Saudade é uma linha tênue numa sombra trêmula e desigual.
Um silêncio escondido sem direção.
No branco infinito ficou ancorado esse absurdo apagado: a saudade.
Saudade é a penumbra entre a sombra e a luz.
Saudade é um silêncio vasto entre duas guerras.
Saudade é respirar o sacrifício da ausência.
Quando a lua se enfurece, o meu rosto insensato, quieto, sorri serenamente para o abstrato.
No vento, pássaro arrogante no grito, esvoaçando no azul,
desdenhando a pedra, ignorando a ponte: voai!
Venha fatigado que eu te revelarei a doçura do repouso em minhas mãos.
Rema as horas da sua vida com doçura. Porque nada somos, porém causamos tão longos ecos!
E segue o silêncio remando o pensamento absorto na madrugada.
Pintei no olhar, águas de algum arroio, cílios breves mirando o longe das promessas. Vai me consolando o rosto visto de longe.
Há homens que alcançam o êxtase pelas taças de vinho. Outros pela ebriedade do amor.
Durarão as coisas para além de nosso esquecimento?
Saudade é quanto menos eu quero lembrar, mais ela se prende a mim.
O passado é longe. O futuro não sei. O resto não nos pode sobressaltar.
Algumas palavras retêm-se na garganta. Porque só os olhos é que as podem ler.
Ah, o tempo! Onde foi mesmo que o deixamos?
Eu não desisto das estrelas, mesmo tendo a certeza de tua ausência.
Mistério é o anjo da mulher.
Minhas asas desaprenderam a vastidão do céu e perderam-se da rota do teu insensível coração.
Eu lerei teus dedos, tuas notas, teus poemas e irei embora.
Estou no entre das estações. Existe segredo para chegar?
Que este mundo seja melhor e mais humano. E que a gente não desista.
Nunca soube pedir direito. Talvez porque tenha pedido além daquilo que porventura tenha eu merecido.
A palavra pode acordar príncipe ou sapo.