Reynaldo Araújo
Acho tão legal quando você pergunta pro carinha "O que você curte?" e ele vem com uma lista de filmes, seriados, bandas, e músicas.
Nunca namoraria/casaria com um cara que de barriga tanquinho, turbinado de academia.Mas meu Deus, como eu os invejo!
Eu tinha que conquistar a Ásia, Europa, e mais 17 territórios à minha escolha, mas você só me dá vontade de ler poesia.
Sento para contar dos meus desesperos e vejo que estou calmo. Ele me desinspira. Desconstrói o meu sarcasmo, me faz achar bom o pouco, o simples. Ri da minha complexidade, dos meus profundismos. Não cai nas minhas armadilhas, nem naquelas que sempre funcionaram tão bem, até comigo mesmo.
Ele ridiculariza minhas grandes sentenças de morte, de impossibilidades, de não posso mais viver assim. Hoje é domingo e tem sido domingo desde então.
E não é que ele seja tolo, ao contrário. Burrice é achar que ser profundo é a mesma coisa que ser difícil. Quem é bom em criar problema em geral se acha um gênio, mas é só desespero. Não tem nada mais superficial que um grito: você pode assustar todo mundo mas no final é você que fica com a garganta inflamada.
Ele me faz calar a boca e é assim, em silêncio, que eu gosto mais de mim.
Pode não ter muita graça o que escrevo, mas estou satisfeito em ser ordinário. E é tão bom que, de repente, não quero mais o desconforto como tema.
Vou inventar um jeito de ser interessante e feliz ao mesmo tempo.
Que jovem nunca sonhou em morar sozinho? Ou sair por esse mundo sem rumo, só com uma vontade louca de conhecer lugares novos, e aprender com seus próprios erros. Que jovem nunca se cansou de tudo e de todos, e daria tudo pra fugir um pouco pelo menos por um instante?!
Existe uma fase da vida que a gente busca por aquilo que todo mundo procura desesperadamente, e que talvez seja tão desnecessário quanto jogar sal no mar; O pra sempre.
Hoje algo me roubou o sono.
Não sei o que foi, de onde veio, nem definir com precisão com que intensidade foi, mas lembro da cor dos seus olhos. Acho que eram claros.
Lembro-me do tom de sua voz, acho que era rude.
Lembro-me dos poucos pelos nos braços largos e a combinação perfeita de uma munhequeira, acho que era estilo.
Lembro-me dos assuntos vagos, acho que era falta de química.
Lembro-me do som ao fundo, acho que era Yellow de Coldplay.
Lembro-me também de seus vastos olhares que me atravessavam a cada segundo, acho que eu olhava fixo.
Lembro-me dos quarteirões pelos quais passamos, acho que foram três.
Lembro-me do celular, acho que era Iphone.
Lembro-me do carro, acho que era prata.
Lembro-me do perfume, acho que era DIOR.
Lembro-me da roupa, acho que era camisa cinza com calça jeans.
Lembro-me do cabelo, acho que estava molhado.
Lembro-me de mim, acho que era idiotice.
Lembro-me de você, acho que era pra ser.
Lembro-me também de quando eu esperava por você, acho que era pra não ser.
No fim, vi que nem sempre ser independente é de fato crescer, mas sim tentar algo que você realmente quer e acha certo, e que a nenhum lar é melhor que a nosso lar, e que abraço de mãe o melhor de todos já vistos e sentidos, que pai é sempre herói, e irmãos são seus cúmplices e confidentes.
E o mais importante é que isso é pra vida toda.
E nessa cabeça de aquariano maluco eu penso que quando é de verdade você tem certeza, e se você não tem certeza ainda, talvez não seja aquela história, porque quando for... Será pra arrebatar, arrancar o fôlego, tirar o chão.
Então às vezes a gente só quer acreditar. E se isso vai nos levar em algum lugar?! Sei lá.
Mas se for te fazer feliz enquanto estiver indo, poxa, não é isso que é viver não?