Rê Sampaio
Reflexos
gerados a partir
da luz
que é emanada.
É inevitável.
Mas é inconsciente?
Presumo que nem sempre...
Buscarpara que
se liberte então,
ecos que permeiem
todas as coisas,
verdadeiramente —
inspirando atalhos
para que se possa
ver a luz.
Procurar
por saber de si —
nunca contentar-se
com o que,
se pressupõe
conhecer.
Resolversempre
querer mais,
não permitir
que o visível cegue
os olhos d'alma.
Ser infinito,
ser profundo,
ser belo,
ser essência
no descomplicado —
e raro.
Dias cinzentos —
tão necessários…
Seria o instante perfeito
para inflexão?
Há momento de florir
e há momento de refugiar-se.
Compreender o valor
da ausência de cores —
preparar e preencher
o que antes sugeriu-se
como inexpressivo,
em sua total plenitude
e intensidade —
ao encontrar-se consigo
em seu próprio silêncio.
Há vida — muita vida —
através de vidraças respingadas,
de céu cerrado e nuvens cinzentas.
A propósito,
a vida renasce quando —
tudo ao redor se põe a ruminar.
Através da janela d'alma,
muito se pode
transparecer —
ao permitir-se assim,
torna-se moldura.
Que sejam molduras
a atravessar o tempo,
exprimindo força,
persistência,
e, em sua singularidade,
toda a beleza.
Abrigar-se é ato contínuo,
busca incansável
pelo que se crê reconforto.
Aventurar-se
deveria ser ato continuo —
não aquiescer constantemente no aconchego.
Ousar expandir raízes e galhos,
que outrora restringiram-se —
quiçá por imposição de si.
Colorir-se,
mesmo quando
tudo ao redor
insiste —
desbotar-se.
Escolher sempre
que o momento
de desbotar-se
para construir
novas cores,
fique invisível —
ao exterior.
Há força,
há transformação
e há coragem
para manter-se
vibrante
e ainda assim,
reconstruir-se
silenciosamente —
em plena sabedoria
e ato de renovo.
Molhar-se,
curvar-se,
sentir a vibração
de cada gota,
absorver o vier —
desde que venha
alimentar,
das raízes
à última pétala.
Para que
o desabrochar
venha viçoso,
erguido em vida
que transborda,
quando o céu
enfim se abrir
em azul
e o sol despontar —
mostrando-se.
Possibilitar,
apesar de tudo
à voltateimar —
em desalentar,
que os olhos
descortinem
o fascínio,
do toque suave
de cada gotícula,
que traz consigo
a promessa
de broto —
e vida abundante.
Encontrar a beleza
onde quer que
se encontre.
A beleza está
na simplicidade
de ser permitir
ser e exteriorizar
o quer se decidiu ser —
Sem preocupar-se
com olhos
que o mirarão.
Cada olhar encontra
o que lhe faz sentir,
e sentir-se belo
não depende
do olhar incógnito,
depende tão
somentede si.
Quantas memórias,
quantos segredos,
quantas coisas vividas
se pode manter,
por trás de uma fachada?
Que permaneçam
os melhores sentimentos,
que sejam cultivados
com toda sabedoria
que se construiu,
ao longo do percurso
para que nenhum
dos guardados
tenha sido em vão.
A vida resume-se
em um amontoado,
que em alguns momentos,
pode ser revirado.
De toda forma,
ao se abrir o portão,
que valha a pena
o que se vá encontrar.
Dois lados,
muitas informações.
Em ambos
se pode ver perfeição,
não há motivo
para desviar o olhar,
existem muitos motivos
para apreciar
cada lado
e seu momento.
Agonizaa obra material
à espera de um olhar
que a salvedesse momento
de caos?
Ou esse momento
de caos
inspira gritos agonizantes?
Restaa quem recebe
a mensagem,
a esperança
de que tenha sido
o clamor
que desatou nós
e conduziu à liberdade.
Um quadro —
resiste ao tempo
através de ruínas,
mostra-se resistente.
Traz beleza às sobras,
ou permite perceber
que sempre existiu beleza,
apenas não se permitiu sentir.
De onde se olha,
o que se escolhe ver?
Escolhas são
sem sombra de dúvida,
o que proporciona viver
plenamente,
ou lamentando o que se vive.
Sempre há luz —
seja ao amanhecer,
ou ao perpassar
o entardecer, o anoitecer…
…sempre haverá.
Atravessar as manhãs —
as tardes,
até alcançar o anoitecer
e pôr-se a admirar —
há de ser o melhor existe,
nesta vida
que se precisa atravessar.
Quando foi a última vez permitiu-se parar, respirar, olhar e ver o que acontece todo dia de maneira tão única e bela?
Fitar o horizonte
aquiescer o infinito
de forma que —
toda sua plenitude
e serenidade
permeiem o íntimo
evocando a luz,
a iluminar pensamentos,
guiar passos e
elevar o espírito ao
mais profundo momento
de contemplação.
Onde estaria
maior motivação
para manter-se
emanando —
beleza,
vivacidade,
imponência
diante olhares que —
facilmente
desdenhariam como
momento de solidão,
quiçá abandono?
Fincar raizes,
manter-se sóbrio
em convicções
de que o externo,
o que cerca,
pouco importa —
diante sua essência.
A natureza
e o artificial —
ocupando
cada um
o seu espaço e,
se observamos
a partir da nossa
melhor ótica,
conseguimos
até encontrar beleza
no que pode
ser o início,
ou meio —
ou o que se aproxima
para o total caos.
Cabe,
a cada um encontrar
a melhor forma
de sobrevivera tudo —
e harmonizar.
Alimentar a
construção —
do caminho,
da jornada,
do sonho.
Que, ao longo
do caminho,
cada encontro
proporcione
meios de alcançar
o que se deseja.
Que cada trecho
seja composto
de lembranças afáveis,
risadas entusiasmadas
e desejos tangíveis.
Que cada passo
deixe registros —
e seja influência
para quem
o caminho do bem
deseja construir.
Aquece,
ilumina,
colore,
alegra,
renova,
se guarda,
se reenergiza,
renasce!
Todos os dias,
o Sol pleno,
refaz seu ciclo
com o cuidado —
de trazer consigo
a beleza
de ser quem é:
Livre,
soberano,
desapegado,
constante,
sereno,
resiliente.
Não se abala —
pelo som dos trovões,
pelas luzes dos raios,
pelo cinza das nuvens,
pelo frio da chuva.
Ser Sol,
penso ser —
a forma mais autêntica,
de, simplesmente ser.
Feliz daquele
que entende
o momento —
e se põe a senti-lo.
A única certeza,
é a passagem,
torná-la incrivelmente
incrível, requer
profunda sensibilidade.
Compreender a grandeza
da sutilidade da vida,
não perder tempo
com banalidades
que ela mesma nos
proporciona —
cotidianamente.