Rose Alexia
Não vou mais contar com o vento e nem esperar que ele leve esta nuvem cinza...
Acho que vou começar a assoprar
Minha vida é um poema meio assim sem rimas, com coerência, dividido em longas estrofes.
Às vezes mal interpretado, por não ter sido bem lido!
Um poema cheio de reticências...
Cheio de afirmações que podem se tornar interrogações e vice-versa.
Um poema que às vezes tem duplo sentido ou ao qual dão duplo sentido por conta própria.
Minha vida é um poema cheio de conteúdo mas, vazio a alguns olhos maus leitores.
Minha vida é um poema que teve início e clímax, mas que ninguém, tampouco eu ainda sabe o desfecho.
Um poema cheio de vírgulas desnecessárias ou muito necessárias, talvez.
Mas com nada que esteja entre aspas ou isolado entre parênteses.
Minha vida é um poema, cheio metáforas e paráfrases.
É um poema lindo.
Ou talvez seja um poema bobo.
Poema bobo sim, mas sou eu quem ainda tem forças para reescrevê-lo todo dia!
Mas deixa comigo, mesmo com pouca tinta e com as mãos trêmulas, eu sozinha já consegui escrever seu final.
Não será uma pequena turbulência ao seu lado que me levará a não querer mais ir às alturas com você.
Tire meus pés do chão.
Faça-me alçar voos infinitos.
Deixe minha cabeça nas nuvens menina e não permita-me nunca mais aterrissar...
Eram suas palavras 'versus' as minhas.
Seus pensamentos 'versus' os meus.
Meu modo de agir 'versus' os seus.
Sua forma de viver 'versus' a minha...
E mesmo em meio a um mundo contraditório sendo um 'versus' o outro, meu coração ainda criava versos ao seu...
Chega uma hora em que a gente se cansa, se silencia...
E vê que é hora de se rever.
E vê que é hora de olhar pra dentro de si.
É hora de se decidir se vale mesmo a pena o fato de se dar.
É hora de botar tudo na balança...
Não pra saber o que é mais pesado ou mais leve, mas pra se equilibrar e saber viver de maneira leve independente do que a gente leve...
Ela chegou abrindo um baú e nele ela trouxe o prateado lunar.
Trouxe o brilho do sol e com seu calor, me derreti toda em seus braços, abraços e amassos...
Sabe aquele vento gostoso do outono?
Foi ela quem trouxe!!!
Ela trouxe o beijo com a doçura de uma pêra, e tal como a pêra, me desfiz em seus lábios!
Ela trouxe a brisa que em noites quentes refrescou meu corpo quente! Quentíssimo!!!
Ela trouxe em seu corpo o calor que me envolvia em noites frias. E que corpo era aquele!
Com curvas sinuosas por onde eu viajava, pois ela me trouxe a paz em cada curva por onde eu me perdia...
E como eu me perdi!!
Ela trouxe a calmaria às minhas ondas agitadas...
Sabe aquele Amor brilhante como a lua, quente como o sol, doce como uma pêra, suave como o vento, calmo como o mar sem ondas? Estes fui eu quem trouxe e a ela dei.
Mas ela se foi...
E foi levando aquele baú com suas quinquilharias.
Levou consigo o que eu lhe dei e pegou de volta o que me trouxe!
Pensei que só uma coisa ela deixaria.
Meu coração??
Ah!! Sim, ela o levou.
O mar e o amar
Sentei de frente para o mar.
E sem nada pensar, acendi um cigarro.
Mas, logo me veio você!
Pensei no seu corpo, e o imaginei ali, lindo, junto ao meu sob os raios do sol.
Pensei no seu lábios, fechei os olhos e mordi os meus.
Olhei pra minha pele branca e me lembrei de como sua pele branca me faz queimar mesmo em dias sem sol.
Pensei na paz que você me dá e a comprarei com a paz que o marulho traz.
Pensei em você e senti sua mão em forma de brisa tocando meu rosto e meus cabelos.
Pensei no amor que sinto por você e o comparei com a imensidão daquele mar.
Minha mente atravessou todo aquele imenso mar, e meus lábios sentiram que a saudade compara-se a ele, por seu tamanho, estado físico e sabor...
E o cigarro?
Ah! Foi "fumado" pelo vento!
Mesmo com o coração ferido, posso sentar-me à mesa com você pra eu te ensinar as regras da matemática, do português, do Inglês e da física.
Mesmo com o coração ferido posso escrever sobre o amor.
E posso te tirar da mesa e das regras e te levar pra cama e esquecer que as regras existem...
Quando você vir à mim, prometo apreciar-te como adorno pra minha cama...
Ficarei à te observar como a mais linda escultura.
Pensarei em nós e me imaginarei sendo par deste adorno e deste corpo escultural...
Mas, também tentarei te deixar de lado.
Tentarei organizar meu armário (embora já organizado), te mostrar meus livros, meus desenhos, meus poemas, meus discos, pentear meus cabelos...
Tentarei acender e fumar um cigarro, usar o suporte clareador para os dentes ou ir até cozinha comer algo, apenas pelo enorme receio do que eu lhe possa fazer com as mãos e com a boca!
Eu me rendo.
Me entrego às traças.
Me transformo em metal, pra ferrugem me consumir.
Ou em madeira pra que cupins me devorem...
Ou em restos e dejetos dos quais os ratos se alimentam.
Só custa-me continuar humana e ser consumida pela dor da sua ausência.
Eu comporia as canções mais lindas pra você.
Escreveria os poemas mais perfeitos .
Eu cantaria a música mais linda mesmo com essa voz precária.
Eu dançaria minha melhor dança pra você.
Eu faria meu melhor prato.
Eu faria o amor mais perfeito com você.
Eu te conquistaria.
Eu faria MUITO por você, se por tão pouco não tivesse me deixado!
Pediu desculpas como se tivesse esquecido de colocar o relógio pra despertar.
Ou como se tivesse deixado quebrar o copo com o último leite.
Pediu desculpas como se tivesse esquecido o ferro de passar ligado sobre a camisa preferida.
Ou como se tivesse se distraído e deixado o último ônibus da noite passar.
Pediu desculpas como se tivesse se esquecido do moletom em pleno inverno. Ou como se tivesse deixado a lasanha queimar.
Fútil...
O pedido de desculpas virou coisa fútil.
As desculpas não evitariam o atraso.
Não fariam o último copo de leite se refazer.
Não consertaria a camisa preferida.
Não faria o ônibus dar ré.
Não aqueceria por ausência do moletom.
E a lasanha? Queimou!
Mas, foi tão cara!
Pediu desculpas.
Mas nada mudou.
A mágoa ficou.
O vazio deixou...
A dor se acomodou.
E não refez o coração que você mesmo prometeu que não quebraria...
E eu, que me sentia pequena diante de você quando tratava-se de estatura.
Eu me sentia grande quando tão pequena em seu colo.
Me sentia um ser enorme quando sua mão encobria meu pequeno rosto e seus olhos lindos fitavam os meus e seus lábios diziam "sua linda".
Eu era imensa quando lhe abraçava a cintura com as pernas e quando com apenas um braço você me segurava.
Eu me sentia gigante quando eu ficava na pontinha dos pés pra te beijar...
Ao seu lado, nunca me senti pequena.
Você fez com que eu me sentisse uma grande mulher.
Suas palavras, seus elogios, suas declarações de amor, seu carinho, o respeito demonstrado me faziam crescer.
Assim, passei a ver as coisas sob um novo prisma.
Mas hoje, quando olho pra mim, enxergo um vazio...
Porque agora o vazio no peito excede a grandeza que você é e que eu imaginava ter!
Vou te acompanhar com os olhos sem virar a cabeça.
E quando não estiver mais ao meu alcance, não se importe se eu ficar de "cabeça virada".
Quando fecho meus olhos te vejo.
Quando mordo os lábios te desejo.
Quando respiro fundo te sinto...
Venha unir seu corpo ao meu.
Faça-me entender o que dizem essas batidas dentro do peito.