Rita Martins
Às vezes sinto-me como se estivesse num caminho sem saída e mesmo que quisesse voltar para trás parece que não dá, que estou num caminho de sentido único.
Já há muito que reparei que são poucas as decisões que eu tomo e das quais não me arrependo. Há algumas que nem são um problema enorme. No entanto, outras podem tornar-se um obstáculo. Um problema não só para mim mas também para os outros, para os meus, para os que amo.
Isso deixa-me frustrada. Por um lado quero desistir e aliviar as pessoas de um eventual peso. Por outro quero fazer valer a pena, quero mostrar que consigo, quero que sintam o mínimo orgulho de mim. O problema aqui é que a esperança que tenho nisso é cada vez tão mais pequena que me parece impossível continuar com o que quer que seja.
Sinto-me tão perdida. Sem rumo. Sem objetivos. Sinto-me um fardo, por vezes. Um fardo que os outros não querem admitir por pena do que eu possa sentir. “Isso é bom ou mau?”, penso. Considero ser bom essa “preocupação” com o que sinto, mas é isso realmente? Ou apenas e somente pena?
Não sei o que pensar, perco-me nos meus próprios pensamentos, não entendo o que eles me tentam de dizer. Não consigo distinguir se estão a ajudar ou prejudicar. Neste momento, eu só sei que doi. Doi sentir-me assim. “Tanta gente que se sente assim”, dizem. Não. Há quem se sinta pior, há quem se sinta melhor. Mas ninguém se sente como eu. Se há algo de que eu estou certa na minha cabeça é que não acredito que as pessoas saibam as dores das outras. Não acho mesmo possível. Apenas nós sabemos o que sentimos, somente nós. E por mais que o queiramos transmitir, exprimir, por mais que queiramos que as pessoas entendam a nossa dor, o nosso sofrimento, não dá. Simplesmente porque elas não estão na tua pele. Elas não estão a ter esses altos e baixos com os teus próprios pensamentos. És tu. És tu que estás a sentir. Mais ninguém. E, por isso, eu já desisti de tentar explicar o que quer que seja que estou a sentir porque eu acho, realmente, que não vale a pena. Aprendi apenas a sorrir e a dizer “está tudo bem”.
Cada dia é uma batalha que eu tento vencer. Tenho-me aguentado mas pergunto-me diversas vezes "Até quando vais conseguir fingir de que está tudo bem na tua cabeça?".