Sana
Tão estranho sair de casa, passar pela avenida e não te ver andando, assobiando, arrastando a sandália… tão estranho não passar pela sua casa e falar "É o vô"... esse era o nosso Bom Dia, Boa Tarde, Boa Noite, era o nosso como vai, eu te amo e abra a porta.
Sem nenhuma maldade no coração, fazia questão de acordar cedo e acender a churrasqueira, comprar a carne e reunir a família quase todo final de semana..
O tempo não faz com que a dor e a tristeza diminua, a gente aprende a conviver com elas. E a maior dor não é a do agora, mas sim daqui a 5 anos, quando eu estiver, quem sabe, na minha casa, quando eu estiver na sua casa, comendo, bebendo água, quando eu estiver passando na avenida, olhar pro banco e não te ver sentado, olhar aquele ponto de ônibus, com os seus amigos jogando dominó e o senhor não estiver assistindo, conversando, rindo.
O mundo deveria conhecer o meu avô, as pessoas deveriam poder ter o prazer de ter conhecido um homem que foi o herói de muitos, que lutou até o último segundo, do último minuto da sua vida pra sobreviver, fez o impossível pra criar os seus filhos, só não teve a sorte e deles serem botafoguenses, mas acompanham o confiança, por sua influência. Quando não era na TV era no radinho de pilha, colado no ouvido, pra não perder nenhum lance.
Se eu pudesse, eu sem pensar trocaria de lugar contigo, o senhor com certeza merecia viver pela eternidade e imitar a risada de vó pra sempre. Eu não hesitaria em doar o meu rim, o meu sangue, cérebro, córnea… O que for pra te ver aqui, mas como diria Tony Stark: "Parte da jornada é o fim", e a compreensão da mais primordial lei da Natureza é fundamental para seguir em frente.
Vô, me perdoe por nunca ter falado que te amo, por nunca te chamar pra conversar. Foi sempre o senhor, com a alegria no rosto e informações sobre os vizinhos na cabeça, que fez com que eu, sua família, sua esposa, seus filhos, netos e amigos te amassem.
Eu te juro fazer o possível pra manter o seu legado, o seu sonho.
Descanse em paz…
"Perdemos um mergulhador, perdemos um mergulhador"
Vou embora até quando estiver bem
Até quando estiver mal
Vou embora sem amor
Sem paixão e sem rancor
Levo comigo a frieza
A tristeza e a solidão
Por ser um cara tão escroto
Com uma mente tão podre
Incapaz de salvação
Deixo apenas a desculpa
Nutrindo suas lágrimas
Com o sentimento de culpa
Carregando minha mágoa
E ainda com mesóclise
Dar-te-ei a esperança
De um dia a confiança
Abraçar a sua alma
Sem sentido o que luto
Não vale nada o esforço
Pra quem nasce já com tudo
E contudo anda confuso
Andarilho triste e só
Vivo e morto é o mesmo pó
E pra quem vive pensando
Existência é dor e dó
Hoje, minha alma chora
Se despedaça
Abraço as marcas
Do cansaço
Da insônia
Porquê?
No escuro
Não me deixe aqui
Tenho medo
Assombrado
Tormento
Não consigo dormir
Eles estão aqui
Não os vejo
Não quero ver
Porquê?
Minha fraqueza me faz acordar
Minha tristeza
Porque minha tristeza?
Me abraço a ela
Me sinto vivo
Não ouço nada
Eu sinto
Não
Sensato
Fique
Por favor
Não me deixe
Não
Não
Não me deixe
Tá frio aqui
Hoje o meu corpo que morre
minha alma que chora
como uma facada
não que eu não queira te ver
mas é que existir
cada vez mais me mata
preto e azul como o céu
que também me faz réu
hoje eu choro tanto
mas tanto
não por fome
nem afeto
nem por dor
hoje eu choro por ela
sempre por ela
sempre por ela
que a minha dor e frieza me consuma
eu mereço
a dor me faz continuar
a existência me mata todo dia um pouco
e eu gosto disso
queria que fosse mais rápido
instantâneo
conforto
Você é linda
Porque respira
Porque Caminha
Porque existe
Porque tem brilho
Dentro dos olhos
E como eu olho
Já admiro
Pelo vestido
Que tanto adora
Que tanto abraça
A sua beleza
Juliana você é incrível.
Eu amo você <3