Rodrigo Quito
Minhas opiniões construí com base no que até hoje li, ouvi, vi e vivi. Há dez anos eu tinha opiniões muito diferentes das que tenho hoje. Eu tinha convicções; não as tenho mais, pois espero ainda o que irei ler, ouvir, ver e viver.
Já pensou que a Lua e as estrelas que você vê hoje são as mesmas que muitos outros já admiravam há muitos anos? Desde os ancestrais mais remotos até os grandes nomes da humanidade recente; aquele autor que você gosta, seu avô, pai ou mãe que não chegou a conhecer, Aristóteles, Hume, Kant, Schopenhauer, Nietzsche, Dostoiévski, Darwin, Galileu, Newton, Da Vinci, Michelangelo, Bach, Mozart, Beethoven, Chaplin, os passageiros no Titanic, Napoleão, Hitler, os soldados nas guerras, os prisioneiros de Auschwitz, os Faraós, os construtores das pirâmides, da muralha, etc... Espetacular não?
Quando o pensamento vai muito além do que as palavras podem explicar, o silêncio é a única alternativa.
Por vezes o pensamento ultrapassa os limites da linguagem. No mínimo tornam-se dispendiosas demais as explicações que, devido aos obstáculos da linguagem, pouco provavelmente seriam transmitidas/entendidas. Então preferimos não arriscar.
Quanto mais isso acontece, mais silenciamos.
Caminhamos por milênios e constatamos que aqui há tanto Nada quanto de onde partimos. Aliás, lá havia algo a mais...: a esperança de que encontraríamos algo.
Tu és o que eu permito que sejas;
Eu dito tuas possibilidades e impossibilidades;
Tudo que és e que tens, deves a mim.
Eu sou a sociedade!
Eu te pari e te alimentei;
Eu criei o remédio e te curei;
Velei teu sono e te afaguei;
Fiz uma revolução e te libertei.
Eu sou a sociedade!
Te ensinei a ler e escrever;
Criei o método e fui o professor;
Meus conhecimentos te fiz aprender;
Hoje te chamo de doutor.
Tudo o que sabes deves a mim;
Por que és arrogante e menosprezas o Outro?
Eu sou o Outro para ti;
Tudo deves a mim.
Tudo o que sabes e o que tens;
Inclusive a consciência de si.
Tu és “de fato” o que um Outro o é “em potencial”;
És apenas uma variante de toda a minha possibilidade real.
De animal natural te fiz social!
Geralmente ateus conhecem bem a bíblia... logo, conhecem bem o deus cristão. Se não temem em não crer nesse deus deve ser porque estão convencidos de que mesmo estando enganados na suposição de que esse deus não exista, mau nenhum lhes acontecerá. Pois, se esse for o caso, deus compreenderá que nesta situação, com a racionalidade que lhes foi dada, não haveria porque acreditar sem provas consistentes. Sabem com quem estão lidando.
Além do mais, deus não daria asas e proibiria o voo. Se deu a racionalidade é para ser usada. E a dúvida é a consequência do uso da razão.
Não existe céu nem inferno! Mas você só compreenderá e, consequentemente, aceitará isso quando estiver moralmente maduro; quando for capaz de ser bom independentemente de recompensa ou punição.
Cometemos barbáries e não vivemos tempo suficiente para reconhecê-las; deixamos a cargo das gerações seguintes.
A arrogância do homem é tão grande quanto a imensidão do Universo; condição primeira que não o deixa perceber a segunda.
Você vai dizer muita besteira até se tornar cauteloso. Daí então passará a falar menos e consequentemente dirá menos besteiras.
Coloque algemas nos homens...
então dominados eles trabalharão para você.
Coloque ideias nos homens...
então dominados eles trabalharão sempre para você, e de bom grado.
Assim, palavras substituíram chicotes.
Deram-me remédios dizendo "tome isto e ficarás bem" e não explicaram o que eu tinha. Um dia parei de tomá-los e me senti melhor.
Fizeram-me acreditar que eu precisava de muletas para caminhar enquanto eu tinha as pernas saudáveis para correr livremente.
Indicaram-me uma direção dizendo que aquele era o caminho. Questionei e me perdi nas incertezas... Não tinha uma direção a seguir, mas também já não tinha um fardo a carregar, por mais leve que tentassem fazer parecer aquele jugo. Então percebi que quem não tem pra onde ir inventa seu próprio caminho; é livre.
Somos redemoinhos de vento; parte, de um todo, que se organiza transitoriamente. Somos por um tempo individual e para sempre totalidade; temporários e eternos.
A humanidade pode ser uma linha de uma página de um texto de um livro... uma linha que não começa nem conclui nada.