Rzorpa

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⁠Como se impede uma alma de ir,
obrigando a imaginação a ficar ?
E a sempre vida curta de uma
obrigação, vale a pena obrigar?

Inserida por mariajoaodumas

⁠Ela não se diz, Ela foi
não é alegria, que esvoaça e poisa
Ela engasga, suspende e cala
no tempo de um susto
no tempo de um espanto. e vai

não falou, não disse que ia
Felicidade, é a coisa
não se diz, sobrou
no travo a saudade
na sensação tardia.

e quando eu morrer, um dia
que se guardem, meus olhos
junto ao encontro do encanto.
Ali, antes da saudade
entre o susto e o espanto.

Inserida por mariajoaodumas


há um vendaval iminente
em cada passo que te aproxima
um arrepio que a pele sublima
nessa espera por ti urgente

nesse ar teu que faz do clima
um ranger gemido e quente
suave sentir roçar do ventre
como só o mimo toca e mima

ah, o desespero de quem te sente
nesse vendaval que se aproxima
sem saber como se prende

se por entre por baixo ou por cima
este vendaval que demente me fustiga
como quem beija impunemente

Inserida por mariajoaodumas

⁠um dia, acordei esfomeado
troquei o coração por maçãs..
perdi a fome e a alegria das manhãs
e morri, tardes e noites, sem fim

Inserida por mariajoaodumas

⁠a nitidez
é a maior
inimiga da imaginação
e a maior
motivação
da preguiça

Inserida por mariajoaodumas


vim, só para te contar de mim.
de uma vez dizer-te quem sou.
e vou agora que vim
contar-te tudo num beijo só

lento e profundo
com jeito de mundo
que não pára, despe e suspira
tua pele, de súplica vestida

que suplica no fundo
que meu beijo não pare
nem que pare tudo
nem que o mundo acabe

e eu, sigo-te neste jeito
louco e profundo
de quem só quer, no fundo
o mundo todo no teu peito

Inserida por mariajoaodumas

⁠O arrepio move-se por caminhos próprios e insondáveis. A única coisa certa, que se conhece sobre ele, é que é inimigo do obvio, ainda que, do surpreendentemente óbvio

Inserida por mariajoaodumas

⁠o que importa, quantos amores tive
se a eternidade não tem fim
se é em mim que a dor vive
quando, enfim, o dia morre

o que importa ser-se livre
se amar não for sorte
Se a morte for o único destino
O que importa ao Sul, se for Norte.

Inserida por mariajoaodumas

⁠gosto de perguntas
e do som do eco
que o pensamento
delas traz

Inserida por mariajoaodumas

⁠Imagine-se em suspiro, a pele.
e num cálido halito em flor
a sustentação suspensa do sopro
onde levite ébrio, um olhar amante...
.
atente-se na estátua, em calma.
no arfar suave do peito
o angulo raro, em jeito de ave
no poiso encanto, da alma...
.
imagine-se em voo pleno, a pluma
como um susto que arde
como em suma, o desejo clama.
imagine-se, em chama, o beijo

Inserida por mariajoaodumas

⁠hoje
acordei beijos
nos botões
que serão flor

Inserida por mariajoaodumas

⁠e se eu hoje pudesse
ser o que quisesse
seria tudo, num beijo

sem mãos, nem chão
sem corpo que se perdesse.
apenas beijo

num desejo profundo
inebriante e tão fundo
que nem ver, se visse.

como se enfim, sentir-se
fosse o único meio
fosse o fim supremo

Ah, se eu hoje pudesse

Inserida por mariajoaodumas

⁠o poeta pode enganar-se
ele é um Homem livre.
aprendeu a não ser vítima
daquilo por que sofre.

sabe que a dor é só um sinal
o acelerador da mudança
que só não vê, nela, esperança
quem desistiu de ser livre

todo o Homem será um poeta
sempre que lute pela liberdade.
e um dia, também eu serei livre
também eu poderei enganar-me

Inserida por mariajoaodumas

⁠se um dia me sentires tatear-te
talvez, da luz, o olhar se tenha perdido
talvez, por não ter desistido
eu mereça encontrar-te

Inserida por mariajoaodumas

⁠amar-te é como se luz
(luzindo fráguas
qual água até que fura)
morando nos teus olhos.

é dançar abraço dando
no piar de um ninho em cama
(que nos faz dançando
o chão fugindo)
pisar um céu de luz e chama

e o universo dançará à volta
(enquanto a luz for brilho
envolta no piar do ninho)
no balançar de um riso à solta

Inserida por mariajoaodumas

⁠Não são as pessoas
que nos roubam a paz
O que nos rouba a paz é aquilo
que nunca mais encontrámos.

Inserida por mariajoaodumas

⁠e foi sobre esse voar
(de alma e pranto)
que se viu chuviscar
o sol (amplo e nascente)

e foi desde e por entre
o desanuviar do espanto
que um quê de encanto
se esfumou crescente

quem sabe se nevoando
solidão sobre os beirais
se lembrando ais
no crepitar da saudade

quem sabe, quem sabe!

Inserida por mariajoaodumas

⁠Por vezes a profundidade
parece tocar o céu..
O que nos levanta a dúvida, sobre
se mergulhamos ou se voamos

Inserida por mariajoaodumas

⁠o vazio é como o nada
não existe
só existe aquilo que nos prende
pois o nada
seria sermos livres

Inserida por mariajoaodumas

⁠Há na essência do livre pensamento
Um sensível estado puro, de alma…

Num flagrante delito, de corpo ausente
Há um poder, que limites não tendo
Se faz cais que acolhe, ambiguamente…

É um estado ébrio, de incontida ilusão
Sentida loucura, vestindo-se liberdade.
Como bruma, nevoando lubrica excitação
Que subverte, evapora-se pura realidade…

Mas nesse contexto irreal de impunidade
Há um juiz que se julga, inconscientemente
Nascido conluio, entre prisão e liberdade
Entre a consciência e o que a crença invente.

Certo não sendo, juízo de igual instância
Livre pensamento, ou pensamento livre
Talvez distância, entre saber e ignorância.

Pois só quem, preso, o pensamento tem
Absolve ou culpa, julgando-se, impunemente...

Inserida por mariajoaodumas

⁠ninguém é livre
enquanto foge
daquilo que sente

é como mentir-se
e ninguém mente
e continua livre

Inserida por mariajoaodumas

⁠ ..
..
diabo:
o medo conveniente
quando deus falha
..
..

⁠procura-me
eu prometo
encontrar-te

⁠...
.🌊🌊🌊🌊🌊
.
há no silêncio que o mar enjeita
um segredo que constante abriga...

há um amor, que por mudo amar
enxuga o olhar, que tão alto grita
nesse mar, onda de segredos feita
ardor que a medo, sal se faz chorar

num misto ar, com cheiro a mar
e secreta dor, que amar se agita
incerteza se faz, espuma desfeita
~onda~ se deita e se deixa levar...

doce embalar. aflitas ondas do mar.
desassossego, que alívio se enfeita...

Inserida por mariajoaodumas

.
.

ah, se livro ser, eu pudesse...
nada seria mais inebriante
que a contemplação trémula do olhar
entre páginas de um livro cúmplice

seria poder esperar-te, ansiosa de mim
com ar de quem veio só porque sim.
e eu, poder dizer-te tudo em palavras nos olhos
em silêncios, ansiosos de ti.

seria poder dizer-te, que os sonhos que lês
são contigo, porque viver só faz sentido
se eu for um livro
e puder ser-me, nas tuas mãos

nas tuas mãos cheias de mim
como se livro, sendo
eu pudesse...
ser de ti.
.
.
.

Inserida por mariajoaodumas