Ricardo Vitti
Caminho engraçado esse do amor
... Se eu saberei, um dia que saber... vou tua beleza rever,
desenhos abstratos, não, não irão - fazer-me lhe esquecer,
jurei amor, dividas sobre divida... espero - me conter,
não requer tempo, porém esforço absoluto - conduta da paixão...
- Não somos brinquedos... simples bonecos - dentro um desejo,
... calma na empreitada... juro amor na condução,
... calma na empreitada... juro amor na construção...
(?)... Fartar-se-á a fome na dura caminhada em grãos?!
Se sei digo que nada sei, se naquilo que sei, sei que nada sei!...
Confuso eu me faço, temor - instiga aos tortos caminhos nos levar,
apaixonados por um beijo... ternura, desejo...
... Hoje pouco guardarei, mas o que me restas, vosso é meu,
talvez o seu perfume, nem vento deixo levar,
aprisiono num frasco... nossos destino - labutado penar,
onde quem sofre ama, por amor - se endossas o café,
de amargo se fez doce, nossas histórias - sem dó nem ré no nó...
Repercutem as lembranças naquela esfera, que feres entre os beijos - *amores, sei que estilhaças o sono, temor esse da morte, tanto tempo vivido - cabe-me a mim consolação, nos momentos tais paixões então romperam, coração na mágoa adormeça - antes que me leves a terra á perdição... confusão essa sem motivos - decretas-me sobre esta flor, serei mais jovem que em minha mocidade... pois aqui carregar-me-ei em tua beleza por caridade, entre doses de falta de vontade, que a ilusão me leves... antes que a embriaguez da pouca insanidade...
Que não hajas nenhum cautelar em meus *desembaraços... fostes revelado, num gemido... meus passos – curtos, temidos, privilegiados, porém pecados... nos teus braços, lágrima cultuada – tristes bosques do embargo, onde vais amor meu se vos entristeceu?... Distância rompeu os laços... talvez disponha de um apaixonado por cartas; levar-te-ei... uma poesia pouco rimada, verás na manhãzinha, como formar-me-ei numa triste jornada... aos céus me vou, aos seus pés teu prantear me colocou, de leva ir-me-ei na junção de tuas peritas mágoas, junto de minhas condoídas, pois cabe a mim ditá-las em altissonante voz, minhas – hoje tuas palavras pronunciadas... não;... (disfarçadas...)
Áridas borboletas, redemoinhos de flores em condolência, aqueles rios de lama assassinaram os peixes, faço um lembrete a natureza, ponha-te a frente dessa escassez... já vou indo – onde não possas me observar, salvando os ramalhetes de flores... mortos já estás, minha alma – petrificada, no cantarolar dos ventos... rumando a noite em busca da madrugada... vou-me dormir, descansar meus desejos... de um dia feliz – vou regressar... procurar meu beijo; voltar a amar...
Cifradas memórias
... Semeia entre as pedras migalhas, temível comoção,
Hoje meneia as mãos ao conforto,
Dorina das luas prateadas; fez-me lembrar,
Mui súbita cadente estrela te vagueia...
... Da morte a humanidade teu véu se encenas,
Nas serenatas provenientes da mocidade,
Lá longe provocas arrepio, vós súbita
Lembras do dia que não enveredo, noite veio;
; Sabes muito mais da vida que da dor a ensinar,
Pois destas lágrimas ao vento, onde levar,
Sabe-se o pouco que sei, vistes frio recitar,
Aquelas palmas com suas flores ao orvalho...
... Sinto a pena que sentes de mim, salves Cúpido,
Ele paixão tende por ti como também o tenho,
Mas se a flor vingar essa dor, em meu recinto ficará,
Um perdido que se deixou perder; por mui amor...
Por pequena lisonjeia
... Peninha minha fraquejou o risco rabiscado,
Da pena a morte por momentos pesares,
Sou rito, ritual canibalesco, comedor de flores,
Destruídos de amores, onde diviso mundo...
... Olhares se contenham num chuvisco aço,
Metal dos beijos, lamparina dos desejos,
Cadente olhar; mor meu, mui sabida,
Fizeras das tristonhas lagoas, abrigo lacrimal...
... Festas do cimentado momento pranteado,
Flamingos revoam as sombras, esse termo,
Da viajem, tridimensional, tristes, comboios,
Da vida em condução; abrigo aquele da luz...
...Levas de amores aos céus, conduz vento,
Em enciumados braços, um duro presságio,
Não se fundem as margaridas, nessas mãos,
Talvez os calos calados reguem no desbotar...
Traçados encomendados
... Sou serenado como a noite, acalmado como uma vastidão,
entre o barro, berro ao inconsciente,
entusiasmado com a chuva, faço choros, pura purpúrea,
essa risonha e triste... rosa que ao sangue corteja...
... Sempre alegrias terão; meio lamúria, lonjuras e desatenta,
entre as breves mágoas, furor fura pingo d'água,
parafuso de lembranças, dum rosquear memória,
essa calmaria em minhas ventas, mor velar-me-á...
... Atentada respiração... faz morrer vista turva, fria, cristalina,
morena, jaz... mui semelhante, dia - radia anteontem,
nos montes voz dos presságios, dessa pálida avenida,
campos choram, nós expostos, dura vida vegetativa...
Noção da morte
... Me extasia aquela dor ferina nina,
cansado em tempestades pássaro,
revoado de meus longínquos braços,
que bracejam injusto embargo...
... Sou um leão formoso e estrebuchado,
sou um vilão carente e incoerente,
entre os dentes da mortiça menina,
me apanha junto as esmolas vasto...
... Se me amas lhe permitirei um colo,
se não me amas lhe afagarei calado,
vens ternura, vens futuro confuso,
tempo nos calas eu em vós vagueava...
Duro itinerário
... Se vos interessas as festas, for-vos festivo,
minhas lágrimas em lantejoulas,
nas fogueteadas lembranças vou-me em calma,
nuns gritos aos giros dos quarteirões,
pisam-me sem pressa, destas moléstias,
cruzeiros dos amantes de pés descalços...
... Quanta malvadeza nesses emaranhados vagos,
não hei então de prometer-vos-ei milagres,
morena dos cabelos nas bases,
remexe as ancas, sedutora do ninho,
breves choramingões junto ao meu pó,
entre os gritos sou o calar d’alma juveníssima,
que aos trancos se apegas aos barrancos...
... Balanças o tempo e morrem as horas de amor,
se me encantas, por um jovem velho,
quem por vossa liberdade se apaixonou,
porém se enclausurou, feito lagarta não madurou,
se me cabe a ilusão desta vida,
prefiro sofrer na prisão, duma fração,
segundos vivera o anseio de uma vida mal-vivida...
Dor da palidez
... Sempre ousas a chuva,
retornar por um enlaçado,
tempo triste e opaco,
Mor vingas meu descaso...
... Síntese tão pura,
foto embriaga flor púrpura,
se vais a injusta cura,
morte se alegrais na sepultura...
... Se meu ão apequena-se e fura,
esse corte ao verão juras,
na primavera florear as curas,
dessa insônia que enclausuras...
Quanto imploras essas poesias, irá calada nas grinaldas, donzela apaixonada me provocas em levar-me em seu luto...
Canibais de mediocridades desfalecem a fome, sou insônia, um momento apagado, buscam-me no anseio, expandem-se frios pelas vielas das cidades, sou imune, na morte declina-se no inverno, corpo meu, no inverso da mocidade...
Quanta consolação me haste, quanto amor em um vão, meu coração carpinteiro deu vez a desolação, antes morro no inverno de minhas lágrimas, que sofrer as mágoas da primavera sem floração...
Sofro calado já que me falte, teu sorrir, teu beijar dum simples abraço, num grito mudo e vingativo, tais palavras se afogam nas migalhas de um amor fajuto...
Recostado num arco-íris, vai às pressas um destino, num copo d’água salpicam minhas lágrimas, profundo abismo de um prisma descolorido...
Sou vagueado nesse desamor das horas em me definhar, defina uma paixão, sofrimento por único se fez companheiro das noites solitárias, jurou se apaixonar, juntos, sós a só em estar...
Por entanto em tanto não lamento vossa ousadia, sê um momento que nos define, esse mesmo põe-se em vós se alargar da dita distância minha, pranto em pranto, partistes sem relutar (comprometimento) me comprometo com a mesmice do amor sem amar...
Nas pedras as migalhas do tempo da fome a um amor que maltratava. Posso ir ao poço do amor? Por sim, nele me afogo no meio de serpentes...
Se me prendo nessas estátuas de mármore, lágrimas delas vertiam, porém hoje o tempo me curou, amanhã nas flores serei cego, surdo e mudo para vosso amor...
Longe se vai quem partiu, pois se eis-me um abrigo perdido em alto-mar, se foi junto uma sereia, sereno serás meu naufragar...
Amor tão lindo aquele que não surgiu, pois se assim surgiste como um vento meio aquelas tempestades, talvez enfim soubéssemos nos apaixonar...
Marcas do passado, tempo imperfeito, fizeram um sujeito, relembrar nas andanças um perdido ao verbo amar, mas não definhas o presente num laço a desatar...
Vago disrítmico
... Amigo poeta aonde vai com esse zumbido?...
Se te prosas aos meus pés me consolas,
não serias a vós que deveria ter consolado?!...
Se me encantas provação entre o tempo,
não te moves coração no triste anseio?...
... Sim; aquelas viagens que iludam idade,
termo em raridade são tuas poesias, canções,
talvez repletas de ritmo, falte pouca ilusão,
motivo aquele dos apaixonados em reação,
seus corpos não coincidem com tais zunidos...
... Lhe provoco sem rimas ao luar eu pasmo,
cansados nos gritos rente ao peito estrelado,
vagueia um vaga-lume solitário e cansado,
por vez aquelas frases ditam muita escassez,
palidez duma amizade, que tempos não desfez...
Lembro da infância perdida, num caminho sem volta se despedia, entre beijos e abraços me revelou, vais que essa idinha não tinha volta, então me debrucei no campo a dedilhar uma flor num orquestral simples, mas que me havia um decorro...