Sandra Ferrari Radich
“Creio que, uma cultura não prevaleça sobre outra, simplesmente,são maneiras diferentes de explicar o sentir e o existir na relação com a natureza e o outro, para então situar-se no mundo”.
O sol assiste silenciosamente o espetáculo do abraço entre o mar e o céu sem necessidade de nenhuma explicação.
NETO
Neto, pessoinha mais linda que existe.
Dá sentido a vida, preenche o coração,
A estrela mais brilhante da constelação
Suave lembrança no pensamento persiste
E percebo sua existência como uma oração
No encontro que brilham os olhos felizes
Num abraço carinhoso repleto de emoção
E o sentimento de imensurável gratidão
Venustos ventos
Vem vento, vem...
O vento sutil sopra a água suavemente
Ondulando o lago parado que reflete o sol e a criação.
A brisa balança os alecrins, ali nascidos, Loiros e elegantes.
Vai vento, vai...
Em bando, os passarinhos amarelos pousam delicadamente,
A natureza plena, à vontade, em completa discrição.
Confundem-se as imagens douradas reluzentes.
O vento vai e vem...
Furtivos encontros acontecem livremente
Não há nenhuma necessidade de explicação
Aos olhos que brilham ao assistir o espetáculo constante
Venustos ventos
É tempo
De tempo em tempo
As folhas varridas
Desnudam a arvore da vida
Os galhos aguardam atentos
Como sombras erguidas
Frágeis, porém destemidas
É chegado o momento
Da arvore estremecida
Pelos murmúrios da brisa
Pesada de frutos pendendo
Folhas e flores renascidas
Curvar-se agradecida.
A lenda da estrela cadente
Uma estrela no céu sentia-se solitária e pôs-se a voar, olhou para o mar e viu outra estrela nas ondas a nadar, ela estava muito só. Era a estrela do mar. As duas estrelas se olharam, se encantaram e Juntas nadaram. As duas estrelas apaixonadas ao darem o primeiro beijo transformaram-se em estrela cadente e puseram-se a voar. O amor era tão grande que viraram uma só. Um rastro luminoso como um risco no céu apareceu abrilhantando a doce união daquelas estrelas. É por isso que de vez em quando uma estrela cadente risca os céus. Isso acontece sempre quando uma delas desce a Terra em busca de seu grande amor, a estrela do mar, que depois é levada para viver para sempre no céu. Muitos casais ficam olhando atentamente para o céu tentando ver alguma estrela cadente para que seu amor brilhe eternamente!!!. Se por um acaso a vires, faça um pedido como faz tanta gente que ele se realizará.
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A onça vai beber água!
...
Tá na hora de a onça beber água!
É agora! Ela vai aparecer
Tá na hora do vamos ver
A onça distraída não resolve nada.
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Agora é decisivo
Tá tenso, tá difícil,
Mas não é impossível
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Quem faz a hora é você
De ter seu lugar no mundo
Não dar vez ao vagabundo
É o momento de o sol nascer
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Agora é decisivo
Tá tenso, tá difícil,
Mas não é impossível.
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O tempo não é da Onça
Temos direito a água dessa fonte
Porque só bebem os amigos da onça.
De repente eles surgem aos montes
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Agora é decisivo
Tá tenso, tá difícil,
Mas não é impossível
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Cutucar a onça.. tampouco.
A onça é predadora
Todo cuidado é muito pouco
A onça tá com sede. A hora é agora!
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Agora é decisivo
Tá tenso, tá difícil,
Mas não é impossível
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Quem será o animal?
....
Na Torre de Babel animal
Não há confusão, vence a união.
O importante é a comunicação
Ela é pura energia universal
...
Somos sempre desafiados,
Anseiam por nos fazer entender.
O que será que querem nos dizer?
Com os sinais e sons articulados
...
Cai na real! A prova é cabal que o homem anda mal
Olha bem a ironia, quem será o animal?
...
Uma grande fauna literária
Fazem chamadas à ação,
Aguardam nossa compreensão
Tem muita situação arbitrária
...
O que vale é a boa intensão
Não contrariar a natureza.
Poder progredir sem que pereça
Pare! Pare! Com a alienação
...
Cai na real! A prova é cabal que o homem anda mal
Olha bem a ironia, quem será o animal?
...
Para o animal em extinção
Cada um receberá o que merece
Qual será o galardão?
Daquele que ir contra a criação.
...
Cai na real! A prova é cabal que o homem anda mal
Olha bem a ironia, quem será o animal?
TORRE DE BABEL ANIMAL
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O Chorinho de Odeon
O leãozinho embaraçado
Ao invés de rugir soltava uma canção.
Engolia a seco o seu som engraçado
Pedia desculpas: - foi sem intenção.
...
Cadê aquele rugido tenebroso?
Só se ouvia um som baixinho e choroso
E ainda fora do tom. Era o chorinho de Odeon.
Não fazia sentido aquele leão choramingão
...
Cresceu o leão e ganhou um violão, ensaiou tom por tom.
E não parou mais Odeon. Mas não é que ficou bom!
Ora, Ora, o que importa, o som era muito bom.
Não interessa a resposta, era bom e era o seu dom.
...
Todos paravam pra soltar rojão, ao ouvir o chorinho de Odeon.
Sem hora para acabar, juntos cantavam o bordão?
...
Mais uma vez! Rugi outra vez!
Essa é a canção! Esse é o som!
Mais uma vez! Rugi outra vez!
É muito bom, o chorinho de Odeon!
Olhar para o outro
Com olhar de atenção
Olho o outro e sua intenção,
Meus olhos se desnudam
E as coisas mudam.
No lugar do outro
A verdade perde a razão
Cada pessoa, cada coração,
Os olhares se encontram
As coisas se transformam
Ao olhar para o outro
No sentir da comoção
Uma profunda realização
Todas as mentes clareiam
E as pessoas se abraçam
Nós, não os outros...
De repente, vejo a multidão
Será tudo uma grande ilusão?
Nessa hora, meus olhos registram
Que as pessoas não se olham.
Eu e os outros...
AS VIAS DA VIDA
Revista a vida vivida
Não sinto-me em dívida
A palavra que fica é dúvida
Revejo conceitos
Deveras vida vivida
Na longa via da vida
Quanto mais percorrida
Cai por terra preconceitos
Incertezas é o que fica
E a paz em contrapartida.
Vida bendita não esclarecida
Às vias de fato... Satisfeita.
Ler é ter a palavra como sua e tirar proveito da sua essência, escrever é tomar posse da palavra e se aproveitar de sua existência.
Tão somente
Ler é sentir a palavra como sua
Explorar sua essência
e encher a sua mente.
Escrever é tomar posse da palavra
Tirar proveito de sua existência
e esvaziar a sua mente.
Escrever e ler são tão somente
Deitar as palavras no papel
Para que se aquietem por ali
Acordem quando lidas
Até tomarem vidas
E saírem por aí...
Soneto da descoberta
Descobrir é brincar de se esconder
Para espiar vendo as coisas de longe
De repente surgir não se sabe de onde
Trovejar feito nuvem para chover,
Sem pressa os momentos desnudar
Ao pé da letra, como criança sem jeito,
Não parar diante de seu maior feito
Revirar-se feito terra para plantar,
A espreita nas entrelinhas se ajeitar.
Ler ao contrario, mudar seu olhar,
Enxergar feito criança de ponta cabeça
Espernear até a resposta encontrar
Pelo avesso se necessário virar
Crescer feito raiz para se sustentar
Pobre Bicho Homem
...
Bicho Homem,
por onde andas,
andas a devastar.
Deixa o rastro revelar
Abusa da natureza
Até esgotar a riqueza
Pobre Bicho Homem
Ela há de te cobrar.
As Voltas das Entrelinhas
Há palavras que preferem se esconder,
Para que não fique nada por dizer,
Mas, deixam brechas que o vento vê.
E o vento não gosta das coisas no lugar
...
Ele não passa de um menino daninho
E as sopram e embaralham pelo caminho
Jogam-nas ao mar num barco sem destino
Não se sabe o rumo que irão tomar
...
As palavras soltas no universo infinito
Caindo em campos desconhecidos.
Não se sabe a consequência que virá
...
Poderão chegar mansa como a chuva fina
Ou brava como a tempestade que assola
Ou após as voltas, caíam inteiras no mesmo lugar.
...
Ademais aparecerão sempre nas entrelinhas
O riachinho chorão
Eu sei onde se esconde
Um riachinho chorão
Fica lá bem pertinho
De um pé de Cachuá
Junta-se ao som do vento
Que sopra sem parar
E ao pranto da chuva
Que cai de Marachuá
Vira um Chororô só
Irritado o riachinho
Desce como enxurrada
Barulhos se misturam
Reclama o riachinho
Ninguém liga pra mim
Diz balançando o Cachuá
Porque foges de mim?
Cai a chuva sem parar
Vendo tudo inundar
Começa a reclamar
Sempre sobra pra mim
Chuá,Chuá,Chuá,Chuá,
Chuá,Chuá,Chuá,Chuá,
BORBELA
A borboleta amarela
Saiu de uma aquarela
Para um dia de Cinderela
Nunca vi coisa mais bela
Voou em glória só dela
Espalhando pó de pérola
Todos encantados por ela
De pé aplaudiram Borbela
Tudo acabou num segundo
Caiu por terra o seu mundo
Findou a hora encantada
A borboleta voou pela janela
Deixando um rastro de brilho
Do pó de suas asas caído
No chão sem chão
Trabalhou sua vida inteira
Não quis saber de poupar
Mandou o mundo se danar
Viveu uma grande bebedeira
Jogou trabalho e família no lixo,
A vida e os amigos verdadeiros
Não tinha moradia e nem dinheiro
Sempre pronto para alguém culpar
Jamais se deu conta disso
Viveu em bares a perambular
Achou que tinha vários amigos
E eles só queriam aproveitar
Quem o amava esperou em vão
Dizendo: - isso há de acabar.
Porém, só dependia dele mudar
Morreu entre as caldeiras do bar
Velho, no chão e sem chão, ali ficou
Imaginaram que a causa era bebida
Nem pensaram que era falta de vida.
Estirado, até que a família o resgatou