Robson Ruas
A tristeza é enorme quando falta o brilho no olhar...
O corpo se entrega a uma profunda melancolia,
onde a noite traz lembranças em forma de nostalgia,
e o coração fraqueja, sem forças pra recomeçar!
Que o vento possa varrer toda a minha inquietude
sem esconder por debaixo do tapete a minha dor...
Que venha em forma de sangria esse acalento à alma,
que seja leve em mim toda a saudade que ficou!
Faz-se a arte, mas não se faz um artista!
Dá-se a vida, mas não se dá um dom!
É a inspiração divina num óleo sobre tela
guiando a paz que chega em forma de aquarela
no coração da vida!
A natureza é poesia,
é vida, alegria e amor!
É uma canção sem verso e melodia...
É a esperança num bailar de um beija-flor!
A poesia é uma seta
apontada em minha direção,
pois toda alma de poeta
diverge de qualquer razão!
Traduz-se um sentimento
à revelia de qualquer forma de emoção
e o que é expresso em palavras
pode não ser amor, mas sempre será paixão!
As mãos que um dia te deram amor
relatam hoje em linhas tortas uma saudade
e num choro compulsivo de inconformidade,
retratam em versos toda a sua dor!
As palavras afloram,
a sensibilidade flui,
os sentidos adoram,
a tensão diminui!
O corpo quer mais,
aumenta a pulsação...
Latejam as entranhas,
comprime o coração!
O corpo se entrega...
está sedento e faminto
fareja o desejo
e segue o instinto!
Há um temporal em mim,
que desbota a minha cor,
mas que mata a minha sede...
Há um vendaval em ti,
que assopra os teus segredos
mas não dispersa os teus medos...
Somos Éolo, somos tempestade
somos a vontade aparente do que queremos ser...
somos safra de uma diversidade
somos flor com espinhos, somos bem querer!
Eu quero o colo da sabedoria,
quero paciência no dia a dia
e sempre alegria no caminhar...
Quero em mim as cores da decência,
o discernimento e a luz da coerência
e a paz na vida festejar!
Na voracidade do breu
um halo em luminosidade se apodera de ti...
Circunda o teu semblante e te faz tão minha,
sem parecer que um dia te perdí!
Você é a luz que nunca se apagará em mim!
Pelas ruas divaguei meus sonhos,
procurando em cada rosto o brilho do teu olhar...
Semblantes lânguidos misturavam-se aos prantos,
não estava ali o que eu queria encontrar.
Não estava ali o teu sorriso
e a minha incerteza era só mais uma na multidão...
Em passos trôpegos e já de sobreaviso
voltei pra casa e entreguei-me à solidão!
Os nossos corações foram ponteados
e cuidadosamente zelados por uma flor,
que a partir do seu desabrochar
testemunhou e com carinho apadrinhou
uma estória linda, que mesmo sem mais existir,
nunca acabou!
E, de repente, você acha que tudo está perdido
que o destino é um desatino a te apunhalar...
que o teu momento herói, passou a ser bandido,
que passou a ser antigo o que ia se realizar!
Que o grande amor, já é dor na tua vida,
que o teu mundo começou a desabar,
que não existe mais a fé, nunca esquecida,
que já é ferida a cicatriz de um estagnar!
É quando surge uma luz...
E acalenta a tua alma te dando forças,
concedendo-te o direito de, novamente, ser feliz!
Molha-me, oh chuva
e enxagua-me de quaisquer intempéries
que madrugaram em mim...
Esperarei o vento brando bater à minha porta
trazendo notícia de que foi só um dia
que amanheceu assim!
Meu grande poeta, talentosíssimo brasileiro...
as pedras que um dia se foram, continuam no caminho
iluminei-me com os teus versos, de janeiro a janeiro,
mas sem você me perco e me sinto tão sozinho!
O teu itinerário poético ainda me inspira,
os diamantes de Minas já não são tão "gerais"...
O nosso lábaro timidamente tremula
pois quem te viveu não esquece jamais!
As flores do meu jardim
já não são as mesmas...
Levaram delas o néctar sem pedir licença
e num ato de indecência,
plagiaram a fragrância que a natureza lhes deu!
Liberte-se de todas as amarras
e esqueça o amargo beijo que a vida lhe deu...
O seu equilíbrio reconduzirá os seus passos,
devolvendo-lhe a paz que um dia você perdeu!
Imersos em minh'alma
estarão sempre os meus versos,
com a fragilidade e ingenuidade de um beija-flor...
batendo as asas e colorindo sonhos
e acreditando sempre que a vida é amor!
Não enchi a taça
com a bebida que você provou...
o seu vinho era seco;
o meu, ameno, tinto suave,
levemente degustado
sem a pressa que acaba uma festa,
quando a ressaca se transforma em dor!
Não faça do teu sentimento um wi-fi...
A senha disponível pode muito te machucar
e coração é lugar de um só morar!
Já não tenho em mim
o gosto amargo da partida...
Sinto-me leve com a despedida,
pois não mais há motivo pra ficar!
Levo comigo o teu sorriso
numa marca de batom
e deixo pra ti o meu cheiro
que ficou no edredom...
Lembranças de uma noite
em que o dia não amanheceu,
porque o que brilhava estava em nós,
éramos o sol!
Descontraída estava a Mona,
toda lisa e sedutora,
insinuando sensações
com um sorriso abrasador...
Quis desbancar a Vênus,
como sua sucessora,
erotizando os versos pincelados pelo autor!
Que seja farta a tua mesa,
que a prosperidade esteja sempre em ti...
mas que nunca falte a sutileza
e a sabedoria para o bem do mal discernir...
Que seja intensa a tua forma de amar,
que o teu clamor seja um clarão de paz...
que se formem distantes os redemoinhos,
que o perdão seja um gesto costumaz!