RebecaMelo.

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Sempre que você acender seu cigarro eu sempre vou te olhar meia vã, querendo te dizer que não é dele que você precisa. E sim da fumaça do meu corpo que tem que inalar em um silêncio lento e divino. Aperte-me como ao seu travesseiro à noite e não me deixe ir embora. Eu não quero nenhuma palavra, só à boca muda como porto e ponto de descanso. Não quero a sua felicidade inventada pelo novo, que seja pelo velho, mas que seja sua, sua felicidade. Não estou parada aqui há tanto tempo pedindo algo inalcançável, duro e incapaz. Estou aqui pelo algo que eu encontrei e que agora está turvo imerso em mar, em um mar agitado e estranho. Eu não quero te embaralhar mulher! Eu só quero ser a que te vai por pra dormir ao som de ‘Leãozinho’ depois das 11h00min depois de um cafuné e uma xicara de café concentrado, que vai contar histórias e te fazer sonhar no meu colo, que vai te roubar sorrisos e dizer tudo, tudo que você precisa com os olhos firmes. Que vai te jogar no chuveiro depois das 02h00 a. m. até fazer o melhor amor da vida fazendo barulho ao meu melhor amor. A que vai se recompor quantas vezes for preciso entre a distância e a falta das suas palavras. A que não foi a melhor a te oferecer o melhor amor. Os melhores beijos ou os melhores cigarros. Mas a que feito fumaça entra e sai dos seus pulmões surrados em um silêncio lento e divino.

Inserida por RebecaMelo

Não me velha com dramas
Me pegue e me leve pra cama
Ser livre é ser só.

Inserida por RebecaMelo

Escapei das piores barganhas
Cuspindo estupidamente nos preceitos
Fui metade dos gritos inconstantes
Anti-séptico evitando infecções
Um bordão tipico dos bordeis.
Fui trocada pelo truco
Sem troco mantive o coração
Merdas tem devoluções
Sem selos ou carimbos
Sou metade do que cabe em um bem vindo.
Aquática em cápsulas de alucinações
Exibo minha trilha de ossos
Bem parece um labirinto
Onde se perdem os durões
Com seus dorsos em doze bilhões
Ainda é cedo para um baseado
Estive delgada por amor
Em ponta de pés cansada
Andei 4 quadras e sair
As cores me sufocam
Os risos me assombram
As garrafas curam me a timidez
Sou uma bela rapariga de unhas
Sou um par de coxas febris
Arranho-me a mim como castigo
Por ser tanto sem rodeios
Pelo serra de olhos o alheio
Por guardar convicções só minhas
Fui covarde agora sou insolente
Bandida, metida e má.
Má escolha. Má por opção.

Inserida por RebecaMelo

Estou completamente 'open bar' estou com o gosto do estrago na boca, como é gostoso molha-lo e naufragá-lo. Eu me devia um naufrágio sem balça sem bote sem boia, devia estar alimentada com as piores carnes e os piores sangues escorrendo por entre os dedos. Mas não estou. Estou apenas despida curtindo meu caleidoscópio que sai dos olhos no tapete do quarto com meu preferido ''nothing left to lose''. Sinto-me péssima a noite, sempre depois das diversões, a noite parece triste promiscuo ao vazio, tudo pesa e ponderá. Tudo soa ao cartola,a poesia a boemia.As palavras de um podre bêbado é o pensamento de um podre sóbrio. Não sei se sou podre,bêbada ou sóbria.O pensamento.

Inserida por RebecaMelo

- Meus dentes não são perfeitos, completamente desalinhados, tende a amarelar com o tempo pelo o uso fatigante do cigarro. Meu cabelo liso caramelado e tingido pelo preto do luto são rebeldes e tende a intensifica a cor da minha pele, branca feito à neve do polo norte, me fazendo parecer com a flor copo de leite. Eu como toda Zantedeschia aethiopica tendo a ser venenosa, em contato profundo causo da queimação ao inchaço aos lábios, a boca e a língua. Sendo essa inocência tóxica causo asfixia em ambiguidade. Meus pulmões já estão fatigados e eu ainda não sou tão velha assim, ainda tenho pulmões, pois ainda há combustão, para mais uma embriaguez do marasmo ao ápice de um fumo qualquer sujo e cinzento engavetado. Minhas mãos já estão enrugadas, porém ainda é lisa e possui uma macies agradável ao toque. Meu rosto pálido e branco continua encantador apesar da dor e das espinhas. Tenho um rastro de sinais formidáveis e secretos, da lateral da orelha esquerda, ao colo, ombros, braços, barriga, quadril e ao dedão do pé esquerdo. Os sinais são como os pontos das estrelas que no final sempre pertence a alguma constelação, o meu de capricórnio sendo visível o dia inteiro. Sou um epílogo ardente deliberadamente morta, com gosto de licor, que deixa a voz enrouquecida, fazendo o corpo tombar no sangue do meu corpo pálido que clama, ama e continua belo.

Inserida por RebecaMelo

-Boneca de porcelana delicada.
Gosto de arranhar as unhas pelas paredes
Por onde passo e nunca volto.
Gosto de avisar que estou chegando
Que estou por perto ou indo embora.
Mesmo que me confundam com o gato da Rua 87°.
- E como eu gosto de bocas.
- E como eu gosto de mãos.
- E como eu gosto de olhos.
Ponto fraco, que me fascina.
Encanta-me o nu e as curvas
Acho puro e encantador.
Os dedos passados por eles
Parecem agulhas de vitrola
Tocando o último LP do Cartola.
Em tom suave e sussurrante.
-Boneca de porcelana delicada.
Como gosto de arranhar as unhas pelo seu corpo
Onde passo e nunca volto.
Gosto de avisar que estou chegando
Que estou por perto ou indo embora.
Mesmo que agora me confundam com a gata da Rua 78°.
É que gosto de bocas, de mãos e de olhos.
Esse ponto fraco me fascina.
Encanta-me o sujo
E o desencanto do nu e das curvas.
Onde os dedos passam
E as unhas parecem agulhas de vitrola.
Tocando afiadamente o último LP do Cartola.
Em tom suave e sussurrante.
-A boneca de porcelana delicada.
Quebra.
E foi embora.

Inserida por RebecaMelo

O carinha de cabelo bagunçado.
Quis me pagar um café. Eu não gosto de café.
Quis me pagar um chá. Eu não gosto de chá.
Exceto o chá maotai.
Na verdade eu gosto mesmo é de coisas geladas.
Gosto de cervejas. Sorvete de chocolate de máquina.
Jujuba e mentos. Cubos de gelo miúdos.
O carinha de cabelo bagunçado.
Esqueceu um bilhete no meu livro
Talvez tenha sido de propósito.
Um poema? Mas ele não gosta de poemas.
O carinha de cabelo bagunçado.
Carrega em seu pescoço uma corrente com uma chave
Que soa a algum tipo de amuleto. Não sei.
Sempre que ele me abraça
Sua corrente de chave dourada rosca em meu colo
É ameaçador como ele me toca.
O carinha de cabelo bagunçado.
Olha todos os meus textos e imagens
Todos os dias pontualmente entre a 00h00.
E me manda o e-mail todas as noites
Explicando todas as minhas fraquezas
E os meus sentimentos.
O carinha de cabelo bagunçado.
Nunca percebeu que eu não gosto de café ou de chá.
Todos os dias passou a esquecer bilhetes no meu livro
A enroscar sua corrente de chave dourada no meu colo
Desvendar-me naquilo que escrevo e naquilo que fotografo
Pontualmente entre a 00h00.
O carinha de cabelo bagunçado.
Nunca soube o segredo da sua corrente
Do esquecimento dos seus bilhetes
Ou da sua pontualidade em mim a 00h00.

Inserida por RebecaMelo

- A beira da janela suja encosto-me na teia de aranha,
ouvindo aos grilados da noite que logo me pedia
alma, colo e uma declaração de horror.
Enquanto pensava em tragar meu 1 cigarro da noite
Uma indeçisão! De me domar e me dominar compulsivamente.
Que a fumaça que eu solte seja a minha alma amargurada indo embora
Que essa seja a oração de um ateu que morre de amor
Que a maldição que eu carrego comigo faça alguém feliz
Porque a minha infeliz maldição não me deixa ser.

Inserida por RebecaMelo

- Teria feito o melhor amor e dado um melhor coração
Mas só tinha esse podre e inútil comedor de carnes
Batedor miséravel que nem amar sabe direito.
Se eu soubesse que o destino escreveria você
na minha linha torta da mão prestes a se acabar
teria cuidado muito bem dela, cuidado bem de mim.
Se soubesse que você chegaria depois dos meus cigarros
Guardaria meus pulmões semi surrados semi negros.
Teria feito o melhor amor e dado um melhor coração.

Inserida por RebecaMelo

- Sentei esfreguei os olhos
primeiro um depois o outro
antes de um longo suspiro
quis me assegurar se
eu era de carne de vidro ou de aço
vulnerável ou só incapaz
eu feita de couro branco
com sorrisos inflamados
me estiquei estralei os dedos
me encostei no primeiro lugar
tomei um copo de água
a garganta ardeu
outro lugar inflamado
estou presa no chão
e eu sempre estive no céu
estou no vigésimo andar
incomodada e acomodada
em uma carcaça errada e errante
parcialmente inflamada
outro lugar ferido
querendo ser livre
dedos e polegares presos
em uma caneta suada
em folhas de papel incardidas
quase amareladas
eu pintei o teto as paredes
com o resto do azul marinho
pintei a alma exibindo meu fôlego
estou caindo do vigésimo andar
o cigarro acabou
o café está quase pronto
e não vai dar tempo
eu sei que estou quase caindo
antes de escrever mais um verso
mesquinho e inquieto
sentei esfreguei os olhos
primeiro um depois o outro
antes de um longo suspiro
quis me assegurar
que alguém me leria
e como em um sopro
me joguei tentando ser livre
completamente inflamada.

Inserida por RebecaMelo

- Eu acordo limpa e durmo suja
Eu acordo suja e durmo limpa
Eu acordo e durmo
Eu sujo e limpo
Eu, suja e limpa.
Eu esqueço e recordo
Eu garganta seca.
Recordo-me dos rostos, dos restos, dos riscos.
Esqueço-me dos mundos, dos mudos, dos mitos.
Seca garganta seca, seca garganta seca
Boca com boca seca, boca com boca beca.
Eu me afasto e me aproximo
Afasto-me dos fatos e feitos antigos
Aproximo-me dos leigos dos loucos dos livros
Chora tristeza cheia
Cheia tristeza chora
Rebeca chora de risos
Risos mal vistos mal lidos. Risos.

Inserida por RebecaMelo

- E quantas mãos você tocou?
Depois de um doce vem sempre um copo d’agua
E o sal grita para ser devorado.
E quantas bocas você beijou?
Depois do arroto vem sempre uma desculpa
E um sorriso pior que o outro
E um novo gosto de amargura.
E quantas noites você dormiu?
Depois das vidas longas
Vem sempre as mortes curtas
E uma saudade imensa de tocar mãos.

Inserida por RebecaMelo

- A mulher muda que muda de olhar de sentir de gostar.
Quem muda a muda? Senão não mudar!
De tão branca disfarçou – se de vela
De tão magra disfarçou – se de pena
De tão linda disfarçou – se de sapo
De tão triste resolveu ser poeta.
Uma poetisa muda intimamente sem sal
E assim resolveu ser invisível…
Resolveu brincar, brincar de amar.
Resolveu ter garras, resolveu sorrir, resolveu, resolveu mudar.

Inserida por RebecaMelo

- A timidez é uma questão de íntimo.
De espaço de beleza.
De mulher de camarim.
A timidez é uma questão de sedução.
Entre o início e o fim.

Inserida por RebecaMelo

- Eu estive pensando e estou perdida em mim e em todos
Eu me arranquei diversas vezes de dentro de mim
Como um vírus maldito e escroto
Eu me contaminei sozinha
Eu sou o meu próprio veneno
E não tenho cura, estou marcada com o meu ponto de fulga
Um ponto quente e frio que arrepia e esquenta
Os músculos a pele e a maldita espinha
Que foi acariciada pelos loucos que me provaram
Eu sou o que ninguém ver o que ninguém pode tocar
Eu sou o podre e o bruto o fraco e o sujo
A linda e a doce que encanta e que se torna maldita
Ao tocar a sua pele ao me misturar aos outros.

Inserida por RebecaMelo

- Eu sou a Beca. O Beck. E o baque.
Entre… Fique á vontade
Serei o seu porto. O seu corpo. E o seu ápice.
Quando se for me leve no beck.
Quando chegar me leve pro baque.
E se ficar… Me chame de Beca. Já basta.

Inserida por RebecaMelo

- Sou uma poeta analfabeta
E do resto eu jogo aos porcos
E nesse jogo de porcos
Eu sou o resto do analfabeto
De um poeta.

Inserida por RebecaMelo

- O espinho que incomoda
A espinha que comoda
O espinho que grita
A espinha que geme
O espinho que inflama
A espinha que flama
O espinho que doe
A espinha que move
O espinho que chora
A espinha que ama.

Inserida por RebecaMelo

- Quando eu me mostro
É como se eu tivesse dançando
Uma dança rídicula
Para pessoas rídiculas.
- Quando eu me mostro
Eu me mato aos poucos
Pois bem…
Eu também sou uma mulher rídicula
Com vontades rídiculas
Que morre de medo de se mostrar
De mostrar o seu frágil
O seu ponto fraco
Expor o seu rídiculo
Ao ponto de ser rídicula.
- Quando eu me mostro
Na verdade eu não queria me mostrar
Queria permanecer fechada
Como uma concha solitária
Que esconde a sua preciosa esmeralda rídicula.
- Quando eu me mostro
Eu me mato
Ao ponto de ser um ser rídiculo.

Inserida por RebecaMelo

Da porta pra rua um rastro de bosta
Da garganta pra dentro um rastro de rua
A vida pessoal anda meio de máscaras
Meio de porre beirando a boca.
Do estômago pra fora pessoas vomitadas
Cheirando a melancolia.
Eu não sei qual é a sua
Nem você sabe qual é a minha
Mas o pior está por dentro desta porta.
Que dar para a rua.

Inserida por RebecaMelo

Língua sádica não há como se machucar ela foi feita para o amasso para chupar marcas da palpa em poupa, deixar rastros de equilibristas falhos, de mágicos bem formados em matar. Dissimula-se enquanto a espera e quanto mais espera melhor, pois a solidão ajuda a acalentar o oco do corpo. Calma, eu também espero a língua sádica, ainda espero a língua sádica, com todos os seus pulsos nervosos e suas meias veias escondidas inchadas me pedindo gelo e um pouco de sal, ainda espero a língua sádica com todos os seus amassos e machucados da morte.

Inserida por RebecaMelo

Você me afunda em seu prato fundo
E me deixa quente.
Mistura-me em seu copo de vodka
E me deixa fria
Lambe o gelo e me delicia
Cospe fora me provocando
Cola-me no corpo e nos corroemos
Feito ferrugem mal comida
Você se precipita e acerta
Atira-se e começa...
A me deixar quente
E cospe e engole e se delicia
E age naturalmente
E fingi que é decente
E eu finjo também ser
E mais uma vez você
Afundar-me no seu prato fundo.

Inserida por RebecaMelo

Mal sabe que o meu veneno eu carrego nos dedos.

Inserida por RebecaMelo

Deve ser bom, saber que tem alguém
te esperando do outro lado.
Que depois que se esbaldar
cair na noite e chutar o balde
vai ir de consolo a desconsolada no outro dia.
E depois vai sair por ai, pelos cantos.
Reclamando solidão, frieza e mau amor.
Mas olha só a sua carne é igual a minha:
Podre, fraca e canibal!
Por trás da carcaça
há sempre uma finda de ossos
que dar em um vazio agudo,
que só aguda o vazio.
Buracos tampados são temporários,
pois ainda dar eco...e-c-o
Quando ama, quando chora e quando faz amor.
Não sei se me odeia ou se me ama,
se me deseja ou me joga fora.
Se me põe pra dentro ou me põe pra fora
feito cadela de rua
que trepa,goza e vai embora.

Inserida por RebecaMelo

A sua bamba anda meio solta, meio sem pé no chão.
Meio de boca aberta pedindo consolação.
Anda conversando bosta por ai
Convencendo os merdas pra si.
Mas no final... Cara, a sua bamba está um lixo.
Seu remexo tá um porre, seu corpo só corticoide.
Não adianta remexer, quanto mais meche mais fede.
Poupe-me o balancer dos seus calcanhares
Pois moça, a sua bamba anda meio solta.
Cara, a sua bamba? Ah, anda um lixo!

Inserida por RebecaMelo