Sayonara T.
Mas me conformei a dizer adeus há muito tempo pra me demorar com despedidas.
É o meu nome.
Vai nessa.
Deitada. Com todas as listas cheias e um coração vazio. Murcho, pra falar a verdade.
Murcho como uma laranja que teve o seu sumo extraído.
Eu rezo pra que um dia faça sentido.
Pra que não tenha sido em vão.
Pra que as paredes me ensinem mais do que eu poderia aprender lá fora.
Pra que a solidão não doa mais.
Tem nada de errado em passar a vida construindo castelos no ar, o problema está em descobrir que não existe chão nem paredes nem castelo.
Só você e a imaginação mais fértil do oeste.
Perdida entre esperar mais mil anos ou aceitar que é só mais uma das coisas que não existem.
Quão burra eu tenho que ser pra esperar pelo que não existe?
O suficiente.
E nada muda, só a tristeza cresce
Ervas daninhas afloram livremente em terrenos inóspitos.
Jamais flores.
Deus me mandou pra viver só nessa Terra, sem irmãos pra dividir o peso, sem primos pra crescer junto, por que eu deveria esperar mais da vida?
Esperar não ser só?
Que bobagem.
Só perdi tempo com isso.
Às vezes, quando eu to deitada, quieta, não escuto barulho nenhum, e eu tenho a impressão de que se eu continuar assim, um milagre vai acontecer e eu vou ser consertada, como se nunca tivesse sido quebrada e remontada; como se nunca tivesse saído da caixa.
Mas sempre quebra.
Sempre na mesma emenda.
Às vezes, mesmo à contragosto, eu diminuo o passo, na esperança de que mude alguma coisa, de que seja mais esperta, sabe?
Mas não é.
Mil perdões.
Mil perdões, mas eu não posso me atrasar mais, entende?
Pássaros, Luas, Planetas - tudo se movimenta. E eu também.
Tá alto aqui.
E agora você nunca vai me alcançar.
Inventei tudinho.
Vôo, rodo e giro em torno de mim mesma até ficar tonta e cair.
Não tem ninguém pra me pegar
A escuridão está sempre aqui
Pra sempre do meu lado
Eu costumava caminhar por esta estrada
Segurando algum tipo de luz
Segurando uma vela
Me mantendo segura e aquecida
Mas a vela queimou a minha mão
E me deixou no escuro
Agora eu caminho na escuridão
Sem nenhum tipo de luz
E eu trago você comigo pra todo lugar onde vou, meu bem.
Digo vários nomes em voz alta esperando um que combine.
Olho pra todos os rostos e desenho o seu.
Você esquece de pagar uma conta, esquece de fazer uma ligação, esquece de passar o desodorante antes de sair de casa, esquece uma gentileza, um dia feliz, mas não esquece o que te agonia.
Um dos meus maiores sofrimentos é ter que lidar com quem confunde costume com afeição. Só porque você tá acostumado não quer dizer que você goste.