Ricardo Ferraz
Tem um pouco de você em cada instante da minha vida. Já ti vi muitas vezes na tevê, no meio de alguma reportagem no centro da cidade, mostrando a loucura das lojas nos dias que antecedem ao Natal. Já cometi o erro de falar seu nome num restaurante lotado, e quando a moça se virou, não era quem eu pensava que fosse. Você se transformou em tantas, que até hoje me confundo ou perco o ar quando alguém chama pelo nome na recepção de um hotel e a funcionária tem o mesmo nome seu. Eu sempre imagino ser você. Não sei por quê, mas eu te recrio em tantas pessoas que muitas vezes perco as contas de quantas vezes tropeço em você por dia. Acho que no fundo, este foi o jeito que encontrei de nunca mais te esquecer.
Ricardo F.
[...] Você pode não falar de amor de um jeito que eu queria ouvir, mas sabe dar amor como nunca tive. Por isso todas as versões que crio são erradas, quando o que mais interessa é apenas aquilo que você é.
Ricardo F.
Já tentei te matar algumas vezes, em muitas delas eu quase consegui. Cheguei a carregar o revolver e encostar no meu peito, mas quando estava quase ouvindo o click do gatilho, algo em mim doeu. Eu nunca entendi bem ao certo a minha falta de coragem, no fundo, não era nem nunca foi nada disso. É que quando estava lá, a um passo do homicídio, algo em você não me deixava cumprir a tarefa. Seria livre, poderia sair dali sem nem um pingo de culpa, como se a minha vida recomeçasse depois da tragédia, mas eu nunca consegui, e não consegui porque a grande verdade é que jamais quis isso, jamais quis, que, verdadeiramente, morresse. Como me livrar daquilo que me dá vida, como, se quando matasse você eu também me mataria? Como, de forma egoísta, não querer deixar viver o que transpôs de minha escuridão à luz? Portanto, eu não me entristeço por meu fracasso, já que sempre me fez tão forte. Eu apenas admito as coisas que me rondam todas as vezes em que tento enterrar o que sinto; eu não consigo enterrar você. Então, por todas as vezes que te odiei, por todas as vezes que desejei te ver tão longe de mim, por todas aquelas vezes que me fizesse esquecer o quanto te amei, por todas elas, escandalosamente em todas elas, eu te amei como da primeira vez.
Ricardo F.
[...] Não importa sobre o quê, ou quantas vezes eu te escreva, você sempre será o meu melhor texto. Porque em tudo que faço eu descrevo você, e sem você, não existiria minha poesia.
Ricardo F.
O que posso dizer é que no fim a gente acaba se encontrando com o máximo de nós. Ninguém é perfeito, buscamos sempre não errar, mas os erros sempre virão, porém, o resultado de tudo é aquilo que melhor podemos ser. Por isso, façamos tudo com amor, pois só ele é capaz de superar as nossas falhas, sempre!
Ricardo F.
[...] Te desejo um amor que te faça bem, não precisa ser bonito, ter grana bastante pra te comprar um anel de brilhantes, mas que ele tenha a grandeza de te mostrar o quanto você é importante pra ele.
Ricardo F.
Não seria nada se não mudasse tanta coisa por dentro, mas é amor, dai já viu, né?, não tem como ser o mesmo com tudo ao avesso. Não seria nada se não fizesse tanta diferença na vida da gente, mas faz. Não seria nada se não sufocasse tanto e ao mesmo tempo nos desse tanta liberdade. Não seria nada se tudo isso coubesse apenas dentro de uma gaveta, e ficasse lá, amarelando com o tempo, esquecido, mas não fica, não se guarda, não se esquece, não se enterra, não se rasga. Não seria nada, ou, quem sabe até seria, mas seria apenas mais uma pessoa no mundo, mas faz tanta diferença no mundo da gente, que o mundo se torna pequeno diante do tamanho de tudo que passa a representar depois de surgir na nossa frente. Não seria nada se não houvessem pontos, exclamações, vírgulas, reticências, porque tudo aquilo que finda, sempre se refaz de uma maneira ou de outra, aceitando que o tempo corrige, aceitando que o tempo ensina, aceitando que tempo faz crer, aceitando que o tempo também recua quando é de verdade. Não seria nada se não fosse amor, mas é. E amor não tem forma, não tem cheiro, não tem alianças, amor só tem laço. Laço, entende? Laço.
Ricardo F.
Quem escreve também escreve coisas tristes, momentos pra se esquecer, apagar da memória, pra nunca mais se lembrar daquilo. Nunca somos os mesmos de ontem, há sempre uma possibilidade de nos tornarmos diferentes do que já fomos. Quem escreve amontoa palavras. Quem escreve também enterra textos, como enterra tristezas.
Ricardo F.
Curioso isso, a moça mais linda que eu conheço tem o sorriso exatamente assim, igual ao teu.
Ricardo F.
Eu só queria te lembrar do quanto te amo, do quanto é especial para mim. De todas as vezes que meu coração se derrete por saber que em algum canto você respira. De todas as memórias que guardamos juntos, de todos os momentos em que nos vimos soltar as mãos, mas insistimos no não nos deixar ir. Lembrar que a vida é muito curta pra se viver, mas que podemos fazê-la imortal dentro de tudo que pudermos viver. Lembrar a você que sonhos não se desfazem, que histórias não se apagam, que acreditar é possível. Queria te lembrar que o mundo pode se acabar do lado de fora, mas que, dentro do nosso abraço, sempre haverá vida se reconstruindo. Te dizer que, por mais que as coisas não sejam do jeito que pensamos ser, ainda assim é preciso acreditar. Lembrar a você que, se alguém um dia não acreditar em ti, eu, dentro de minha teimosia, ainda acredito. Eu teimo em ficar com você. Eu só queria te lembrar sempre de nunca me esquecer.
[....] Tem muitas coisas dentro de mim que até tento, mas não consigo mudar. E não consigo não por falta de tentar, mas porque quando este amaranhado está quase se desfazendo, eu descubro que é dele que gosto, ele sou eu.
Ricardo F.
O beijo com você é diferente, ele é muito além do tempo, além do espaço, da distância. É um beijo termo que não tem gosto de beijo, tem gosto de esperança, de expectativa, de apego por algo que ainda não se fez, não existe, mas que é tão vivo, tão alucinante que, é possível voar sem asas, sentir sem tocar, amar sem ter, sonhar sem dormir, dormir sonhando em não acordar.
Ricardo F.
Talvez você seja aquela incognita, o traço indefinido que apareceu riscado no meu caminho. A dúvida mais certa dessa incerteza concreta, e que, mesmo meu coração sabendo do impossível, ainda assim é feliz só por saber que você existe.
Ricardo F.
Eu acho que nem preciso mais dizer o quanto te amo, todo mundo já sabe disso. Sua mãe sabe, seu pai sabe, sua avó sabe, seus amigos sabem, a rua toda sabe, até aquela vizinha neurótica que se tranca dentro de casa sabe, o universo todo sabe, e o mais importante de tudo isso, "você" sabe. Quer saber mesmo, até um cego enxerga isso em mim muito mais que os outros, porque amor é aquilo que se sente, aquilo que você respira, sorri por dentro, e logo depois joga pra fora no meio de um sorriso bobo. E toda vez que ele lê a minha alma em braile, ele suspira.
Ricardo F.
Se isso não fosse tão grande eu já teria desistido, arrumado as malas, partido, sumido, ganhado o mundo, au revouair, hasta la vista! Mas essa droga é amor, né?, tinha de ser amor.
Ricardo F .
[...] Saudade é uma oração que a gente entoa sozinho, com o desejo de que esteja tudo bem, com quem tanto nos causa saudade.
Ricardo F.
[...] Mas, meu bem, amor já é estar em sã consciência. Não é louco quem se atira nesse precipicio, é quem, suficientemente, toma a decisão e a coragem de mostrar ao mundo o universo que habita dentro.
Ricardo F.
_Você gosta muito dela, né?
_Gosto. Mas eu nunca disse nada, é tão evidente assim?
_ Às vezes as evidências ficam naquilo que você não diz.
Ricardo F.
[...] Eu até tento ser mais discreto com o mundo, mas meu coração sempre me entrega. Por vezes acho que me escondo nas transparências.
Ricardo F.
[...] Tá, pode ser que não esteja aqui, quem sabe numa dessas viagens que a gente nem espera que aconteça, de repente, um fim de semana inesperado, uma surpresa meio improvável. E pode ser que quando estiver lá, você pegue o telefone e me ligue no meio da tarde, só pra saber como eu estou, só pra dizer onde você está e o que vê. A gente vai rir, ficar meio desengonçado, tropeçando no até semana que vêm, naquela vontade de continuar se falando, mas as palavras não saem muito bem. Você dirá tchau, fica bem, eu te direi; tá tudo bem, se cuida também.
Ricardo F.
Eu, por muitas vezes, não entendia o que era amor, mas eu entendia o que era você pra mim, e você me fazia falta, sempre! Então, talvez, não era por questão de te ter ou não, era pela falta que fazia, e foi na falta que entendi que era amor.
Ricardo F.
Eu não aprendi a perder pessoas...
Eu não aprendi a perder as pessoas. Por mais que minha vida esteja no rumo que eu escolhi, ou que a própria vida escolheu para mim, eu nunca me habituei ao fato de me faltar alguém que um dia foi tão presente, tão importante. Não sei qual é a interpretação que possa passar, mas é irrelevante não deixar claro que ninguém passa por minha vida sem deixar algo. Nada é perdido, nem de fácil livramento, quando este, fez alguma coisa que me fez crescer, me deixou uma melhora no jeito de agir, de pensar, e me pôs na dúvida do porquê de tanta coisa. Nenhuma perda é pequena ou pesa menos, ou deixa de pesar. Perder é sinal de algo que conquistei, algo que esteve do meu lado, e um dia me ouviu, chorou junto, me apoiou, se apoiou em mim, trocou figurinhas do cotidiano sem ao menos pensar no futuro, sabendo sempre que, o depois é algo tão incerto, e como dizia a música, "... que o pra sempre, sempre acaba”, mas mesmo assim fechou os olhos e seguiu, porque a vida tem de ser assim, não é? Eu não aprendi a ficar sozinho, a deixar ir, dizer adeus, a seguir em frente, sabendo que um dia eu fui um elo entre o que havia de velho e o que eu trazia de novo na mala, sabendo que um dia nem precisava de mim, mas viu que eu poderia ser um acréscimo de coisas boas em sua vida. Não aprendi a ficar na casa vazia, não sei ficar em silêncio, eu não sei ficar sozinho, não sei ter o controle das coisas, não sei trocar de canal, não sei ter liberdade, não sei olhar pro lado e ver um buraco ali no canto, ver uma roupa pendurada, um fio de cabelo solto na barra do vestido esquecido no fundo do armário, um desenho bonito girando por ai. Não sei ficar sem ouvir bom dia, não sei ficar sem olhar a luzinha verde, não sei dormir mais sem dizer “durma bem, esteja em paz, onde quer que esteja”. Não sei como faz pra desentortar minhas emoções, nem sei mais onde faço caber aquilo que já não me cabe, não sei mais escrever sem carregar na tinta uma gota de lágrima atrevida qualquer. Uma pedra quebrou uma vidraça, e aquele buraco me incomodou dias até trocar o vidro quebrado, mas mesmo trocando o incômodo continuou, porque aquele vidro não é queimado do sol, mofado pelo tempo como os outros, é diferente, não é o vidro que havia, e eu gostava daquele vidro. E se apenas um vidro faz falta, imagine uma pessoa inteira? Sabe, eu não sei me levantar da mesa sozinho. Sinto falta hoje, de não ter guardado tantas coisas, não ter tido o hábito de segurar tudo aquilo por mais um tempo, para que, quem sabe um dia, eu pudesse voltar e saber que estive ali, que fiz parte do processo de evolução, e mesmo que minha memória seja fotográfica, sabendo sempre que a gente sempre deixa algo, é uma dor estranha essa de não poder mais ser parte daquilo, mesmo tendo a nítida certeza de que estive lá. Eu não sei andar sozinho, não sei soltar as cordas, as rédeas, não sei ter controle, não sei partir, não sei soltar das mãos, não sei levantar da cadeira e simplesmente ir embora sem saber o que vem de sobremesa. Há uma profundidade de ligação que o tempo criou que faz com que a pessoa se torne parte de mim, uma metade do corpo, um dependência humana que fica na pele, como o cheiro colado nas paredes que nunca sai, como o espinho no chinelo que vez ou outra você pisa e ele te lembra que ainda está ali. Pessoas são como portas abertas, e é muito difícil ter que fecha-las. Só sei que a gente chega a um ponto da vida que é preciso saber o que fazer, saber abrir mão, entender que as vidas já estão completas, que o nosso lugar não é este, que por mais que exista amor, o tempo é errado. Tenho pena de tanta coisa, pena por mim mesmo, por tudo que sonhava, e admito o quão é difícil se acostumar aos excessos e ter de lidar com a falta deles. Nunca vou te ouvir tocar o piano, nunca vou ver com você o sol se pôr no mar num domingo à tarde. Nunca vou te levar bombons no trabalho. A gente se despede dos sonhos com a leve convicção sempre, de que viveu o que pode ser vivido, nem mais, nem menos, o bastante para ser chamado de Para Sempre, o bastante para não saber ir embora. Pessoas possuem profundidade.
Ricardo F.
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[...] Não é você que me causa espanto todas as vezes que aparece. É o espanto que fico comigo mesmo por não conseguir fechar meus olhos e deixar sempre meu coração escapar num sorriso.
Ricardo F.