Rupi Kaur

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minha mãe sacrificou seus sonhos
para que eu sonhasse

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores. São Paulo: Planeta, 2018.

ela era uma rosa
mas quem a pegou na mão
não tinha intenção
de guardá-la

se já tivesse visto
a segurança de perto
eu teria passado menos
tempo caindo em braços
que não eram

eu não preciso do tipo de amor
que enfraquece
eu quero alguém
que me energize

a representatividade
é vital
sem ela a borboleta
rodeada por um grupo de mariposas
incapaz de ver a si mesma
vai continuar tentando ser mariposa

a questão sobre escrever é que não sei se vou acabar me curando ou me destruindo

você partiu
e eu ainda te queria
mas eu merecia alguém
que quisesse ficar

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores

não é o que deixamos para trás
que me destrói
é o que podíamos ter construído
se ficássemos

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores

tentei fugir tantas vezes mas
assim que eu dava as costas
meu peito sucumbia ao peso
eu voltava ofegante
talvez por isso te deixasse
arrancar minha pele
qualquer coisa
era melhor que nada
deixar que me tocasse
mesmo que sem gentileza
era melhor do que não ter suas mãos
eu aguentava o abuso
eu não aguentava a ausência
eu sabia que queria vida de uma coisa morta
mas não importava
que estivesse morta
porque pelo menos
era minha

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores

você não pode
entrar e sair de mim
tipo uma porta giratória
eu tenho muitos milagres
acontecendo dentro de mim
para ser sua escolha conveniente

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores

você liga e diz que sente a minha falta
encaro a porta da frente de casa
esperando uma batida
dias depois você liga e diz que precisa de mim
mas você não veio
no jardim cada dente-de-leão
revira os olhos de decepção
a grama decidiu que você é notícia velha
de que me importa
se você me ama
e sente minha falta
e precisa da minha presença
se não faz absolutamente nada
se eu não sou o amor da sua vida
com certeza serei a grande perda

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores

você me pergunta
se nossa amizade continua
eu explico que a abelha
não sonha em beijar
os lábios da flor
para depois se contentar com as folhas

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores

Todas nós seguimos em frente quando percebemos como são fortes e admiráveis as mulheres à nossa volta.

"Mais amor não dos homens mas de nós mesmas e uma das outras"

⁠Se você vê beleza aqui
não significa
que há beleza em mim
significa que há beleza enraizada
tão fundo em você
que é impossível não ver
beleza em tudo.

⁠acordei pensando que o trabalho estava feito
que eu não ia mais precisar de treino
fui ingênua por pensar que a cura era tão fácil
mas não há reta final
nem linha de chegada
a cura é trabalho diário

⁠ “Você é sua própria alma gêmea.”

(outros jeitos de usar a boca)

⁠A ideia de que todos nós somos tão capazes de amar mas ainda assim escolhemos ser tóxicos.”

( Outros Jeitos de Usar a Boca)

Você deve ter
uma colmeia
no lugar do coração
de que outro jeito
um homem seria
assim tão doce

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores. São Paulo: Planeta, 2018.

⁠meu deus

não espera dentro da igreja ou na escadaria do templo meu deus

é o fôlego da refugiada que corre
é a barriga da criança com fome
é o batimento no peito do protesto

meu deus não descansa entre as páginas escritas por homens sábios

meu deus mora entre as coxas suadas das mulheres vendidas por dinheiro
foi visto pela última vez lavando os pés de um mendigo

meu deus não é tão distante quanto eles às vezes dizem
meu deus pulsa dentro da gente infinitamente

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores. São Paulo: Planeta do Brasil, 2018.
Inserida por figueiredoanna

⁠acima de tudo ame
como se fosse a única coisa que você sabe fazer
no fim do dia isso tudo
não significa nada
esta página
onde você está
seu diploma
seu emprego
o dinheiro
nada importa
exceto o amor e a conexão entre as pessoas
quem você amou
e com que profundidade você amou
como você tocou as pessoas à sua volta
e quanto você se doou a elas.

Rupi Kaur
Outros jeitos de usar a boca. São Paulo: Planeta, 2017.

⁠vocês partiram o mundo
em vários pedaços e
chamaram de países
declararam posse sobre
o que nunca lhes pertenceu
e deixaram os outros sem nada

– colonizado

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores. São Paulo: Planeta, 2018.

ou eu romantizo o passado
ou perco tempo me preocupando com o futuro
não é à toa
que eu não me sinto viva
eu não estou vivendo
no único momento que existe

- presente

Rupi Kaur
Meu corpo minha casa. São Paulo: Planeta, 2020.

e se
não houver tempo o suficiente
para oferecer o que ela merece
será que
se eu implorar para os céus
a alma da minha mãe
pode voltar como a de minha filha
para que eu ofereça
o apoio que ela me ofereceu
minha vida inteira

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores. São Paulo: Planeta, 2018.

quando se tratava de ouvir
minha mãe me ensinou o silêncio
se você atropela a voz dos outros com a sua
ela dizia não vai conseguir ouvi-los

quando se tratava de falar
ela dizia aja com seriedade
cada palavra que você diz
é de sua responsabilidade

quando se tratava de existir
ela dizia seja ao mesmo tempo dura e doce
você deve ser vulnerável para viver plenamente
e forte o bastante para ser uma sobrevivente

quando se tratava de escolher
ela me pediu que fosse grata
por cada escolha que eu fiz e
ela nunca teve o privilégio de fazer

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores. São Paulo: Planeta, 2018.
Inserida por pensador