Rutyenne Márcia
Ensino da língua respeitoso
Ficar preso a gramática
Não é assim tão legal
A linguagem é poesia
Na fala da tradição e não tradicional
A linguagem é incorporação
Do meio em que se vive
E andar na contra mão
É mais difícil, acredite
Como disse Heráclito
Não é possível duas vezes
No mesmo rio se banhar
As águas fluem e a que foi já não estar
Bagno também poetiza
Que a língua é um rio com fluxo caudaloso
Enquanto água parada é a gramática
Deixando tudo desgostoso
Sucesso no ensino não haverá
Se a concepção gramatical não se alterar
O professor deve ensinar várias concepções
Mas sempre respeitando a linguagem e suas tradições
A gramática deve existir em função dos que falam
Ouvem, leem e escrevem suas práticas
Sofrendo processos de variação
Precisando ser respeitado em sua dimensão
O método para se ensinar a Língua Portuguesa
Deve-se ser repensado
Respeitando a língua materna
Esse tem de ser o diálogo
Não retirar a língua de sua realidade social
Estereotipando como difícil de aprender
Temos muitas variações linguísticas
E é disso que precisamos saber
A função do falante pode variar
Em dialeto, idade ou geracional
A função do ouvinte compõe graus de formalismo
Modalidade e sintonia incluindo dinamismo
Se a escola o hábitos cultural do aluno valorizar
Com certeza habilidades na própria língua adquirirá
Sabendo narrar, descrever, dissertar e expor sem discriminar
No uso da linguagem oral e escrita não esmaecerá
Pois assim como nós seres humanos em constante mutação
A língua é miscigenada e cheia de vida
Consequência de sucessiva transformação
O preconceito linguístico não deve sernossaocupação
Entendendo as cicatrizes
Cicatrizes não expostas
Guardadas dentro de mim
Por conta da trajetória
Que chamam de mimimi
Quando me debruço nas histórias
E entendo a tradição
Minha ancestralidade é muito boa
Se tornando educação
Aprendo no ouvir
Pois a oralidade é importante
Aprendo no viver
Do dia a dia a todo instante
Aprendo enquanto vivo
Vivo enquanto aprendo
O que chamam de mimimi
Chamo de silenciamento
Saudades
Hoje eu senti saudades da gente
Das nossas conversas
Das nossas risadas
Hoje eu senti saudades da gente
De nossas brigas
E reconciliadas
Hoje eu senti saudades da gente
E não matei
O orgulho tomou minha mente
Deixei de lado o sentimentalismo
Mirei avante
Seguir em frente
Expectativa
Expectativas criei
Altas demais eu sei
Acontece que superestimei
O que não podia ser lei
Controlar é impossível
Não dá pra ser previsível
Pode até ser discutível
Mas cada ser humano tem seu nível
Não é a mesma medida e balança
Cada mente sua música dança
Expectar é voltar a ser criança
Guarde isso na lembrança
Quem é ela
Ela é dia de sol
Também noite estrelada
As vezes tempestade
E arco-íris quando passa
Uma menina mulher
Com olhar sereno
Otimista gosta da vida
Sorriso sincero irradia
Tem olhar cauteloso
Mas anda depressa
Com esculta ativa
A ninguém despreza
Se doa em excesso
Entrando também em recesso
Pois fica cansada
Perdida no processo
Não sendo só arco-íris
Mas tempestade também
Há tempo de sol e luar
E está tudo bem
Nem sempre precisa brilhar
Tampouco reluzir
Ela é autêntica
Se enxergou sem deduzir
Tem seus defeitos
Chata em alguns momentos
Gosta de tudo do seu jeito
Com ciúmes sai do roteiro
Quando chove logo se isola
Assiste filme e come pipoca
Quando cansa ela descansa
Sem fingir estar na bonança
O arco-íris sempre surge
Respeitando o processo
Então ela volta a colorir
Com seu sorriso expresso
Aprendendo
Resiliência é essencial
Motivação um caminho sem igual
Para a capacidade ser vista como tal
Sem inteligência artificial
Talvez chocolate seja a motivação
Não é sorte, é estudo
Para o desenvolvimento em questão
A epistemologia tem sua organização
Ter consciência pra se desenvolver
Como andar de bicicleta constante tem que ser
Feche os olhos e ouça o som
Um burburinho de automação