos humanos
Não há mais sentimentos sem segundas intenções
Virou um jogo de quem dá mais leva
Quem não tem morre no meio do caminho
Os gritos de misericórdia viraram música sem sucesso
São ensacolados e atirados na outra esquina.
LUTAR
Lutar sozinho
E como resolver palavras cruzadas
Se não conhecer os caminhos
Desejos surtam a beira da estrada
Fechar os olhos !!!
Sentir a bagunça se propagar em casa
A poeira se alastra...
As cores se perdem...
Tomam-se formas acinzentadas
Não há mais vagas nos corações
Exterminados...
Introduzem-se no anonimato.
Não vale a pena lutar
Quando os sonhos enfraquecem-se
Vasos quebrados não nos levam ao céu
Caímos como paraquedas
Vidros estilhaçam-se
Sem direitos a remendos ou consertos
Lutas sem respostas
Melhor não conhecer
E nem tampouco descobrir
Desde a era cristã presenciamos a violência humana
Erguem suas armas em prol da malevolência
Afligindo corações e estimulando o Santanás em sua prepotência