Ricardo Ferraz
Até parece que não me sobra muita coisa quando não vêm, parece, só parece. Não que não tenha ou o não ache o que fazer, não que me falte amigos ou um filme bom na tevê. Não que o mundo deixe girar, ou que as coisas deixem de acontecer. Tenho sempre livros às mãos, tenho sempre onde ir e o que ver. Têm tanta coisa ao meu redor, e quando não vêm, até na cozinha tento mexer. Lasanha, estrogonofe, macarrão ao molho branco, picadinho de frango, nhoque recheado com bacon, não duvide, eu sei fazer. Só me falta uma coisa simples, têm sempre uma taça vazia na minha frente na hora de comer. Na verdade, sempre tem algo diferente pra eu viver, sozinho ou acompanhado de amigos, mas quando não está aqui, nunca é a mesma coisa, sempre me falta alguém, sempre me falta você.
Ricardo F.
Não importa a diferença que somos, se nela morar amor, eu fico. Porque nem todo amor que soluça é amor, nem todo amor que declama é amor, nem todo amor que se diz forte é amor, nem todo amor que se mostra, é amor. Há muito mais amor no silêncio do que nas palavras. Há muito mais amor no olhar do que na língua. O amor é incansável, dito e exposto à mesa, mas o amor incomparável mesmo é aquele que é visto por dentro, onde a atitude conta mais do que o que é ouvido. Existem amores de todas as formas; amores que gritam, amores que esfolam e que nos deixam à carne viva, amores que fingem ser amor e que na verdade nunca foi. Mas o que a reciprocidade destaca, é o amor onde a maturidade enxerga que não é preciso gritar, muito menos se fazer ser visto, para que ele seja sentido. Não é preciso mostrar o que o coração sabe que existe, sem alarde, sem proezas, assim, de graça, de coração pra coração, saca?
Ricardo F.
Tem dias que a vida dá umas rasteiras na gente, e não sabemos se é por insistência ou teimosia que nos mantemos em pé. Eu sempre gostei de recomeços, sempre amei por incrível que pareça "Segundas Feiras", nunca fui de acreditar de verdade em fins, em histórias com finais felizes ou tristes. Acho que histórias seguem, com outros objetivos, outras observações, outras coisas que viram foco na vida de cada um. Eu tenho medo de não acordar mais amanhã, tenho medo do que possa não acontecer, medo do "ficar só nisso", medo dessa coisa de esquecimento, de passar por uma vida toda e não ter outra chance de recomeçar novamente. Porém, tem dias que as coisas não dão muito certo pra gente, e isso nunca me incomodou, o que me mata mesmo é o medo de não poder dar a volta por cima. Enfim, tenho muito medo de não ter a oportunidade de um "bom dia!", e recomeçar.
Ricardo F.
[...] o que dói de verdade não é a falta do teu amor, é ter seu amor demais, dói o que me toca, dói o que não se toca.
Ricardo F.
Já fiz muitas mudanças em mim, mas nunca me critiquei por ser como sou. Não me acho certo muito menos perfeito, eu diria que estou sempre em construção comigo mesmo, tentando fazer sempre o melhor; sem peso, sem culpa, sem mágoas ou ressentimentos sobre minhas escolhas. Se estou certo sobre elas ou não, isso só o tempo dirá. Mas enquanto este tempo não chega, tenho que tentar ser feliz, me desculpando no espelho, mas de cabeça erguida. A vida é um calendário colado na geladeira com datas passadas, e apenas a folha da data de hoje pra viver. Então, o que me resta é vive-la, sem medo, sem culpa, sem arrependimentos.
Ricardo F.
[...] Tem tanto de ti espalhado por aí, que te vejo até na minha xicara de café. Acho que te construí em tantos lugares, que nunca te falta aonde quer que eu vá.
Ricardo F.
[...] De todas as razões que poderiam haver para existir um "nós", "você" sempre será a minha maior razão de tudo isso.
Ricardo F.
[...] eu sei que de repente não falaríamos nada, ficaríamos apenas olhando pra frente, com os braços cruzados, um querendo falar e com medo do que o outro entenderia. Poderia ser num sábado, numa segunda, quarta, um dia qualquer da semana, onde a vida correria normalmente fora de nosso estranho mundo. Dai na coragem eu viraria pra você, e deixaria escapar, quase que num sussurro:
_ Você me doeu muitas vezes.
Ricardo F.
Quanta diferença existe em corações tão iguais? Por mais complicado que somos, o coração, é a razão que sempre nos segura, que nos mantém acesos, agradecidos, e que nos encoraja a brigar pelo que vale à pena. Ninguém disse que teríamos de ser iguais pras coisas darem certo, ninguém precisa ter o mesmo modo de pensar, para que a vida continue caminhando com sentido, o que vale mesmo é o sentimento, aquilo que dá sentido a vida, o que é sentido por dentro. Se alguém te ama e caminha contigo lado a lado, pouco importa para qual time torce, pouco interessa a briga de sempre pelo controle da tevê, as opiniões contrárias, as rusgas pelos incontáveis ciúmes que sempre aparecem. Não é porque sentamos numa mesa e eu peço café que tanto amo, que você não gosta, que não te impeça de tomar um refrigerante ou um suco, e que isso não nos iniba da conversa continuar do mesmo jeito. O que move o ser humano é essa vontade de estar junto, de estar do lado, e se não puder estar, de continuar sendo aquilo que faz diferença na vida da outra pessoa, mesmo de longe, mas do lado de dentro. Nós não somos iguais, nem nunca seremos. Viemos de formações diferentes, vidas diferentes, mundos diferentes, mas o que nos iguala é sempre o coração igual, e só quem tem um coração igual consegue reconhecer o amor no outro.
Ricardo F.
E as pessoas, sem perceberem, se injetam nas nossas veias e nos enchem de paz. Uma coisa tão boa de sentir, uma sensação de leveza de dia tranquilo, que mais parece férias inesperadas e remuneradas num verão qualquer, onde a gente se deita na cadeira olhando o azul intenso do mar, sente a onda molhar friamente nossos pés, e sorri preguiçosamente, sentindo o ventinho no rosto. Aquele dia em que você entra pela casa e sente um cheirinho de bolo de laranja esfarinhado de açúcar, saindo pela janela que dá para o quintal. A mesa posta com guardanapos xadrez e flores do campo no vasinho do centro. Como aquele sonho bom, que a gente desperta quase ao meio dia com luz nos olhos, sem celular apitando o despertador, e espreguiça de felicidade querendo voltar pra onde estava. Tem gente que é sorvete duplo de chocolate, tem gente que um pacotão inteiro de Ruffles, tem gente que realmente é uma Coca Cola toda, tem gente que é calmaria, tem gente que é flor em demasia, tem gente que é tão fundamental que até luz própria irradia. Cada um é para o outro aquilo que quer ser, mas alguns trazem sol em dias de chuva, algumas pessoas vem para se tornarem inesquecíveis, e o coração da gente apenas agradece. Obrigado!
Ricardo F.
Às vezes precisamos no despir de algumas velhas roupas, sabe? Mudar o jeito de pensar, deixar um pouco o medo de lado, e aprender que a gente tá ai pra isso mesmo. Precisamos nos permitir errar, quebrar a cara, esquecer de tudo aquilo que o mundo nos pede, que a sociedade nos cobra, mandar ver, depois a gente recolhe os cacos que sobrarem. Entender que nunca foi defeito ser o que somos e ninguém passa nessa vida sem ter feito alguma besteira. Precisamos anular alguns conceitos e parar de ser santinhos, pra poder fazer valer a pena muita coisa que carregamos na mente e que temos o receio de pôr em prática por medo de julgamentos . A vida é muito curta para não nos perdoar de vez em quando.
Ricardo F.
[ ...] mas eu queria muito que não me esquecesse. Que quando estivesse bem velhinha, com a casa cheia de netos, correndo por todos os cantos numa noite de Natal, de repente, você olhasse pra dentro de si e me encontrasse lá, e desse um sorriso, sabe aquele sorriso bobo? Queria realmente que não fosse apagado de sua memória, que se lembrasse de mim não como o maior amor da sua vida, não como o melhor, como o mais chato, o mais irritante, ou o que mais lhe tirava do sério, mas como um amor comum que seu coração jamais se esqueceu. Eu queria tanto que nunca me esquecesse. Que eu fosse inexplicavelmente alguém que existiu, e, que se ainda estiver vivo, ainda te carregará por ai, em algum lugar do mundo. Só queria que se lembrasse do quanto foi amada, só isso.
Ricardo F.
Um coração só fica onde é bem vindo, onde tem cama, onde tem consolo, onde tem aconchego, onde tem carinho. Ele sabe que nem tudo é perfeito, que nem todos os dias estamos bem, que somos confusos, que muitas vezes interpretamos errado, que ainda evoluímos, mas que ali, onde mora, existe ternura, existe tudo aquilo que uma pessoa espera de outra, ali, existe amor. Um coração possui escolhas, é livre para ir quando quiser, mas quando ele escolhe permanecer, não é por medo de não saber o caminho de onde ir, é justamente por saber o lugar certo de onde ficar.
Ricardo F.
[....] é essa mania boba que tenho de fechar meus olhos e dizer boa noite pra você, mesmo sabendo que não está aqui.
Ricardo F.
A vida grita pra ela todos os dias: Vá ser feliz, menina! Ela levanta a cabeça, engole o choro, e vai.
Ricardo F.
[...] e no fundo a gente acredita que tem sempre alguém em algum lugar do mundo, olhando pra mesma lua, se perguntando onde você está agora, da mesma forma com que você se pergunta.
Ricardo F.
[...] Todos os dias ele planta sementes no jardim dela. Todos os dias ela colhe flores pra ele em troca. E assim eles descobriram, que o amor que a gente dá é do tamanho daquele que se recebe. Que o amor é a generosidade que vemos na atitude do outro. Na ternura que fica nos olhos, quando amor enxergamos.
Ricardo F.
[...] É preciso acreditar que a tempestade vem para nos encher de esperança, depois que ela passar.
Ricardo F.
Eu te sinto tanta coisa, tanta verdade que ainda não te disse, tantas palavras que não consigo te escrever, porque essas, eu guardo pra falar olhando nos seus olhos. Ainda tenho muitas cartas guardadas, coisas que nunca foram ditas, sonhos inacabados que não tive coragem de te revelar. Por enquanto, eu apenas te espero e um dia a gente se encontra, um dia a gente se reencontra. Não sei quando, não sei onde, mas eu espero, eu sempre te espero como sempre te esperei.
Ricardo F.
Tenho tanta coisa pra falar pra você no dia em que te encontrar, que acho até que nem vou precisar dizer nada. Porque eu tenho certeza que, quando me olhar nos olhos, vai se ver inteira ali, viva, respirando, ocupando cada pedacinho de espaço dentro do meu mundo. Vivendo em cada célula que habita em mim.
Ricardo F.
Todos nós temos a sorte de passar nessa vida sempre encontrando alguém que também se encanta por nós. Somos falhos, sempre aprendendo um pouco mais nessa nossa evolução, com a incerteza do que seremos depois disso daqui, mas com a gratidão por tudo que nos é dado. É um prazer poder dizer que conheci você.
Ricardo F.