Rosário Bissueque

⁠Reformas vêm, mas quem se beneficia?
Quem?

⁠A liberdade não é apenas um conceito;
é um espaço que deve ser vivido,
e em Moçambique, ainda estamos a lutar por ela, nas ruas, nos bairros e nos silêncios das casas.
Mas quantos ainda terão de perder a voz
para que a justiça nos alcance? Quantos pescoços serão de ser apertados para que a Justiça nos alcance? E quantas velas serão de ser apagadas para que a justiça nos alcance?

⁠O que realmente me preocupa é que, na visão de tantos brasileiros, todo africano é angolano, ignorando que a África é um continente vasto, pleno de territórios e histórias a desbravar.

⁠Na estrada do verão tudo oque se espera, não se faz chegar.

⁠
A política parece um jogo em que o vencedor é sempre quem tem as regras na mão.

⁠Que bom ver que ainda existem pessoas que dominam o ‘eu’ em todos os diálogos.

⁠É fácil apelar à calma quando se vive longe das chamas da indignação popular.

⁠Se a força é teu lema, recorde-te que a terra só floresce quando cuidada, não quando ferida pela espada.

⁠Sabes, minha mulher, às vezes acho que o mundo nos quer separar. Esses que governam esquecem que nosso amor é resistência.

⁠Lamentos lentos libertam lágrimas latentes, legando lições de luta e luto.

⁠Subam ao pódio crianças, pois sois voos da liberdade, que a terra outrora sonhou.

⁠Se o futuro é uma criança, em Moçambique parece um órfão perdido.

⁠Se houvesse prémio para a falta de noção, alguns já eram recordistas.

⁠Como baratas teimosas, quando sacrificam peões para proteger a rainha, resistem a qualquer tipo de inseticida. Afinal, quem disse que uma rainha não pode ser uma praga?

⁠O CROCODILO E O MACACO
O Crocodilo, com a boca cheia de dentes afiados, pediu ao Macaco: Junta-te a mim no rio. Juntos podemos controlar a água

Macaco, olhando com desconfiança, respondeu: Com a tua boca tão aberta, parece que queres mais a água do que a amizade.

O Crocodilo, sorrindo maliciosamente, tentou persuadi-lo, mas o Macaco, esperto, afastou-se. Eu não temo a água, mas temerei sempre a tua natureza, disse o Macaco.

A lição ficou clara: nunca se deve confiar em quem tem a natureza de devorar.

⁠Aqui, a chuva é benção e maldição, depende da estação.

⁠O poder é como uma faca, corta apenas quem está do outro lado.

⁠Dizem que a Nigéria é o gigante da África, mas um gigante que tropeça em seus próprios pés pode cair. Cai mesmo.

⁠Visto que a democracia é uma construção, onde estão as mãos responsáveis pelo alicerce?

⁠Naquelas cidades, até os semáforos pareciam indecisos, piscando verde e vermelho como se tivessem dúvidas sobre quem deveria passar primeiro.

⁠Ah, que delícia foi acreditar que éramos irmãos e que havia amor. Um prêmio para a minha estupidez, por favor!

⁠Quando o trono é mais importante que o povo, o poder torna-se um veneno que envenena até o próprio trono.

⁠Orçamento para repressão aumentado, afinal é caro calar tantas vozes que só pedem para viver?

⁠Falar é livre, claro. Desde que ninguém oiça, ninguém grave e, preferencialmente ninguém sobreviva para repetir.

⁠Ele abriu a porta, não havia ninguém, só o bilhete: Não olhe para trás.