RebecaMelo.

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Estava estupidamente alterado cantando de galo, catando seus grilos de meia idade, colhendo os seus gritos de profusão. Pensando... Aonde tinha deixado os seus bordões e as suas facetas. As suas barganhas e as suas gargalhadas cuspidas. Pensando no que se transformou. Estava parado com o seu relógio de pulso de meio século passado, exorcizado pelo tanto de merdas, ironizado pela sua falsidade verdadeira de se furar e golfar sangue em sua nova ferida de uma carne mal passada. Destruindo e matando qualquer coisa, qualquer coisa que pairasse em seu alterado canto de galo.

Inserida por RebecaMelo

- Eu quase minto sobre quem eu sou
Porque na verdade eu sou um mundo só.
Que tem medo do chão que pisa e suja.
Das mãos que tocam e ficam sempre vazias.
E do corpo que absolve apenas bagaços...
E continua com a raiz pesada e pisoteada
Para errar mais uma vez.
- Mentir, omitir sobre quem eu sou.
Um pulso nervoso estupidamente esculhambado.
Que se treme e se contorce com um toque
Que se quebra e se esvazia feito cana
E que dança e baila e nunca para de dançar
A maldita e escrota dança da solidão.

Inserida por RebecaMelo

Eu não parei de escre(ver), não parei de escre(ver) pra você, pra mim. Das vezes que eu mais me findo ao chão, eu fico perdida lá em baixo daquela nuvem passageira medíocre, parada por uns tempos, recompondo-me até passar. Meus pulmões mal sabem ‘respirar’ sem que eu use a minha bombinha de bolso para o ar entrar, sair e o sangue fluir escrotamente...

Inserida por RebecaMelo

Eu pirando
Entre dedos, medos e rum.
Eu alcoolizada
Entre a melancolia e a solidão.
Eu devolvida
Suficientemente estragada
Eu viva
Desviada e corroída
Eu ferida
Apunhalada destruída
Eu pirando...

Inserida por RebecaMelo

Agora que a bosta é séria,
Já posso-me por para fora,
E espatifar-me ao chão,
Assim delicada e recatada!
Eu, mestruação de jovem arrependida
Que vai ficando mais velha, feia e cansada.
Que cultiva um fantasma
No lugar do coração.
Como atraso de vida.
Meu freio poético anda cansado.
Ando mais perdida que a Alice
Agora são meus cães contra o mundo.
Deixe-me pelo menos ser seu atraso de vida
Pois agora são meus cães contra o mundo.

Ele tinha razão, em sentir-se ferido.
E ela tinha razão de sentir-se mal.
-Ele carregava na barba seus sonhos de menino
E tinha os olhos miúdos, como dois botões.
Era inseguro e solitário, como uma criança.
Como quem busca por colo a qualquer custo.
Ele só queria um amor.
Um amor em que se tornasse forte, importante e seguro.
Ele? Ele também já destruiu corações.
Mas agora, teve o seu destruído.
Ele sempre dizia:
- Eu pensava em você o tempo todo...
Mas agora, eu só penso nisso.
Ele tinha razão, de não a querer mais
E ela tinha razão de querer ir embora.

Inserida por RebecaMelo

Cansei das pessoas julgando o que devo ou não sentir
Quem eu sou de verdade, saco?
É fácil pra caralho apontar o dedo e críticar o outro
Mas assumir os próprios erros e falhas é difícil né?!
Cansei dessa hipocrisia do caralho!
Já fiz e faço merda, assumo!
Sou completamente falha!
Ainda não sei agir, sentir, pensar, amar
Mas eu tô tentando porra!
Minha carne é fraca, meus pensamentos ecoam
Me sinto em expansão, pronta para explodir
Sinto a minha vida por um fio
E eu não tô sabendo lidar com nada
Quanto mais eu sinto mais eu surto
Como se os meus sentimentos
Fossem grandes demais para o meu corpo.
Aprendi a usar armadura, a não me revelar
A ser a grossa, fria e seca
Mas que quando o bicho pega
Se desmancha toda e se mostra, se arregaça
Eu sou a porra de uma mulher
Vivendo um turbilhão de coisas
E a vida parece que ora faz sentido
Ora não faz porra de sentido nenhum.
Saco?

Inserida por RebecaMelo_