Rosário Bissueque
Encontramo-nos à beira de um precipício no tempo, onde o poder curativo na sabedoria é escasso, com pouca educação no ensino e muita punição na educação.
Querido, nem eu sei, não sei, só peço que te afastes daquele teu parceiro que se associa com aqueles indivíduos enganosos de fato, aqueles que exibem sorrisos falsos no rosto, prosperando em atividades ilícitas.
Porque se te envolveres com eles, a confusão certamente te dominará e serás vítima das consequências que esses homens impõem, e nesse dia, a tua vida não terá qualquer valor para aqueles indivíduos que, ao procurar o poder, o fazem armados, serás preso, sujeito aos seus duros julgamentos e eu talvez nem esteja lá para proteger-te.
Filho, com o passado aprendido, deixa as impressões na razão e lembra-te que, influências são o que são, em sua essência única e inegável.
Tem cuidado com o que fores fazer, porque a maldade de uma pessoa pode estender-se a milhares, e a própria existência é um compromisso filho.
Evita aventurar-te em águas perigosas, pois lá dentro estão crocodilos traiçoeiros, eles são conhecidos por sequestrar indivíduos que, como eles, possuem também um propósito nesta terra.
Sê feliz, não faças muito, brinca com alegria, come com vontade e não derrames lágrimas, não derrames, pois esta é a dura realidade do nosso mundo.
Se duvidas das minhas palavras, aventura-te pelo mundo e testemunha por ti mesmo. Mas agora, já não é hora de roer as unhas de ansiedade, voa filho, voa! Lute mais, se queres ser homem.
O ar que respiramos é vida, mais do que uma simples necessidade. Fui ao local, aproximei-me e vi. Lá o concreto reina soberano. Ruas movimentadas, oportunidades, o pulsar frenético, o humano.
As portas se abriram, Messias entrou e desapareceu misteriosamente. Moisés entrou em seguida, tal como Filipe.
Não era um ato de caridade, mas as vidas eram envolvidas. Custo de reivindicação alto, habitação precária, metodologia definida e esforço de integração sem progresso.
Parou, virou e olhou para o povo, só zombaria, baixou a cabeça. Anos depois, atormentado, só desabafava, precisou de uma coragem de abandono, quanto Costa, o Antônio.
Em outros sítios, ninguém ligava, virou zero à esquerda, sem influência, com enfermidade por uma década e ficou marcado pela queda.
Respostas com golpe em perguntas, um progresso em rotas perigosas, e corações bondosos, em terras afligidas, erradicados sem piedade.
Ninguém aguentou, perseguiram-no, ele viajou pelo mundo, para todos os lados, sem planos delineados. E na busca de uma vida nova, eram ilusões, viu escuridão onde esperava a luz.
Eu nunca quis fazer parte de um movimento baseado apenas em aplausos, só se tudo ao fim da tarde, não tivesse preço algum.
A JUDITE
Tinha um nome, uma história e sonhos que flutuavam como borboletas ao sopro suave do entardecer. Mas a violência, esse monstro devorador que se esconde nas sombras da sociedade, não conhece nomes nem sonhos, devora vidas, destroça esperanças, deixando apenas cicatrizes na alma dos que ficam para contar a história.
Judite era uma donzela como tantas outras, com um sorriso resplandecente que iluminava até os dias mais sombrios, mas a violência, esse flagelo que atravessa gerações, não se comove com sorrisos. Corta alegrias, silencia vozes, deixando apenas o eco do silêncio onde antes ressoavam risos.
Ela tinha um futuro diante de si e um vasto mundo a explorar. Mas a violência, esse mal invisível que se opõe nas entranhas da sociedade, não reconhece futuros. Aniquila esperanças, aprisiona sonhos, deixando apenas um vácuo onde antes pulsava a vida.
Vagamos pelas ruas da vida, sem rumo definido, o destino é desconhecido e a distância é imensurável. Adaptamos cada estilo de vida aos valores em que acreditamos, porque estes princípios não nos foram ensinados, mas que, involuntariamente, devemos a nós mesmos.
Sigo adiante, resignado à vontade do fado que nos conduz por múltiplos rumos, pois cada passo é uma decisão e há quem tendo percorrido por trilhas similares, compreenda os porquês subjacentes às nossas escolhas.
Se tudo na vida é uma questão de escolha, então quero ser invisivel e não ter consciência da minha existência.