Régis L. Meireles
RASCUNHOS DAS COISAS
Pode se fazer rascunhos dos almejados jardins;
Das mais altas torres, as mais imponentes;
Dos livros de contos de fadas.
Dos gibis de super – heróis, dos favoritos;
Das novelas, das tramas e dramas.
Pode se fazer rascunhos das poesias;
Dos poemas, das estrofes e versos;
Das lindas canções e dos ritmos.
Pode se fazer rascunhos de muitas coisas...
Eu quero continuar a rascunhar,
Rascunhar as histórias de gente;
Das coisas, dos jeitos e defeitos...
Desde que sejam histórias de amor,
De finais felizes.
- RASCUNHOS DE GENTE
Quero poder fazer rascunho de muita gente:
De gente inteligente que converso;
Da criança com uma boa infância;
De adolescentes e suas descobertas
E da juventude e suas aventuras.
Quero poder rascunhar a maturidade:
Em seus dias vividos com sabedoria.
Quero poder rascunhar gente de bons corações:
Dos primos levados e dos engraçados;
Dos melhores amigos, em dias festivos!
Dos bons vizinhos, dos contínuos favores;
Dos pensadores, dos discursos, das poesias...
Se pudesse faria mil e um rascunhos de gente..
Rascunhos de gente feliz!
- RASCUNHOS DO TEMPO
Se eu pudesse faria o rascunho do futuro,
Como desejei muito hoje,
Ter o rascunho dos bons momentos de ontem.
Só não queria rascunhar, e sim mudar
Algumas coisas do passado...
Entristeço-me porque não posso ter o
Rascunho do tempo e de seus feitos abruptos.
Se eu pudesse os bons tempos nunca passariam;
Reprisaria - os de tempos em tempos...
Pois, são eles que trazem a felicidade!
Se eu pudesse rascunharia o tempo.
Por ser ele o juiz implacável das causas:
O tempo cura feridas da alma;
O tempo muda as pessoas;
O tempo traz à memória os favores;
O tempo ameniza as dores
E corrige as histórias contadas erradas.
RASCUNHOS DAS COISAS QUE NÃO VOLTAM
Se eu pudesse faria rascunho da trajetória do vento;
Das mil e uma gotas das chuvas;
Das águas que passam na roda de um moinho;
Das tempestades repentinas, dos sons e dos medos!
Das oportunidades perdidas, depois choradas;
Da flecha lançada a longa distância que foi perdida;
Da pluma lançada ao vento que se perdeu de vista;
E das palavras de bênçãos dos pais nas despedidas!
Se eu pudesse faria rascunho do primeiro choro nos nas-cimentos;
Das primeiras e últimas lágrimas das pessoas amadas;
Dos primeiros e últimos abraços dos entes queridos;
Das primeiras e últimas palavras de um grande amigo
E do primeiro e o último dia de vida
de cada bom ser humano!
É uma pena não pode fazer rascunhos
das coisas que passam e que jamais voltam.
Sem os rascunhos, fico com as lágrimas de saudades!
RASCUNHOS DOS BICHOS
Se eu pudesse faria rascunhos das coisas amadas:
Dos gatos que tive, os meus mimos;
Dos cachorros queridos e atrevidos
E dos muitos passarinhos que vi
em revoadas pelo azul do céus.
Se eu pudesse faria rascunhos de vários bichinhos:
Da formiga e suas amigas em labutas;
Dos gafanhotos e suas fileiras;
Das borboletas, de suas cores e levezas;
Das abelhas e dos favos de mel;
Da joaninha e seus pontinhos pretos brilhantes!
Se eu pudesse faria rascunhos de todos os bichos:
Dos domésticos, dos selvagens, dos insetos
E de tudo que se move sobre a terra.
Já que não posso ter os rascunhos, tiro fotos!
RASCUNHOS DE LUGARES
Se eu pudesse faria rascunhos de bons lugares:
Das estradas por onde andei em viagens;
Das belas paisagens, que vislumbrei;
Das praças onde sentei nos finais de tardes!
Dos montes aonde estive em contemplação;
Dos vales que explorei, tentando sobreviver;
Dos oásis aonde descansei, adaptei-me ao lugar...
Se eu pudesse faria rascunhos
Dos belos trieiros que passei na infância,
Segurado pelas mãos da mamãe!
Transportá-los-ia para onde eu viesse viver.
Faria miniaturas de cada um...
Os colocaria como tela;
Em um quadro aquarela,
E jamais os esqueceria!
RASCUNHOS DOS SONHOS
Se eu pudesse faria rascunhos dos meus sonhos:
Dos meus sonhos bons , sem pesadelos;
Dos meus sonhos acordados e realizados;
Dos meus sonhos amorosos e apaixonados!
Se eu pudesse faria rascunhos dos sonhos dos outros:
Dos sonhos contados e interpretados;
Dos sonhos da infância de toda criança,
Dos altos, vôos e dos saltos das pontes
E dos sonhos molhados!
Se eu pudesse faria rascunhos de todos os bons sonhos...
Jamais faria rascunhos dos pesadelos!
RASCUNHOS DOS BONS MOMENTOS
Se eu pudesse faria rascunhos...
De bons momentos
E diversos encontros;
Das partidas, das despedidas e dos recomeços!
Se eu pudesse faria rascunhos...
Dos segundos,
Dos dias curtos,
Dos longos dias de vida
E da eternidade de cada um!
Queria poder registrar e contar lindas histórias
E escreve-las nas páginas do Livro da Vida,
Nas páginas eternas,
Com canetas de ouro...
Rascunhos de humanos,
Seriam raro tesouro...
RASCUNHOS DE MIM
Faço de mim, um suposto rascunho.
Não posso fazer cópias...
Sou assim, do jeito que Deus me fez;
Minha cor é esta, parda e negra;
Meu cabelo carapinho, enroladinho;
Meu rosto oleoso, cheio de espinhas!
Ainda assim, se eu pudesse faria
O meu próprio rascunho,
Se é que não sou um...
Pois, tem gente por ai, que é a minha cara.
Acho que compensaria existir outro de mim!
COISAS E LÁGRIMAS
Traze-me tristezas...lágrimas
Quando páginas são rasgadas, de bons livros;
Quando as histórias da gente são mau explicadas;
Quando as palavras são jogadas ao vento, não confirmadas.
Traze-me aborrecimentos... Lágrimas:
Quando brinquedos são levados pela enxurrada e crianças sem;
Quando vejo comida em lixeiras, e por perto gente faminta
E quando se tira o pouco de quem já não tem quase nada.
Fico em lágrimas quando... Lamento:
Quando o destino se torna incerto, por escolhas erradas;
Quando as histórias mentirosas se tornam verdades.
Quando as vinganças que não curam, são executadas
E quando a religião esconde seus Judas.
Trazem-me a garganta gritos de raiva:
Quando os bons contos são esquecidos e não mais contados;
Quando as belas poesias não são mais declamadas;
Quando os lindos poemas não são lidos em voz alta.
E jogos são perdidos por lances errados.
Essas coisas deixam-me
De coração apertado, espremido;
Mãos suadas e alma angustiada.
COISAS DE DONO DO MUNDO
Há dias em que acordo poderoso
Parece que tenho o globo nas mãos;
Esse dia vivo com a intenção
De ser o dono do mundo.
Mas há dias em que acordo com medo do desconhecido;
Sinto raiva do que Deus permite;
Eu amarro os demônios, desdenho-os;
Piso nas tentações e xingo os anjos.
Entretanto, no dia em que acordo de boa:
Tenho o humor à flor da pele;
E oro agradecido por ser cheio de vida.
Faço projeto e traços novas metas.
Então, agradeço a Deus da alma...
Por ser um humano completo
Frágil...
TRANSMITÂNCIA DAS COISAS
Tudo que existe , extinto...
Seja o que for - fará falta;
Tudo que existe, dizimado
Deixará um vácuo no mundo.
Se sentirá a falta da cor que se encobre com uma nova;
Se sentirá a falta da ideia que se perde, por medo da critica;
Se sentirá a falta do sonho que se desiste, por não se insistir;
Se sentirá falta das amizades interrompidas, nas intrigas...
Na ausência do perdão.
Se sentirá a falta do romance que acaba, em troca de nada;
Se sentirá falta da infância que passa como um meteoro;
Se sentirá falta da juventude que se vai como um raio.
A maturidade que chega, enfada.
O que quero passar são lições de vida:
Aproveite, divirta-se e respire!
Porque tudo o que existe, acaba..!
Tudo o que deixa de existir, é falta.
Tudo o que se enterra, é passado...
Nem tudo é perda!
Nem tudo é ganho.
Tudo muda, passa e à vontade transpassa!
COISAS DE MENINO DE RUA
Um menino de rua pode ser doutor?
No meu tempo podia..
O menino de rua era o dono do lugar;
Ele podia ser o que bem queria.
O menino de rua no meu tempo:
Tinha termo, se divertia;
Tinha vida, sorria e gargalhava;
Tinha casa e cama macia.
O menino de rua no meu tempo
Ia pra escola, fazia fila;
Cantava o hino nacional;
Jurava devoção à pátria mãe.
Memorizava as cores da bandeira;
Rezava de mãos posta no peito;
Chorava e não se envergonhava...
Pois, amava a pátria que nasceu.
O menino...
usava uniforme azul e branco,
Meias brancas, branquinhas,
Conga azul ou kchute preto...
No pescoço tinha uma gravata.
Fui menino de rua...
A mãe sabia, o pai espiava sisudo;
A vizinhança sentada na porta da casa
Da meninada, cuidava.
Menino de rua do meu tempo...
Se quis virou doutor, professor, jogador
Por isso sou poeta ...
Em versos escrevo história.
REPETIÇÕES DAS COISAS
Desnorteia-me saber
Que não sou autor de nada.
Pois, tudo é repetição das coisas
Há tempos criadas.
Só faço as coisas que os outros já fizeram;
Apenas adaptei-as
Ao meu jeito de fazer...
Falo só do que já ouvir, há tempos.
Escrevo do que já li, de vários livros;
Canto o que já cantaram, desde da infância...
Tudo é repetição, quase nada é novo.
Só não quero repetir, pois enoja-me:
Os erros dos outros ...
Que quebraram a cara, deram com os burros n’água!
DIA DE COISAS
Há dias que ninguém nos ouve,
Por mais alto que se grite;
Há dias que por mais que se mostre:
Ninguém nos ver;
Há dias que por mais que se corra,
Parece não se chegar a lugar nenhum.
O que parece ser um dia ruim,
É o dia, um dia qualquer;
Apenas um dia diferente na vida da gente.
É apenas um dia em que requer:
Mais esforços, mas atenção:
De se considerar o que quer:
Grita-se: quer ser ouvido, no quê?
Mostra-se: quer ser visto, por quê?
Corre-se: busca algo importante?
Há dias que parece de coisas
Dia de decisões,
Dia de escolhas,
Dia de sentenças,
Dia do juízo final...
Mas a coisa que vale a pena, é viver!
COISA DE GENTE DIGNA
Há aqueles que o mundo não é digno,
Aqueles que pouco dizem e se dizem é inaudível;
Aqueles que pouco reclamam e só veem favores.
Aqueles que esquecem de si mesmos, em causas
E por outros se entregam em troca de nada.
Há aqueles que em meio a uma multidão,
Que não se nota, passam despercebidos
Pois não buscam a glória;
Não buscam a fama e o status.
São e querem ser apenas, o que são: humanos.
Estes que não são copiados, não são interessantes;
Não tem uma marca, não são lembrados;
Não ocupam páginas, não são contados;
São e querem ser sempre o que os outros veem.
Nada exigem, nem o respeito e nem a honra.
Nascem, crescem e andam entre nós,
Fazem muitos, transformam gente,
Mudam a história e muda o rumo do mundo.
São por muitos amados, por outros odiados.
Tem seus tempos curtos e estão sempre ocupados
Parecem fazer valer, cada dia de vida.
Ou percebem que tem os dias contados.
Confunde-nos se são anjos, enviados;
Se são seres encantados, missionários;
Mas dos seus jeitos mudam o mundo
E se vão como chegam, sem serem notados...
COISA DO DIREITO DE SER
Há tempos que se deve ser para outros,
O que elas querem que se seja, é acordo
É respeito, é por um tempo;
Sempre se é, o que se quer ser!
Será perda de energia se não for...
Calo-me para não desperdiçar-me;
Sou a resiliência, sou multiforme...
Discutem, discordam e insistem, logo se vão!
Volto sempre a ser eu, quando estou só;
Volto a ser eu quando estou pensando;
Volto sempre a ser o que gosto de ser.
Volto a ser eu quando encontro pessoas que amo;
Volto a ser eu , perto de quem sabe quem sou
Volto a ser eu, quando durmo, reinvento-me!
COISA DO TEMPO
Pensa-se: só hoje importa!
Ontem não existirá jamais.
Amanhã talvez nunca chegue...
Sempre se espera e ele nunca vem!
O que fazes hoje ?
Recordarás com alegria?
Tempos bons, boas aventuras...
Recordarás com remorsos ?
Ou coleciona erros e loucuras...
Na sorte de ontem terás saudades,
Se fez muitos amigos, sorrisos...
Viveu bem todas as fases, celebrar-se-á...
Envelheceu, cuidou e aproveitou cada dia.
E na sorte - agora curte o tempo restante!
OPORTUNIDADES NAS COISAS
Oportunidade se agarra, nunca se pendura;
Algumas quando não voltam, lamenta-se
Talvez não seja a mesma, quem se importa?
O bom mesmo é que mesmo passando,
A vida continua..
Oportunidade é boa...
A pequena é demais para alguém,
Vem o desdém...
A grande não vem para ninguém,
Se vem, é para tão poucos...
A perdida, essa é sempre boa para todo mundo
E há muito tempo se foi,
Pensou, passou e na mente pesou.
DEPENDÊNCIA DAS COISAS
Que se dite as inúmeras regras,
Que se achem os jeitos certos, mágicos...
Nem sempre valerá para todos, serão erros?
Somos todos diferentes, se é gente!
Ainda que grite os mandamentos;
Que os repita de dia e de noite,
Mas só o impacto na alma,
Fará - se abraça-los...
Ou será a carência?
Que se escreva os melhores livros;
As mais melancólicas histórias de amor.
E os mais quentes romances,
Mil e uma estórias de terror.
Cada qual sabe o que sente...
É incerta a dependência das coisas
É repentina,
É eterna...
RESPEITO PELAS COISAS
Não me incomoda o incômodo;
Sei aonde é meu lugar no mundo.
Atiro-me só no que espero e quero,
E esmero-me para ser o melhor humano.
Se o meu lugar no mundo incomoda,
Peço, não se preocupe, a ocupação é breve.
Um tempo e já não sou...
Num estalar de dedos e já não estou.
A vida é breve...
O tempo corre e voa;
Muitas coisas passam, e já não voltam mais;
De outras que ficam, nada é demais.
Não me incomoda o incômodo;
Sei onde é o meu lugar ao sol...
Sei também aonde é o lugar das coisas
Pra ficar peço licença!
A PAIXÃO DO POETA
O poeta é apaixonado, é vidrado na vida;
Por cada dia e todas as noites.
Pelas horas que escreve suas poesias;
Pelas letras que usa nos seus versos;
Pelas palavras que formam suas frases
E por tudo que o inspira viver.
É apaixonado pelo branco do papel;
Pela pena e tinta preta.
Pela luz da vela de noite,
Pela claridade que entra pela janela durante o dia,
Que ilumina a sua escrivaninha.
É apaixonado pela sua musa inspiradora,
Por sua história de amor.
Por seu mundo e sua gente;
Pelos que estão sentados na praça à tarde
Pelos transitantes da rua.
A paixão do poeta é por tudo:
Tudo de bom que existe;
Por todas as coisas que consegue ver,
Pelas sete cores do arco-íris
E por sua cor preferida, o verde.
- MORTO DA SILVA
Não sei para quem faz algum sentido, morrer?
Pelos menos aos que ficam.
Aos que se despedem da gente...
Depois que a gente se vai.
Parece que tanto faz, pois, já se foi.
Nunca mais querem nos ver.
Engraçado? Mesmo dizendo que amam.
Que amam aquele que se foi não o quer mais...
E preferem morrer de saudades.
a tê-los por perto, uma vez, que já se foi.
Morrem de medo da ideia de desenterrando
Não se encontre os ossos.
Morrem de medo de se ter saído do túmulo
e voltado para casa;
Onde não se será mais bem vindo.
Se estiver vivo se morre de medo dos mortos;
Se estando morto, se mete medo nos vivos.
Ainda que não se faça nada, estando morto.
Que se pareça está todo o tempo ali deitado,
Parado...sem piscar.
Morto da Silva!
Se com a primeira cicatriz, não se aprendeu, que se tenha mais narvalha na carne, e sangrar seja a sorte.
DESEJO DE MENINO
O Menino queria ser passarinho;
E chora por não poder voar;
O menino é bobo...
Tem inveja dos passarinhos?
Só por que os passarinhos podem voar;
Bater as asas e ir a todo lugar?
O menino implica com o Bem-te-vi;
Diz que bichinho é convencido:
“Ele poder sair espiando por ai”.
E “da vida dos outros sabe tudo.”
O Menino quer conhecer o mundo.
Quer cuidar do planeta;
Não quer a terra seca, por isso, cuida d'água;
Sabe quanto o verde é bom, traz esperança;
No amarelo, ver seu tesouro.
O mesmo menino quer ser o namorado da lua;
Por isso quer ser astronauta.
Acha a lua bonita...
E de presente quer levar uma fita.
Quem sabe poderá morar em Marte?