Renas Barreto
Dos pingos
em sons constantes
Sinto a ânsia de captar sinfonias.
De tanto ser noite, amanheci meio dia.
Saudade é casa caiada.
Cheiro de vó
Café e pão
Saudade é febre
Chá de alho
Terço na mão
Saudade é fraqueza
Rosto molhado
Carta no chão.
De hoje pra ontem
o tempo passou invertido
a me dizer em sopro
a brisa no ouvido
o tempo acaba
passa...
vira comprimido.
Mergulho nas noites de chuva
Trilhando por muitas curvas
Desavisada...
Não porto guarda-chuvas
para o amor.
Têm dias que estou
pra crônicas distônicas
loucas pra passear
O meu dirigível
se alimenta de palavras.
Criei um dicionário lunar
Para as coisas cercadas de sonhos
As quais nunca abandono
Na hora de acordar.
Do mistério da vida
não me deixo enganar
É depois de grande
Reaprender a andar
Calçando tristezas
Foscas de lembrar
É calar desejos
Sem saber lidar
Carregando fardos
Fartos de juntar.
É ressurgir em sonhos
Bravo ao gladiar
Cercando desejos
Ávidos de voar.
É vida aprendida
Sem muito guardar
Capturando sorrisos
Abraços de um mar.
É o sopro sereno
É aprender a nadar.
Evidencio o seu vulto
Num cárcere de paredes úmidas
Calcificadas por concreta avareza
Preâmbulo ofício.
Acaso volte a emergência
Das danosas pautas
Eis o semblante fresco
Onde emolduro o vexame
Dos Etílicos conclaves.