silenciosamente uma aragem enfuna as cortinas enluaradas
o céu resfria a lua vestiu uma charpa de bruma
os teus cabelos por travesseiro como dormirei?
durmo sob uma oliveira com o musgo por travesseiro
ao pé da janela dormimos no chão eu e o luar
folhas escuras tremem na brisa à contra-lua
após a festa da aldeia ficou ainda um crepe a lua cheia
rajada de vento a lua estremece na corrente
manhã de verão cheiro fresco a erva cortada
o mastro do barco com a lua brinca ao arco
lua de setembro lá fora o vento claro varre as estrelas
ao voltar dos campos abro a porta e a lua entra comigo
de manhã no Tejo que revoada de flocos brancos as gaivotas!
as pálpebras da noite fecham-se sem ruído
estrada poeirenta de verão figueiras enfarinhadas
uma brisa quente sopra um canto de rola adormece o pinhal
a aurora estende a rede de bruma pelos vales
um gaio levanta voo ficamos sós o pinhal e eu
a estação amua fumo de castanhas à esquina da rua
no lago um pato toma banho de chuveiro
tarde cinzenta o nevoeiro pulveriza o pinhal
por entre os salgueiros clarão sedoso das águas enluaradas
ninho de toutinegra num alcatruz que sede!
à lareira rom-rom do gato ou da cafeteira?
uma pétala de rosa no vento ah, uma borboleta
Ajude-nos a manter vivo este espaço de descoberta e reflexão, onde palavras tocam corações e provocam mudanças reais.