Salomão Ferreira
Eu não vim pra ficar
Estou só de passagem
Enquanto a vida durar
Eu viverei com coragem
Não que eu seja insano
Também fico saturado
Também sou ser humano
E também fico cançado
A mente faz confusão
O peito mistura tudo
Entrando em combustão
Por dentro explode tudo
De repente tudo muda
E quero recomeçar
Peço que Deus me acuda
E volto ao meu sonhar
Não creio ser diferente
Do resto da humanidade
Todo mundo segue em frente
Maquiando a insanidade
Para escrever os meus versos
Não preciso de estudo
Observo o universo
E o mundo que tem de tudo
Vejo a chuva chegando
A lua na noite escura
Uma criança chorando
Ou um cachorro na rua
Uma rosa no jardim
Ou no vaso em minha mesa
O perfume de jasmim
Ou mesmo uma vela acessa
É tanta informação
Que nem posso imaginar
Além da imaginação
Eu posso poetizar
Eu faço dos meus versos
Um tipo de oração
Como se estivessem impressos
No livro do coração
A noite quando me deito
Recordando o meu dia
Projeto sempre em meu leito
Um amanhecer que irradia
Mas nem tudo é atendido
Nessa minha oração
Mas fico agradecido
Parto pra prorrogação
Quando eu era criança...
Membro me com muita clareza
Adorava empinar pipas,
Os dedo machucados e cortados com cerol
Batia no poste olhando pra cima
Furava o pe em prego
Cortava em cacos de vidro
Me furava em espinhos
E ainda mais quando meu pipa era cortado eu ficava muito triste e chateado...
E pensava munca mais soltar pipas...
Me aquietava dentro de casa fazendo qualquer outra coisa
Mas quando eu olhava na janela e sentia aquele vento no rosto...
Corria pra pegar o pipa e novamente correr o risco de me ferir ou ficar triste com um possível corte, mas não importava, a felicidade de soltar pipas era muito maior doque os ferimentos
Hoje em dia não me vejo tão diferente...
Não me importo com o furo no pé né com as pipas cortadas
Basta um vento sobrar no meu rosto que a criança que sempre amou soltar pipas, fala mais alto as vezes até grita... MANDAAA BUUUSSSCAAAA
Escuto o seu cantar
Como leve sinfonia
Converso com sabiá
Quando amanhece o dia
O bem-te-vi que me acusa
Com seu cantar altaneiro
As vezes ele abusa
Me entrega pro mundo inteiro
Todos os passarinhos
Jamais me megaram o canto
Estão sempre em meus caminhos
No meu riso ou no meu pranto
Eu sou como um livro aberto
Garanto não esconder nada
Sei que não sou muito esperto
Porriso tem folha arrancada
Pelo tempo eu vivo a digitar
Já larguei a caneta a muito tempo
Faço isso também com sentimentos
Mas nem todos eu consegui mudar
Não existe maneira de excluir
Resetar já não é uma opção
Quando um ai começa a sair
No teclado nosso coração
Quando a chuva molhar os olhos teus
E a saudade bater em tua porta
Olhas para os olhos meus
Entenda que nada mais importa
Se a dor te faz prisioneira
Rebentas a corrente e se liberta
Que sejas a tua pioneira
A primeira a abrir a tua porta
Talvez esse medo que consome
Encarcerado teus ais
Quebra a corrente e ele some
Te mostrando doque tu és capaz
A história que eu lhes conto agora
Não passa de uma ficção
Vim procurar quem perdi em outrora
Quando estive em outra encarnação
Com o tempo eu fui compreender
Que a vida me deu outra versão
Pra rever hoje nesse meu viver
Um futuro sem mais separação
Ela e pequenininha
Mas também lhe tenho amor
Adoro ver a joaninha
Quando pousa em uma flor
Se ela soubesse falar
Eu sei que me contaria
Sobre o perfume das flores
Quando amanhece o dia
Uma rajada de vento
Tsunami no mar
Ou mesmo um vento breve
Ou seja brisa no mar
Tudo esta em movimento
Que nos guia a direção
Tudo e parte de um momento
Para nossa evolução
Eu fiz do meu coração
Celeiro de bem querer
Pousada de afeição
Estrada do meu viver
Que tenha pouso seguro
Descanço e bom aconchego
Pra quem não constroi um muro
No jardim meu apego
hoje estou cansado
Com pensamentos em vão
Que povoam a minha mente
E não sai do coração
Não sou dono do destino
E não entendo a razão
Eu me sinto um clandestino
Fugindo na contramão
Hoje vou dar algumas pinceladas
Nessa tela parada a muito tempo
Vou pintar também meus sentimentos
Com as belas cores da aquarela
Vou fazer também uma limpeza
Pois eu vejo esta muito bagunçado
Vou deixar tudo limpo uma beleza
Retirar quadros velhos do passado
Levar tintas de cores mais brilhantes
Pra pintar a parede inexistente
Nada mais vai ser como era antes
Na fantástica tela em minha mente
Falando em compartilhar
De somar ou dividir
Prefiro multiplicar
O bom que eu vejo aqui
Eu sou como garimpeiro
Procurando em todo canto
E sempre vou encontrar
Histórias de acalento
O brilho de um olhar
Por mais que tente esconder
Não há como ocultar
O íntimo de cada ser
Vou fugir como quem foge da guerra
Por não ter mais chance de vitória
A luta que é melhor quanto se encerra
Muda o rumo da minha trajetória
Até mesmo na dificuldade
De subir a montanha bem distante
Sinto grande a felicidade
Ainda que não seja o bastante
Na subida descança e faz parada
Repousa nos braços da confiança
Atento ao espetáculo da vida
Faz esteio da própria esperança
Segue ao alto,quem ao alto se destina
Pertencente aos grandes lutadores
La no alto sim, ele se inclina
Pra dar graças a Deus dos sonhadores
O que procuro está me procurando
Com certeza hei de encontrar
Se o tempo não der alternativa
Noutra vida eu vou continuar
Acredito que não vou desistir
Esse livro tem muita folha em branco
Que o tempo me deixe colorir
Ou borrar suas folhas com meu pranto
O Sol vai cortando o céu
Seguindo seu passo lento
O Sol também é bonito
No sopro do instrumento
O Sol traz praia e calor
Na música traz sentimento
Si La o Sol esquentou
No som alegria e acalento
Si for Sol maior na leitura
Aumenta a beleza da nota
No céu ou na partitura
A magia não se esgota