Samuel Pasinato
O tempo
é o principal
inimigo do homem médio,
ele está sempre
correndo em nossa
direção
e nós não
estamos acompanhando
com vontade,
estamos ficando para trás,
e a principal
corrida de nossas
vidas
nós estamos
perdendo.
Na maioria dos dias.
Na maioria dos dias,
olho para as
pessoas e sinto
que não me encaixo
no mundo em que
elas vivem.
Vivem suas vidas
no modo automático,
não compartilham
suas emoções,
seus sentimentos.
Não conseguem absorver
o dia ou
a noite,
quem dirá absorver
o amanhecer de
cada manhã.
Estamos fadados
a conviver em
sociedade ou
viver na
sociedade.
Para ser sincero,
eu sobrevivo,
compartilhando meus
sentimentos demais,
com uma sociedade
de menos.
A única coisa
que me alegra
é saber que,
não estou só,
estou comigo
mesmo.
Na maioria dos dias
eles passam
e quase ninguém
percebe.
Somos as
cascas do
amendoim.
Torrados pelo
fogo da
sociedade.
Espalhados
pela peneira
do mundo.
Levados
pelo vento
forte da
vida.
E jogados
ao chão sutil
da morte.
Estamos todos submetidos
as condições do sistema,
é como se entrássemos
em um ciclo infernal.
Todo dia depois das
6 horas,
já não consigo mais
viver,
estou morrendo.
Todas as pessoas
parecem concordar que,
esse é o caminho
para o sucesso,
eu tenho minhas dúvidas.
Por enquanto,
eu sigo esse caminho
até onde conseguir aguentar,
mas parece que estão cegas.
Eu caminho com elas
elas estão de
mãos dadas.
Eu ando sozinho.
É como se eu
soubesse que estamos
no caminho errado,
mas eu não conto
pra ninguém.
Nada é suficiente,
quando você já está preenchido,
quando sua alma já transborda
o que pra maioria
é mínimo.
Para quem consegue enxergar,
tudo é grandioso,
o nascer do sol,
a chuva,
a música,
tudo é um espetáculo.
Minha alma já está lotada
de coisas grandiosas
das quais
ninguém mais consegue
imaginar.
Está cheia,
e ainda consegue absorver
mais.
Ás vezes
me pego em mim,
olhando para o nada
e pensando em tudo.
Olho para o nada
e observo e absorvo
o tudo.
Existe mais verdade
quando você se vê
pensando diferente
do todo.
Eu preciso
de uma ideia
para escrever
este poema,
pergunto por aí
mas ninguém tem um
boa ideia sobre o que
escrever,
escrevá sobre mulheres,
já está utrapassado para mim, respondo.
então escreva sobre amor,
já não cabe mais em mim, respondo.
então, jesus, escreva sobre o que
você quiser,
mas pelos diabos!
não escrevo por você.
Eu não,
eu não quero pouco,
eu quero o todo,
o tudo.
Eu quero tudo
o que puder absorver
desse mundo e
guardar na alma.
Eu quero poder ver
o mundo de outra forma,
eu quero poder amar
as pessoas de outra
forma.
Mas por que?
porque ás vezes é
tão difícil se relacionar
com pessoas que vivem
no mesmo mundo que você.
E eu sou pouco
perto desse todo,
sou mísero perto
desse mundo.
É demais para mim
entender os porquês,
os porquês de
todos serem o
mínimo pedaço do
todo.
Ela era linda,
dançava por toda
a casa
e gritava,
gritava sem parar,
para que
todos pudessem
ouvir seus
gritos
dançantes.
Por
suas curvas
eu deslizava
e sentia o
cheiro de uma
pele
que parecia
ser um
vestido de seda
cobrindo
uma porcelana
crua.
Caminhamos em direção
a um nada,
estamos fadados ao
nada.
Estou diante
da janela e
vejo o mundo lá
fora.
Vejo um monte
de gente,
vestidas com suas
vestes,
cobrindo seus corpos.
Passeios onde
as pessoas caminham,
calçadas de seus
calçados.
Todas possuem
acessórios em suas cabeças,
chapéus negros
cobrem suas cabeças.
Árvores que direcionam
a sombra sobre
a cabeça protegida
pelo chapéu das
pessoas.
Onde o sol não
pode tocar sua
superfície e aquecer
os pensamentos
Estávamos lá,
a muito tempo atrás
eu e ela
de mãos dadas caminhando sobre
o sol quente
de uma tarde de verão
sem se preocupar com
o futuro,
o agora,
estamos aqui
ainda de mãos
dadas,
sobrevivendo ao
tempo,
que matamos para não
morrer no infinito,
ainda caminhamos em
direção
ao sol quente
que agora
transformou-se
em inverno,
e o vento
gelado fragmenta
nossos lábios
ainda úmidos
de um longo beijo
quente
no frio.
todo dia quando
saio de casa
me enche o peito
de um grande arrependimento,
tenho que ver pessoas,
conversar com pessoas,
o pior de tudo era
ouvir as pessoas,
sair de casa
para mim era
como uma tortura
tinha dias que
preferia a
escuridão da sala
como a folha precisa do sol
ou como a semente
precisa da chuva,
ainda não sei
se o errado sou
eu
ou eles,
prefiro acreditar que
são eles,
no fundo sou eu mesmo.
Caos e ordem.
O caos é a falta de
luz em uma
tempestade.
É a fome
quando não se tem
o que comer.
É o carro quebrar
em uma interestadual.
É o desemprego,
quando chega o fim
do mês.
É a traição
da pessoa que você
mais ama.
Caos é o medo do escuro
quando chega a hora
de dormir.
É ter que conversar
quando você não quer.
É a morte do seu cachorro.
É quando você é pontual
e alguém se atrasa.
Caos é tudo aquilo
em que a ordem não está
presente.
A ordem é uma prisão,
enquanto o caos é a vida
em liberdade.
Eu estava lotado
de situações
desprazerosas,
meu trabalho
ia de mau a pior,
questionava demais.
Meus estudos
só me mostravam
o quanto a nossa vida
já é programada
pelo sistema e
ninguém liga,
minha vida amorosa
era a única
que caminhava
junto de outra vida
que compartilhava
os mesmos problemas,
desse modo
só nos restava
chegar em casa
e brindar para
suportar.
Meus poemas
para mim,
funcionava como
uma espécie de
catarse.
Era uma purificação
diária,
ás vezes semanais,
que limpava minha
alma.
Colocava tudo
no papel,
socando as teclas
como um soco que eu
gostaria de dar
nas pessoas.
Ás vezes,
eu me sentia sem
ter o que escrever,
alguns problemas
eu conseguia lidar.
Aquela.
Aquela mulher,
com seus
cabelos negros,
deitada em minha cama
de lençóis brancos,
o perfume doce
preenchia o ambiente
fazendo parecer um
grande jardim,
sua forma
dominava meus
pensamentos,
fazendo surgir
criatividade onde
não mais existia,
eu,
parado diante
da porta aos pés
da cama,
olhando para seus cabelos
e sentindo o cheiro doce
me brotava experiências
onde eu há
muito tempo não
tinha,
seu olhar mirava
o teto,
acredito que imaginando
um céu
lotado de estrelas
observando a
descida de
uma deusa,
a paixão
me cobria
por inteiro,
o amor era algo
inato em mim,
mas sentir aquele
calor e o pulso
ainda dentro do
peito,
me lembrava
que eu era
ainda um homem
apaixonado por mais
uma grande mulher.
Eu tenho
uma teoria do
porque
nos sentimos
tristes,
quando mais
entendemos como
o mundo funciona,
como as pessoas
agem,
e como
as coisas
e as
relações
no final
não passam
de um nada,
mais nos
sentimos tristes
em relação a
tudo isso.
Eu estava
cansado de tudo
e de todos.
As pessoas
só tinham um
interesse em
comum.
Todas estavam
unidas e prontas
para me destruir.
vinhos, semanas e mulheres.
a manhã me
consome como
o vinho que eu
bebo durante
a noite.
a noite já estou
consumido pelo
vinho e pela
mulher que se
deita ao meu lado
em minha cama.
a tarde já estou
consumido,
mesmo sem
mulher e sem vinho,
já passei pelo
primeiro e só
penso no que
está por vir.
Como um
copo cheio de vinho,
estou lá de novo
tentando me recompor
de um dia exaustivo,
o copo cheio
se repete várias
vezes,
como alguém que
não quer acreditar,
esvazio-o.
a garrafa,
já não passa
da metade,
consigo ver o
fundo negro,
com o resto
do líquido que me
ajudou a superar
mais um dia,
no fundo,
minusculo,
estou eu,
olhando para
cima,
vendo a luz
que entra pela
boca,
como o sol
domina as
manhãs.
O homem
possui uma
sensibilidade
absurda
para notar o nada
descendo por goela abaixo.
Engolimos,
digerimos todos
os problemas que
o mundo nos dá.
Pensar é se
atormentar.
Nos agarramos á
vida ou saltamos
para fora do trem
em movimento de uma
vez.
Sento-me dentro
do carro,
e observo o por do sol
vermelho,
cortando o céu.
Ligo,
o motor força
para pegar,
mesmo assim,
engato a marcha e
saio.
Mais um dia na
rotineira cidade,
onde o sol
desaparece mais uma
vez e as
luzes dos postes
começam a iluminar.
Todos nós
caminhamos na calçadas
e observamos as outras pessoas,
homens, mulheres;
pela calçada passam nossos
amores que nunca vamos conhecer.
estávamos olhando
para baixo enquanto ela
passou ou estava colado
com sua maldita cara,
em uma tela refletiva.
você,
que observa elas
passarem,
homem,
não deixe ela dobrar a
esquina,
não deixe ela entrar
no apartamento,
ou no táxi,
corra.
Seu amor pode estar se
distanciando de você,
não deixe as
ferrenhas regras
da sociedade
separarem vocês dois.
Todas as nossas vidas
estão sendo desperdiçadas,
estamos jogando nossa
humanidade no lixo.
Acordamos em um dia
e o primeiro movimento é
comparar nossa vida
com a de outros,
andamos em carros
com parcelas altas,
mais altas que das
pessoas que conhecemos.
Usamos roupas com nomes
de pessoas, cuecas,
camisetas e calçados,
malditos calçados!
A mídia nos vende
exatamente o que queremos
comprar?
A propaganda conhece
nossos gostos?
O tempo está passando,
sua vida está acabando,
você convive com pessoas
que odeia para poder pagar
as parcelas altas demais,
de uma carro melhor
que o seu melhor,
colega de trabalho.