Ricardo Vitti
Quem acolhe uma lágrima esteriliza um mundo, se interioriza pondo estima ao perdido, coloca-o achado no que fora por muitos desprezado...
Num pranto se faz um caminho transitável, por quanto atravesse essa estrada em cada jornada um novo discernimento á explorar, quão desagradável que sejas serve-nos como um recostar...
Os sonhos relutam na nossa medíocre existência, pondo nossas carências num novo patamar, colocando-nos a concretizar aquilo que para muitos em nós era impossível, dando-nos suma equivalência...
Constantes lágrimas tornaram daquele meu tremular indeciso num manancial conciso de palavras, qual de tuas promessas sobraram poesias, belas por perfeitas, mas jamais retornarão em nossas vidas feito aquelas canções, que ao passado ficaram como algo á ser penhorado...
Por quão custosa tenhas que ser aquela alegria, me agonizarei no terminal daquela estação, onde os lembrados se foram desta vida esquecidos...
Amor penitente enclausurou-me á esmo, tangíveis lembranças escorrem entre os dedos, alma forjada pela dor se enrijece, forma estranha essa minha, portanto coincide a muitas outras, onde o árduo por si se tornou agradável...
Calado, por tais sentimentos que se esgueiram em minha mente, pequeno, porém se acomoda aos quatro cantos da existência, aquela promessa vestida em volto a lua, sutileza apreciativa, da injusta por justa vida depredativa...
Essa casa por moradia á tenho, por viçosas as árvores, lágrimas não se contiveram, faça-te folguedo por minha derrota, pois em meio meu pranto se fará tua dura história...
Enjaula, pois meu sofrimento, no transitar das horas me desapego da longínqua crosta do meu existir...
Vulnerável sou à medida da flor, levando meu sopro a polinizar o mundo estéril onde meu provir em teu dorir por assim devasta-se, calcificando o flagelo na mútua prosa dos apaixonados...
Encarecido o mundo desbota por falsas alegrias, dá-se valor ao materialismo colocando um ponto final naquilo onde a real sutileza residia, na moradia de nosso templo se ridiculariza, no entanto aquilo que um dia fora um eterno sonhar se calá, pondo um cessar na aquarela da discernia...
Essa cabulosa nuvem turva e negra vive á me recochetear em claustras agônicas, tal cerimônia dos tempos enciste em me esbofetear em duros prantos...
Quão figurada se dispersa minha vida, põe-se a irrigar os montes meu sangue, na dura por patrícia existência se condena no lumiar das horas...
Prever o futuro faz temeroso um coração solitário, no romper das ondas deságuam as lágrimas por nossos sonhos, tempo por inimigo tornar-se-á amigo...
Eu sobre degradado tempo me descaso de meu casulo, vivera atado á meus medos, porém desfaço aquele temor, quão dura fostes a vida, não mereces meu desamor...
Se enciumara por mim tão grande solidão, no bramir das águas profundas por tanta inundada compaixão, enjaulou-me em teu abismo, mais profundo não me tomou, mas aquele silêncio diminuto foi quem me calou...
Tais palavras de amor revoam os abismos, livres e sós, num nó da vida tal perita peregrina; vai lá longe no relutar dos gemidos á procura de um alguém...
Semeia-me flagelos essa alvoroçada vida, seus encantos me levaram até aqui onde me encontro, perdido por tua faminta dor que me acaricia, me vejo agônico por me inflamar as chamas quais me disseminam, harmônico descrer...
Aquelas vidas ceifadas se deixaram deter ao aterrador momento, suas detentas vidas hoje se preditam em minhas fábulas, portanto em tanto resistiram, pois em tais contos verdades residiam...
Componho aquela canção nas miúdas notas dessa desilusão, fora a morte por minha companheira, hoje conduzo aquelas lindas e harmoniosas sinfônicas em meus momentos exclusos...
Volúvel caminhada, porém, nessa estática e desenfreada jornada, me alarma aquela emoção por lembrar da queda de minhas mordaças, sou livre em meio uma sociedade pouco difusa...
Defrontado me contive pasmo em buscar relutância, no abrigo das almas o corpo indeciso se precavê dos monstros urbanos, quais semeiam o rancor, porém se desfoca tal furor no desabrochar de uma flor em suma sutileza...
Caminhantes errantes, porém desafiantes, do inevitável do nosso coexistir, fregueses de um novo tempo, sábios na esperança por um novo provir...
Pacifica nossa existência, na condução dos mares nos elevamos em ventos, sólidos, onde alma liquida á chuva se deixa conduzir pela cálida solidão...
Maestria naquelas tristes revoadas, levam o tempo em desgosto pela russa neblina entusiasmada, ali desatinarão nossos sonhos, em vista turva morte que nos embala, triste se fez a noite ao regozijar da justa madrugada...