Ricardo Vitti
Meus frutos frutificam na velhice, numa terra seca e árida, assim morrerei vazio sem nenhuma tolice...
Tanto faz tanto fez, portanto, amor regressado, engessado nas pétalas das rosas dando um riso aos espinhos, dor em valsa despida nos passos justos por sapateados...
Se me falte os frutos, ir-me-ei a mendigar ao retrocesso, pois eis-me aqui uma luxúria de chuva, seus pingos bordam meu passear...
Se entendermos um pouco das mazelas e desencontros do semelhante, somente assim nos assemelharemos com o contorno do universo...
Prosa acidentada
... OH campinas verdejantes vindes por queimadas,
compadece-se se há em algo vulgar,
gotejamento de meus parênteses por vagar...
... Nos letreiros do alpendre se vai a madre esposa,
em meus versos sangrados a caminhar,
todos membros da casa foram revogar...
... Se ao triste me atrita ao chão, vagarosa redimas,
do fraco ao forte adentro fortaleza me levará,
minhas promessas a quarentenária visão...
... Pouco tempo levas a alcançar na injusta corrida,
pois hoje do esverdeado um mar de lama há,
eis de persistir por meio do meu amargar...
... Meramente tais fazeis parte daquela emboscada,
uns cedros fazei-se jangada em amarras,
quais águas turvas do rio preditas mágoas...
Ser uma reticência no mundo, uma questão sem fundamento e razão, desprezo-me, deixo um beijo passar, zunindo beira minha alma, amante sem amar...
Comovente pranto
... Tanto se passou que nada sou,
traduz esse beijo ao teu,
gracejo num lampejo cor de mel,
com tons livres e descobertos,
sou sobre o vagar que morreu...
... Se insinuares minha meninice,
tua que me amarras sobre a lua,
vou descendo desse pedestal,
abrigo dos loucos,
fissuras do impuro mal...
... Perdão ao opaco no transitar,
sou frio, gemedor no choro,
tantas lágrimas desfiguram,
rosto triste e pálido,
que nas alturas revelam passado...
A morte é uma incógnita, deixar-me-ei levar em seus braços e repousar num beijo enegrecido em meu rosto palidecido...
Da cama faço meu leito de morte, deságuo com minhas angústias e acordo com meu presente marejado do passado...
Se tivéssemos todo dinheiro do mundo seríamos pessoas sofríveis, pois pelo acumulo de bens também vem o pendurar-se em lágrimas, falsas alegrias em uma dura realidade...
Pessoas mentem por não fazerem parte de uma verdade, da própria verdade, então se camuflam em falsas expectativas, aquelas que sempre fizeram parte de seu mundo deturpado...
Primavera é o meu campo de concentração onde a guerra é apenas dos perfumes das flores d'onde todo assassino se encaixa e se queixa...
Agarre-se ao poder de elevar-se e aprenderá na queda a desgraça de fazer novamente tudo de novo, jaz eis seres falhos e abstratos...
Se quiser o conselho de alguém se mantenhas calado, o tempo auxilia e o homem torna algo ruim em péssimo...
Se lhe faltarem respostas viva sua total existência a se perguntar: Pois bem, para tudo isso qual seria minha melhor resposta? *Dúvida...
Me calarei na queda qual nos levas num arrebatamento das duras penas, morte ou sofrimento, anseio pela desintegração...
Éramos um, únicos no universo, hoje nos vemos através de espelhos a se desintegrar por putrefatos desejos...
O amor meio as diferenças não da razão para indiferenças, talvez algumas reticências e, torna-o amar...
Entre revoadas
... Lembra e encomendas as flores perfeitas,
dito cujo trovador do amor,
vai-se num relâmpago minhas, e,
tão ditas mágoas...
... Levarei o teu brilho onde quer,
quem me quer não queiras mais,
por mim perto de, eis esses versos,
perdidos num jardim...
... Afogo-me nos teus beijos, florida estima,
linda lúcida e esbelta,
talismã do meu momento fisgado,
aquelas histórias sobre nosso amor...
... Levarei traduzidos aos pés das estrelas,
essas suas caldas vistas,
aos olhos numa lágrima,
esses tempos nessas oratórias...
Vens ventania ventar
... Sou a vírgula dissimulada que virgulou,
letra [a] empreitada que amou,
chorou o pranto naqueles campos,
finos como um suspiro juvenil...
... Douram as rosáceas ancas do teu corpo,
velam-se, os amantes fúnebres,
cantam as reticências no céu,
triste apelo a um beijo das estrelas...
... Selvagem tempo a tempestade cultuou,
o corpo coberto de esgrimas,
ao corte giram novas páginas,
dão nova vida ao que se acabou...
... Um leigo e uma noiva e a fome desejo,
a morte já me levou mui súbita,
ao além onde vivem as montanhas,
gritos e xingamentos não se exponhas...
O passado nos representa, no encontro, o desapego do material no mundo ausente, dados como loucos, achados meio aos desencontros, somos abismos em nossa juventude, por fim um ancião empoeirado, somos passageiros do paraíso deformado...
Esse meu juízo que me abandonas, semblante mascarado, a dor do pecado fere-me, faz-me esmolar as lixeiras do conformismo, sou superficial no amor e negligente quando a paixão me chama, pensei gostar e estava odiando, jurei passar; e estava me afastando, por final sou uma história, sem começo, meio ou fim, recostado a esmolar um perdão para mim...