Sacolinha

⁠Poema de rodas

Algumas pessoas julgam
o poema e o cadeirante
dizendo que são limitados
Mas bem sabem os dois
como é vasto o mundo.

⁠Estado de exceção

Ontem escrevi sobre pipa e bolinha de gude,
Hoje, sobre uma democracia ameaçada
E amanhã? Será que terei mãos para escrever?

⁠Cotas, feriado e assunto nas escolas ainda é pouco;
É melhor calcular e rever tudo de novo.

⁠Som, cheiro e cor

Palavra encantada
Palavra encanta
Palavra cantada
Palavra canta
Palavra.

⁠Telhado de meninos

... Mas na cumplicidade
Do perfeito efeito
Estrela, céu, escuro, preto
O universo derrama lágrimas
Através das estrelas cadentes.

⁠Cobiça

Antes de Etevaldo ter a ânsia de possuir aquele bem, ele, pobre, vivia muito feliz, obrigado!

⁠Inveja

A idade adulta me trouxe a dor de cotovelo.
As crianças são o meu alvo. Morro de inveja delas.

⁠Gula e Luxúria

A gulodice é o meu maior pecado. Estou engordando assustadoramente.
Um dia... vou acabar me comendo.

⁠Calor

Nossa, como você tá verão, hein!
É sol você mesmo.

⁠Estética

Ele malhava pra ela,
mas não surtia efeito.
Então passou a ler.
E descobriu que malhar a mente
é também um ato de beleza.

⁠Direção

Desolado pelo o que acabara de ouvir
Entrou no carro e ligou o GPS.
O que ele disse?
Siga em frente!

⁠“... Sonhos dos quais não se lembraria quando acordasse
porque eram perfeitos demais para o ser humano.”

Do livro Manteiga de Cacau – Escritor Sacolinha